Teste: Renault Kardian manual – nem tudo é automático

Renault Kardian passa a ser vendido na versão de entrada com câmbio manual de seis marchas, motor turbo e roda de aço. Leia o teste

Por Paulo Eduardo

O câmbio automático demorou a cair no gosto do consumidor brasileiro, mas agora tem preferência da maioria. O mesmo ocorreu com as portas traseiras no século passado. A preferência era por carros de duas portas, que dificultam o acesso ao banco traseiro.

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Porém, ainda há quem prefira trocar as marchas manualmente por razões diversas, incluindo consumo e desempenho. O Renault Kardian com câmbio automático de dupla embreagem chega mais rápido aos 100 km/h com etanol ou gasolina. O consumo também é um pouco menor.

O câmbio manual de seis do Renault Kardian tem engates macios e precisos. As relações de transmissão são mais curtas nas três primeiras marchas, privilegiando sair da inércia mais rapidamente.

A quinta e sexta marchas privilegiam o consumo. A sexta é utilizada somente no plano e em velocidade mais alta. O indicador de marcha no quadro de instrumentos sugere engatar a quinta conforme a situação. Computador de bordo registrou média de 7 km/l na cidade e de 13,5 km/l na estrada, ambos com gasolina.

O assistente de partida em rampa evita de o carro recuar ao arrancar em aclive. O sistema stop/start, que desliga o motor em parada para reduzir consumo, pode ser desativado por meio de comando no painel.

O motor de três cilindros 1.0 turbo é ruidoso, apesar do material antirruído sob a tampa e no painel de fogo, em marcha lenta e vibra. Os tricilíndricos têm essa característica e o som de funcionamento é menos agradável do que os de quatro cilindros.

O desempenho é bom tanto na aceleração quanto na retomada (ultrapassagem). Empolga menos do que com câmbio automático de dupla embreagem pelo fato de a troca não ser tão imediata, mas convence.

A direção tem assistência elétrica e está bem calibrada entre leveza em manobra e peso em velocidade mais alta. Diâmetro de giro pequeno (10,5 metros) facilita manobra em espaço reduzido. O ponto central carece de melhor definição.

A coluna de direção é regulável em altura e distância. Volante rugoso evita deslize acidental das mãos. Há comandos de voz, velocidade e computador nele. São poucos, mas requer tirar os olhos da via para acioná-los.

 A suspensão está bem calibrada entre conforto e estabilidade com movimentação aceitável da carroceria em curva, apesar da grande altura (20 cm) do solo. As barras antirrolagem nos dois eixos contribuem bastante.

Os pneus de perfil 60 têm 12,3 cm de flanco e contribuem para a pouca transferência das imperfeições do piso para o habitáculo. Encara caminhos ruins sem cerimônia pelos bons ângulos de entrada e saída.

Os freios são bons e param o carro em espaço de segurança. O freio de estacionamento é manual. Retrovisores têm bom dimensionamento e câmera de ré ajuda muito em manobra. A posição de dirigir é elevada e banco do motorista é regulável em altura.

O acabamento interno convence com encaixes e arremates bem feitos, exceto as pontas de parafuso aparentes na dobradiça central das portas. Destoa o encaixe do para-choque dianteiro em relação aos para-lamas. Até onde os olhos não alcançam, a Renault caprichou. 

No compartimento do motor e sob o forro do porta-malas, a pintura é a mesma da carroceria. Nada de prime para economizar como pode ser visto em veículos de categoria superior. O porta-luvas tem luz. É boa a iluminação interna.

Comandos internos têm boa iluminação noturna e a maioria deles está posicionada corretamente como manda a ergonomia. Somente a regulagem de facho dos faróis está em posição mais baixa à esquerda do volante. Faltam alças de apoio acima das janelas.

Os bancos são forrados em tecido. O contato com o corpo é bem mais agradável do que o couro ou material sintético similar. Espaço interno é muito bom para pernas no banco traseiro pela distância entre-eixos de 2,60 metros. Dois adultos viajam com conforto. Os dianteiros têm formado de concha e boa anatomia.

O encosto do banco traseiro é fracionado (60/40) e possibilita levar bagagem e passageiro, aumentando a praticidade. O porta-malas é coerente com as dimensões da carroceria. O senão é o assoalho baixo que deixa a lombar em posição inadequada ao colocar e retirar bagagem.

 Outras falhas em ergonomia são a tampa pesada do porta-malas, mas tem local de fechamento nos dois lados, facilitando para destro e canhoto; e também abaixar para acessar o banco traseiro.

Os faróis com luzes de LED iluminam muito bem, mas o facho baixo deveria ter alcance maior para evitar lampejar o alto. Os limpadores do para-brisa e vidro traseiro cumprem bem a função assim como os lavadores. 

A tela tátil do sistema multimídia tem tela de oito polegadas e compatibilidade com Android e Apple. Há duas portas USB na dianteira e uma tomada de 12 volts. O quadro de instrumentos é digital e tem indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor.

O Renault Kardian (manual e automático) obteve quatro estrelas de cinco possíveis no teste de impacto do Latin NCAP realizado em dezembro último, confirmando a rigidez estrutural da plataforma RGPM para veículos dos segmentos B e C, incluindo os híbridos.

O carro tem linhas de carroceria harmônicas, boa dirigibilidade e desempenho convincente do motor 1.0 turbo.

A versão Evolution é equipada com seis airbags, incluindo laterais dianteiros e de cortina, controles de tração e estabilidade, sensor de estacionamento traseiro, ar-condicionado digital, retrovisores elétricos, barras no teto, roda de aço,  entre outros.

O Renault Kardian Evolution manual tem preço sugerido de R$ 106.990. A pintura na cor preta não é cobrada; a branca custa R$ 1 mil e as metálicas, R$ 1.900. A garantia é de três anos ou 100 mil quilômetros, o que ocorrer primeiro.

 Ficha técnica Renault Kardian 1.0 turbo manual

• Motor
  De três cilindros em linha, transversal, turbo, injeção direta, 999 cm³ de cilindrada, 12 válvulas, 125 cv (etanol) e 120 cv (gasolina) de potências máximas a 5.000 rpm e torques máximos de 22,4 kgfm (e) a 2.250 rpm e 20,4 kgfm (g) a 2.000 rpm
• Transmissão
  Tração dianteira e câmbio manual de seis marchas 
• Direção
  Tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica; diâmetro de giro, 10,5 metros
• Freios
  Ddiscos ventilados na dianteira e tambores na traseira; ESP (controle de estabilidade) e HSA (assistente de partida em rampa)
• Suspensão
  Dianteira, independente, do tipo McPherson com barra estabilizadora; traseira, eixo de torção e barra estabilizadora; altura do solo, 20,9 centímetros
• Rodas/pneus
  6×16”de liga leve /205/60R16
• Peso
  1.163 kg
• Carga útil (passageiros + bagagem)
  443 kg
• Dimensões (metro)
  Comprimento, 4,119; largura, 1,747; altura, 1,596 (com barras no teto) e 1,544 (sem barras); distância entre-eixos, 2,604
• Desempenho
  Velocidade máxima, 180 km/h (e/g) limitada eletronicamente; aceleração até 100 km/h, 11 segundos (etanol) e 11,4 segundos (gasolina)
• Capacidades
  Tanque, 50 litros; porta-malas, 358 litros; ângulos de ataque/saída (graus), 20/36
• Consumo (km/l)
  Urbano, 8,4 (e) e 12,3 (g); estrada, 9,7 (e) e 14 (g)

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