Analistas de TI federais rejeitam números do governo e reclamam perdas com nova carreira

A Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação (ANATI) divulgou uma nota oficial para contestar as informações do Ministério da Gestão sobre a reestruturação da carreira. Segundo a entidade, as mudanças implementadas resultaram em perdas salariais e agravamento da baixa atratividade do cargo.

Em resposta à avaliação da entidade, de que o grande número de desistências no Concurso Nacional Unificado para o cargo de ATIs se deve à baixa atratividade da remuneração no Executivo, o Ministério disse que garantiu uma carreira própria para os analistas em 2023, fruto da negociação com a categoria e que o salário no topo teve reajuste de 61%, para R$ 21,6 mil, com efeito a partir do próximo ano.

De acordo com a ANATI, a nova estrutura remuneratória fixará o salário inicial em R$ 11.150,80, o que representa uma redução de 14% em relação à estrutura anterior, sem considerar as perdas inflacionárias do período. A associação destaca que, na estrutura antiga, o nível inicial do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE) atingiria R$ 12.154,37 em 2026.

A entidade também contesta a afirmação do MGI de que o topo da carreira teve um aumento de 61%. Segundo os cálculos da ANATI, quando comparada a nova estrutura com a anterior, incluindo a Gratificação Temporária do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (GSISP), o reajuste real para o topo da carreira é de apenas 27,51%.

Ainda segundo a ANATI, “na prática, nenhum servidor atingiu o topo da carreira até o momento . Dos 414 ATIs ativos , apenas três encontram-se no nível mais alto atualmente possível, na classe C, padrão 5, Mesmo no melhor cenário, o primeiro servidor a atingir o patamar máximo da nova estrutura só alcançará esse nível em 2029”.

Dados da ANATI sobre remuneração dos Analistas de TI

Para a representação dos ATIs, baixa atratividade da carreira é evidenciada pelos números do Concurso Nacional Unificado. Foram necessárias três convocações para tentar preencher 300 vagas, com 95 candidatos desistindo na primeira chamada e mais 23 na segunda. A ANATI estima que aproximadamente 30% dos candidatos que manifestaram interesse no curso de formação desistirão durante o processo.

O problema de retenção de talentos também é destacado pela associação. Em 2024, foram registradas 14 vacâncias, sendo 10 por posse em outro cargo e 4 exonerações a pedido. Para 2025, já há 5 analistas matriculados no Curso de Formação para outro cargo público, sinalizando novas saídas iminentes.

A associação critica ainda a imposição de barreiras estruturais, como a publicação da Portaria SGD/MGI nº 893/2024, que impede a prorrogação da Licença para Tratar de Interesse Particular por mais de três anos, direito garantido a outras carreiras do serviço público federal.

Para a ANATI, a reestruturação não representou uma valorização real da categoria, mas um retrocesso que compromete a capacidade do Estado de atrair e reter profissionais qualificados para a transformação digital do país. A entidade afirma que continuará mobilizada para buscar melhorias nas condições da carreira.

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