The cult: AINDA ESTAMOS AQUI

Com show poderoso, turnê comemorativa dos 40 anos do grupo chega agora a Curitiba

Por Carlos Eduardo Oliveira

Em entrevistas recentes, o vocalista Ian Astbury, fundador do The Cult, soltou frases com “não somos uma banda de olhar no retrovisor”, no sentido de que o grupo inglês não dorme apenas sobre seu passado. E é exatamente o que se vê nesses primeiros shows da turnê 8525, comemorativa dos 40 anos do grupo inglês, que passou por um Vibra São Paulo lotado. E agora aterrissa em Curitiba.

A abertura dos trabalhos coube ao criativo metal progressivo do Baroness, que deixou ótima impressão e saiu aplaudido. Através de texturas e camadas de guitarras (especialmente da ótima guitarrista Gina Gleason), o quarteto americano atinge atmosferas climáticas e envolventes em boa parte das canções. Em uma hora de show, esbanjaram competência.

Sob a grandiloquência da “Caminhada das Valquírias”, de Wagner, com 15 minutos de atraso e público já ansioso, o Cult entra em cena com um PA claramente mais potente que o Baroness. Nada de telão, painel de fundo de palco ou iluminação e produção rebuscadas: é tudo por conta apenas da música. E se no passado já houve uma segunda guitarra e teclado de apoio, há tempos o Cult centra-se no tripé baixo/bateria guitarra, com o vozeirão potente de Astbury, cem por cento intacto aos 62 anos, pairando, soberano, acima da massa sonora.  

À exceção do mega dançante hit “Wild Flower”, o primeiro terço da apresentação centra-se claramente em um sentido, digamos, “autoral”, do grupo, destacando canções menos conhecidas de álbuns recentes como “Mirror”, extraída de Under the Midnight Sun (2022), mais recente registro do quarteto. E olha que o Cult tem “bala” pra um show só de clássicos.

Antigo colaborador, o baterista John Tempesta forma com o baixista Charlie Jones a competente cozinha que pavimenta o caminho para as seis cordas de Billy Duffy brilharem ao logo de todo o show. Está aí mais um predicado do The Cult: ao vivo, uma banda de guitarras maiúsculas, grandiosas, marcantes, obra e graça da poderosa performance de Duffy, talvez o maior criador de grandes riffs de todo o rock dos anos 80. Curiosamente, o músico tem usado apenas Gibsons Les Paul, ao contrário do arsenal de  modelos Gibson Woody, sua marca registrada.

A partir da versão semi-acústica de “Edie” (e do oceano de celulares que ser ergueu pra filmar o momento), foram só hits. Está tudo lá: “Rain”, “Spiritwalker”, “Fire Woman”, “Revolution” e contando. O bis trouxe uma pungente versão de “Brother Wolf, Sister Moon” (talvez a grande balada de todo o rock alternativo oitentista) e ainda “She Sells Sanctuary” e “Love Removal Machine”.

Aos gritos do público de “Ian, Ian”, o cantor visivelmente se emocionou, sentou sozinho no palco e fez, por minutos, uma espécie de ritual de meditação ou mentalização, antes de agradecer novamente e sair de cena. Ele pode.  

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