Falta de macas no Hospital João XXIII compromete atendimento e gera retenção de ambulâncias

Funcionários do Hospital João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, denunciam que a falta de macas tem comprometido o atendimento aos pacientes e causado retenção de ambulâncias. De acordo com Carlos Martins, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da rede Fhemig (Sindpros), o problema tem se arrastado desde o ano passado e ainda não foi solucionado, apesar de haver um processo de licitação em andamento para a compra de novos equipamentos.

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Ao BHAZ, Martins explica que as cercas de 29 macas disponíveis na unidade de saúde são insuficientes para a demanda do hospital. “As macas vão estragando, perdem o uso e não são repostas. Algumas das macas que utilizamos, inclusive, estão com deficiência, como rodas tortas ou travadas”, afirma.

Segundo o representante da categoria, as macas são utilizadas para transporte, realização de exames e até para a internação temporária de pacientes em observação, o que pode durar dias. Ou seja, são equipamentos de “uso contínuo” e a quantidade disponível não tem sido suficiente para suprir à alta rotatividade do hospital, que atende em média 180 a 200 pessoas durante um plantão de 12h.

Retenção de ambulâncias

Além da precariedade e carência dos equipamentos, Martins aponta outro problema: a falta de macas provoca a retenção de ambulâncias, sejam elas privadas ou públicas. “Quando todas as macas já estão sendo utilizadas, os pacientes que chegam de ambulância acabam sendo atendidos na própria maca do veículo. Com isso, aquela ambulância fica retida, o que impede que o transporte siga para outros chamados”, destaca.

Uma outra situação “mais agravante”, como descreve Martins, é o atendimento aos pacientes que chegam ao hospital por meio de transporte particular, seja carro próprio, táxi ou até mesmo trazidos pela polícia. Esses pacientes não vêm em macas e, quando estão em estado grave ou sem condições de se movimentar sozinhos, dependem do hospital para retirá-los do veículo com segurança.

Sem macas disponíveis, porém, os profissionais de saúde estão enfrentando dificuldades para realizar essa transferência, o que pode levar a situações constrangedoras e até colocar em risco a vida do paciente. “Já tivemos casos em que a única alternativa foi improvisar com cadeiras de rodas ou até cadeiras de banho, que não são adequadas para esse tipo de atendimento”, denuncia Martins.

Sem previsão e sem plano de contingência

De acordo com Martins, a situação da falta de macas foi apresentada à direção do hospital durante uma reunião no fim de 2024. Na ocasião, os trabalhadores alertaram sobre o problema e cobraram uma solução. Ele conta que a resposta da administração foi de que um processo de licitação para a compra dos equipamentos já estava em andamento. No entanto, não havia uma previsão concreta para a chegada das novas macas.

Diante da incerteza, os profissionais reivindicaram que a Fhemig e a direção do hospital criassem um plano de contingência para lidar com a escassez até a reposição dos equipamentos. “O atendimento não pode parar enquanto esperamos a chegada das macas. Sugerimos buscar equipamentos emprestados em outras unidades da rede Fhemig ou remanejar macas que não estivessem sendo utilizadas em setores de internação”, relata Martins.

Mesmo com os alertas feitos há meses, ele reforça que nenhuma medida emergencial foi adotada. “O problema persiste e estamos enfrentando as mesmas dificuldades. “O paciente chega em um carro, passando mal, e simplesmente não há como removê-lo com segurança porque não temos macas disponíveis. O hospital sabia da necessidade de um plano de contingência, mas ele nunca foi colocado em prática”, conclui ele.

A reportagem entrou em contato com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que administra o Hospital João XXIII, e com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), mas ainda não recebeu resposta.

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