Classe média no Brasil: qual a renda necessária para se encaixar?

classe média

O Brasil iniciou 2025 com um marco histórico importante: pela primeira vez desde 2015, mais da metade da sua população faz parte da classe média.

De acordo com um estudo realizado pela Tendências Consultoria, com base nos dados do ano anterior, a divisão social, que é crucial para entender o poder de compra dos indivíduos, mostrou um crescimento expressivo nas classes C, B e A, especialmente pela recuperação da economia brasileira.

Mas o que isso realmente significa para a sociedade? Quais são os impactos para o consumo, as desigualdades sociais e os desafios enfrentados pela população?

Este artigo explora esses aspectos e como a evolução da classe média no Brasil está ligada a aspectos como a educação, o crescimento econômico e os desafios da desigualdade social.

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O Crescimento da Classe Média no Brasil

Classe Média
Imagem: Pedarilhosbr/shutterstock.com

A Classe Média: Quem são e Qual é a Sua Renda?

A classe média no Brasil é composta por três grupos: Classe A, Classe B e Classe C. Cada um desses grupos tem características próprias, principalmente no que diz respeito à sua renda.

Com o crescimento econômico de 2024, mais da metade da população brasileira foi classificada dentro desse espectro social.

De acordo com a pesquisa da Tendências Consultoria, as classes sociais podem ser descritas da seguinte maneira:

  • Classe A: Renda superior a R$ 25,2 mil;
  • Classe B: Renda entre R$ 8,1 mil e R$ 25,2 mil;
  • Classe C: Renda entre R$ 3,4 mil e R$ 8,1 mil;
  • Classes D e E: Renda de até R$ 3,4 mil.

Com a elevação da renda do trabalho, especialmente na classe C, que teve um crescimento de 9,5% ao ano, mais brasileiros passaram a ter condições financeiras para consumir, investir em lazer e outros setores da economia, como turismo e varejo. Isso reflete um processo de inclusão social e econômica que gerou um aumento no poder de compra da população.

A Classe Média e o Consumo no Brasil

O crescimento da classe média no Brasil traz implicações diretas para o mercado de consumo. Com mais pessoas ganhando entre R$ 3,4 mil e R$ 25,2 mil, o Brasil passa a ter uma população maior com capacidade para consumir produtos e serviços que, antes, estavam restritos a uma faixa menor da sociedade.

A classe média tem poder aquisitivo para investir não apenas em bens essenciais, mas também em itens mais caros, como viagens internacionais, novos modelos de eletrodomésticos, automóveis e outros bens de consumo. Além disso, a classe C, que antes era vista como a mais vulnerável, se torna cada vez mais um público-alvo importante para o setor privado, com destaque para o crescimento das vendas no varejo e no setor de turismo.

O Impacto da Pandemia no Crescimento Econômico e da Classe Média

Miniatura de pessoas subindo uma rampa equilibrada por moedas
Imagem: Hyejin Kang / Shutterstock – Edição: Seu Crédito Digital

Recuperação Econômica e Ascensão da Classe Média

A pandemia de COVID-19 trouxe inúmeros desafios econômicos para o Brasil, com recessão e aumento do desemprego. No entanto, o ano de 2024 foi marcado pela recuperação econômica, que impulsionou o crescimento da classe média. O aumento da renda do trabalho foi um dos principais fatores que ajudaram nesse processo de ascensão.

A classe C, que é composta por pessoas com rendas mensais entre R$ 3,4 mil e R$ 8,1 mil, foi a que mais se beneficiou dessa recuperação, mostrando um aumento de 9,5% em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado por setores como o comércio, serviços e tecnologia, que rapidamente se adaptaram à pandemia e conseguiram manter a empregabilidade.

Desafios para a Classe Média no Brasil

Embora o crescimento da classe média no Brasil seja uma boa notícia, ele também revela grandes desigualdades sociais. A pesquisa do IBGE, por exemplo, mostra que, mesmo com o crescimento da classe média, 58,9 milhões de pessoas ainda vivem em situação de pobreza, e 9,5 milhões estão em extrema pobreza.

O Brasil segue sendo uma sociedade marcada pela desigualdade econômica, com grande concentração de renda no topo da pirâmide social.

A redução da pobreza e da desigualdade social depende, segundo especialistas, de investimentos estratégicos em áreas como a educação. A educação de qualidade é apontada como a chave para promover uma mudança real na distribuição de renda e garantir a ascensão social das camadas mais vulneráveis.

Pobreza e Desigualdade no Brasil: Um Panorama

Miniaturas de empresários sentados em pilhas de moedas com tamanhos diferentes, conceito de desigualdade financeira.
Imagem: Khongtham / shutterstock.com

A Pobreza Monetária e a Pesquisa do IBGE

A Pobreza Monetária no Brasil é medida pelo IBGE com base em critérios do Banco Mundial. De acordo com esses critérios, a extrema pobreza é definida por uma renda inferior a R$ 209 por mês por pessoa, enquanto a pobreza é estabelecida como uma renda inferior a R$ 665 por mês por pessoa.

Embora a classe média tenha apresentado crescimento, o Brasil ainda enfrenta sérios problemas de pobreza e desigualdade. A inclusão de 50,1% da população na classe média foi significativa, mas a diferença entre as classes continua a ser um obstáculo para o desenvolvimento pleno de todos os brasileiros.

A Desigualdade Social e Seus Desafios

A desigualdade social no Brasil segue sendo um problema grave. A concentração de renda e a falta de acesso a oportunidades em diversas regiões do país perpetuam o ciclo da pobreza. Um dos principais desafios é garantir a inclusão de pessoas das classes D e E, que representam quase 50% da população, dentro de um modelo de crescimento sustentável.

A pesquisa revela que a desigualdade entre as classes continua alta, com grande disparidade entre os que ganham mais de R$ 25 mil mensais e os que ganham menos de R$ 3,4 mil. Isso reflete a necessidade urgente de políticas públicas eficazes, que atendam às necessidades de educação, saúde e moradia.

O Papel da Educação no Combate à Desigualdade

Investindo em Educação para Reduzir a Desigualdade

O economista Helio Zylberstajn, professor da FEA-USP, destaca a importância da educação como um fator determinante para a mobilidade social.

Segundo Zylberstajn, é fundamental que o país invista em qualidade de ensino e acesso à educação para garantir que as pessoas tenham oportunidades reais de melhorar sua condição de vida. Com um sistema educacional mais eficiente, seria possível reduzir as taxas de pobreza e desigualdade e criar um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

A Educação como Fator de Transformação

A educação não é apenas um direito, mas também uma ferramenta poderosa para quebrar o ciclo de desigualdade social. Com mais brasileiros qualificados e capacitados, as perspectivas de aumento de renda e mobilidade social aumentam significativamente.

Além disso, um sistema educacional de qualidade pode contribuir para a inclusão digital e o fortalecimento da economia do conhecimento, que é uma tendência crescente no Brasil e no mundo.

Considerações finais

O Brasil entra em 2025 com um quadro misto: mais da metade da população pertence à classe média, o que é um sinal positivo de recuperação econômica. No entanto, a desigualdade social ainda é um desafio a ser enfrentado.

O investimento em educação, a redução da pobreza monetária e a expansão de oportunidades para as classes D e E são questões fundamentais para o país alcançar um desenvolvimento econômico mais justo e sustentável.

Investir em educação e implementar políticas públicas mais eficazes são passos essenciais para garantir que o crescimento da classe média no Brasil seja contínuo e beneficie a todos de forma equitativa. A classe média brasileira representa hoje um potencial de consumo e transformação econômica, mas o caminho para a inclusão social e a redução das desigualdades ainda exige muito trabalho.

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