Moradores de Blumenau se preparam para realizar o sonho de ver show de Lady Gaga no Rio de Janeiro

Ela vem sim! Após 12 anos, Lady Gaga está prestes a voltar para o Brasil com uma apresentação gigantesca em plena Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento, cujos burburinhos circulavam na internet desde o ano passado, foi oficialmente confirmado pela Prefeitura do Rio de Janeiro na sexta-feira, 21.

A reportagem do jornal O Município Blumenau conversou com alguns ‘little monsters’ [apelido dado aos fãs da cantora ]que moram em Blumenau e que estão se preparando para realizar o sonho de ver o show da artista.

A primeira vez que Lady Gaga se apresentou no Brasil foi em 2012. Já em 2017, ela foi confirmada como uma das artistas principais do Rock in Rio, mas cancelou o show devido questões de saúde.

Primeiro contato com Lady Gaga

Fã da cantora desde os 8 anos, Kauê Sueira vai assistir a artista ao vivo pela primeira vez. Morador do bairro Escola Agrícola, ele conta que descobriu a cantora ao assistir o clipe de Just Dance no canal da MTV.

“Fiquei hipnotizado com a estranheza e a confiança daquela mulher. Por eu ser uma criança, tive que guardar essa admiração por algum tempo. Sou muito grato por ter conhecido ela quando eu era bem novinho, e hoje ela faz parte de mais da metade da minha vida. A Gaga é uma mãe, uma amiga.

Ela representa tudo que eu admiro e gostaria de ser. Foi ela, através da música, que disse que estava tudo bem eu ser diferente, que eu deveria abraçar essa parte de mim e que me tornou o adulto independente e seguro que eu sou hoje”, revela.

Ele comenta que as expectativas para realizar esse sonho são grandes. “Ela esteve ‘presente’ em diversos momentos importantes da minha vida. Nos momentos felizes ou nos momentos difíceis, eu sempre enxerguei na arte dela, um escape da minha realidade, e poder prestigiar isso presencialmente ao lado de outras pessoas como eu, vai ser incrível”, cita.

Kauê Sueira | Foto: Arquivo pessoal

Orgulho de si

Essa também será a primeira oportunidade de Leonardo Martins poder assistir a artista ao vivo. Ele se tornou fã de Gaga em 2010, após ouvir um dos grandes sucessos da artista: Bad Romance. Ele revela que a cantora foi essencial para ele entender que cada pessoa tem sua individualidade, além de ter orgulho da sua própria trajetória.

“Eu já entendia minha sexualidade como ‘menino gay’ naquela época, morando em um bairro pequeno, de uma cidade super conservadora, de uma família católica e conservadora. Era difícil me expressar, ser quem eu sou, ter orgulho de mim e isso afetava muito minha vida social com as pessoas, na escola, fazer amizade… era uma época difícil. Chega 2011 e Lady Gaga surge iconicamente com a música Born This Way. Quando eu voltava da escola eu só queria ouvir e dançar sozinho no meu quarto, gritando ‘I was born this way’ era libertador”, lembra o morador do bairro Água Verde. A música fala sobre sobre auto aceitação e é dedicada à comunidade LGBTQIAPN+.

Leonardo sempre soube que a artista voltaria ao Brasil e acreditou nas especulações do show na primeira vez que soube.

Leonardo Martins | Foto: Arquivo pessoal

Aceitação pessoal

Juan Marco também realizará o sonho de ver Lady Gaga ao vivo pela primeira vez. O morador do bairro Ribeirão Fresco comenta que em 2017, ano do show cancelado, ele havia iniciado em um emprego e não teria condições de custear a viagem. Com a confirmação do retorno da cantora após tantos anos, ele confessa que está bem animado. “Acho que essa sensação é igual para todos que estão se preparando pro show desde que os boatos começaram. Agora que está confirmado, não há dúvidas que esse momento vai ser um dos mais marcantes da minha vida”, diz.

Para ele, a música Born This Way também carrega um grande significado. “Foi um baque pra mim sabe, porque sempre me achei um menino diferente dos outros quando eu era mais novinho. Me senti reprimido por ser eu mesmo, e apesar de ter minha mãe e outros familiares que sempre me acolhiam, eu ainda sofria com o preconceito fora da minha casa, pelos colegas de classe, pessoas na rua. Ter uma cantora que fala o que você está literalmente sentindo, podendo usar a força da música dela pra me fazer aceitar quem eu sou, pelas atitudes que ela demonstrava, o apoio à própria comunidade LGBTQIAPN+, me marcou muito”, comenta.

Juan Marco | Foto: Arquivo pessoal

Em busca pela hospedagem

Para realizar o sonho e evitar o transtorno de ficar sem hospedagem, uma estratégia adotada por muitas pessoas foi reservar as acomodações e comprar as passagens com antecedência.

“Eu sou muito desconfiado, mas fiquei esperto desde que os rumores surgiram. Quando o prefeito do Rio começou a falar publicamente sobre, foi onde eu percebi que isso era algo mais sério. Então me organizei, fiz reserva no Airbnb e comprei as passagens no final de janeiro, antes do anúncio oficial”, conta Kauê. Por conta disso, ele conseguiu uma boa acomodação perto da praia de Copacabana. No entanto, ele destaca que o preço das passagens áreas já estava elevado, muito por conta das especulações do show.

Leonardo diz que já tem as passagens, mas ainda está em busca de acomodações. “Vamos em uma excursão com amigos, está sendo organizado grupos e nunca vi os little monsters tão unidos assim. Muitas amizades já nasceram nesses dias de especulação do show”, diz.

Juan também aproveitou a confirmação oficial do show para garantir a estadia na casa de uma amiga e só falta comprar a passagem de ida.

Por se tratar do Rio de Janeiro, os três comentam que é necessário seguir algumas medidas de segurança, mas que isso não vai impedir de realizar esse sonho. “Eu vou preparado da melhor maneira para evitar quaisquer problemas de segurança, mas também pesquisei bastante sobre como foi o show da Madonna, e quem foi, disse que foi super seguro, com policiais, diversos postos de polícia, câmeras de segurança e afins, e isso me deixa mais tranquilo”, pontua Kauê.

Transmissão ao vivo

Quem não conseguir viajar até o estado fluminense, poderá acompanhar a transmissão ao vivo no Backstage Good Park, localizado na rua São Paulo, 2083, no bairro Itoupava Seca. A organização ainda trabalha nos detalhes, mas adianta que haverá espaço para 100 pessoas sentadas e a entrada será por ordem de chegada.

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