Atalaia do Norte enfrenta dificuldades no abastecimento de produtos devido à seca


Com a seca severa, deste ano, os moradores enfrentam a alta nos preços dos produtos. Seca no Amazonas faz cidades do interior precisarem de abastecimento
Atalaia do Norte, no Sudoeste do Amazonas, é um dos municípios mais isolados do estado e depende de outros municípios para o abastecimento de mercadorias e alimentos. Com a seca severa, deste ano, os moradores enfrentam a alta nos preços dos produtos.
A estiagem já tem afetado mais de 460 mil pessoas no Amazonas, segundo a Defesa Civil, e todos os 62 municípios estão em situação de emergência. O cenário ambiental crítico vivido no estado é resultado da combinação de seca dos rios e queimadas.
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Quem vive em Atalaia do Norte já percebe que os preços sobem a cada compra, como explica o carteiro Silvio Jean.
“Com essa estiagem, os preços aumentaram muito. Aqui, por exemplo, um garrafão de água mineral que antes custava R$ 18, agora tá no valor de R$ 27”, contou.
O aumento de preços está diretamente relacionado ao frete. A única ligação terrestre de Atalaia é com Benjamin Constant, mas o município também depende dos rios para transporte.
Devido ao baixo nível da água, que nesta segunda-feira (16), registrou 5,90 metros, o tempo de navegação também é afetado, como explica o piloto de lancha Perciclei Moreira Rodrigues.
“O nosso trajeto eu fazia em 20 minutos e agora leva 40, até 50 minutos. A gente tem que que ir parando, porque é arriscado bater numa praia de areia e o barco virar”, disse.
Além dos atrasos, os preços das viagens também subiram. O enfermeiro Silas Pereira descreveu o impacto.
“O preço dobrou. No início, pagávamos R$ 25 pelo trajeto, que depois passou a ser R$ 30. Agora, estamos pagando R$ 70. Quem vai e volta gasta R$ 140”, destacou o enfermeiro.
Atalaia do Norte enfrenta dificuldades no abastecimento de produtos devido à seca
Rede Amazônica
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Prejuízos no escoamento de produtos agrícolas
A seca está dificultando ainda o escoamento da produção agrícola de Atalaia, como é o caso do agricultor Francisco Paulo da Silva, que fez a colheita de melancias, mas não está consegue levar o produto.
“[Tem] muito toco e areia no rio, e como a canoa é grande, ela atola. Hoje, por exemplo, eu vou tirar cerca de 500 melancias, mas é muito peso, [a canoa] vai lá embaixo”.
O calor intenso também leva a outros prejuízos, já que os frutos partem antes mesmo de serem colhidos. Uma área que no período da cheia fica alagada, agora, encontra-se um chão rachado.
Outro resultado negativo da estiagem na região tem sido o perigo de navegar pelo rio Itacoaí, um dos mais importantes do Alto Solimões, que conecta Atalaia do Norte a quatro comunidades rurais e mais de 20 aldeias da Terra Indígena Vale do Javari. A medida que o nível da água desce, pedras e troncos emergem e quem navega no rio precisa de muita habilidade e ajuda de moradores que por muitas vezes entram no rio para ajudar na passagem das embarcações.
“A dificuldade é muito grande. Há muitos troncos no rio e ele está muito seco. A gente viaja com crianças e idosos, e passamos por muitas dificuldades”, completou a indígena Gabriela Kanamari.
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