Preços do café sobem e suco de laranja despenca no mercado global; entenda os motivos

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O mercado de commodities esteve agitado no mês de fevereiro, com o café e o suco de laranja apresentando tendências bem distintas nas bolsas internacionais. Enquanto o café voltou a atingir recordes históricos em Nova York, o suco de laranja viu sua cotação sofrer uma queda acentuada. O Brasil, como maior produtor mundial de ambas as commodities, desempenha um papel crucial nas movimentações do mercado.

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A alta do café no mercado internacional

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Imagem: Fabio Balbi / shutterstock.com

O café foi uma das grandes estrelas das bolsas internacionais em fevereiro, com seus preços alcançando números impressionantes. O preço futuro do café subiu quase 19% em relação ao mês anterior, fechando o mês com o valor médio de US$ 3,9438 por libra-peso, um aumento significativo de 18,78% sobre janeiro, conforme dados do Valor Data. A alta se refletiu também em um impressionante aumento de 112,18% nos últimos 12 meses.

Impactos climáticos e déficit de oferta

A principal razão para o aumento do preço do café está ligada à oferta, que sofreu uma pressão devido a fatores climáticos adversos no Brasil. O país, responsável por boa parte da produção mundial de café, viu sua safra afetada por ondas de calor que impactaram a produtividade. Além disso, a escassez de café disponível para exportação, com os embarques sendo menores devido à baixa produção, também ajudou a impulsionar os preços.

Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria, destacou que, além da oferta reduzida, o Brasil está com um volume muito pequeno de café disponível para embarque, o que deve persistir até a chegada da nova safra, prevista para junho. Como resultado, novos recordes de preços podem ser alcançados, principalmente devido à alta demanda global, que não mostra sinais de arrefecer.

Preços no Brasil

No mercado interno, o preço do café também subiu, pressionando a inflação dos alimentos no Brasil. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) projetou que o preço do café possa aumentar até 30% nos próximos dois meses. Essa alta nos preços é preocupante para o consumidor brasileiro, já que o café é um dos itens mais consumidos no país.

O declínio do suco de laranja

Por outro lado, o suco de laranja concentrado congelado sofreu uma queda significativa no mercado internacional. Em fevereiro, o preço do suco recuou 24,25%, fechando o mês com o valor médio de US$ 3,6091 por libra-peso. Esse declínio foi impulsionado por previsões mais otimistas para a safra de laranja no Brasil, que apresentava uma oferta mais abundante após períodos de seca.

Perspectivas de safra no Brasil

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de laranja, experimenta uma safra promissora para 2025/26. O analista Andres Padilla, do Rabobank, explicou que os pomares brasileiros estão bem carregados neste momento, após boas chuvas registradas em outubro. O produtor brasileiro tem investido mais na melhoria da qualidade da fruta, com o uso intensivo de defensivos e adubação, o que deve resultar em uma safra superior à esperada.

O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) também revisou suas projeções e indicou que a safra do cinturão citrícola de São Paulo e das regiões de Triângulo e Sudoeste Mineiro deve atingir 228,52 milhões de caixas de laranja na temporada 2024/25. As expectativas para 2025/26 são ainda melhores, o que ajudou a reduzir os preços no mercado futuro.

Impacto no preço do suco

Essa previsão de uma safra robusta no Brasil, somada a uma oferta crescente, levou a uma diminuição nos preços do suco de laranja no mercado internacional. As empresas produtoras de suco se beneficiam da expectativa de maior produção e colheita, o que pode resultar em menores custos de produção e, consequentemente, preços mais baixos para os consumidores globais.

A influência de outras commodities no mercado global

Enquanto o café e o suco de laranja destacaram-se pelo comportamento divergente, outras commodities também mostraram movimentações expressivas no mercado. O açúcar, outra commodity importante no Brasil, teve uma alta de 6,27% em fevereiro, fechando a US$ 18,81 a libra-peso. A redução das estimativas de produção de açúcar na Índia e a menor oferta de açúcar no Brasil ajudaram a sustentar os preços.

O cacau, por outro lado, registrou uma queda de 7,72%, após a recuperação das chuvas nas regiões produtoras do Oeste africano, impactando as cotações. Já o milho e o trigo sofreram altas, com o trigo alcançando um aumento de 5,92% devido a condições climáticas adversas nas áreas produtoras dos Estados Unidos e da Ucrânia.

O impacto no Brasil

Impacto Social
Imagem: Freepik

As variações nos preços dessas commodities também afetam a economia brasileira. O país não é autossuficiente na produção de alguns desses produtos, como o trigo e o milho, e depende de importações para suprir a demanda interna. O aumento nos preços de trigo e milho pode afetar a inflação no Brasil, já que esses produtos são fundamentais para a indústria alimentícia, especialmente na produção de pães e ração animal.

O impacto do trigo e milho no mercado brasileiro

A alta do trigo, motivada pelas condições climáticas adversas nos Estados Unidos, elevou o preço médio para US$ 5,9104 por bushel. Com o Brasil dependendo de importações, o impacto será sentido especialmente na indústria alimentícia, que já sofre com a alta nos custos de produção.

O milho, que também teve um aumento significativo de 3,24%, foi impactado por questões relacionadas à oferta nos Estados Unidos, que é o principal fornecedor mundial. A demanda por milho nos Estados Unidos é alta, pois o cereal é usado na produção de etanol e ração animal.

Os preços das commodities que o Brasil exporta têm sido bastante voláteis, com o café batendo recordes históricos enquanto o suco de laranja sofre uma queda acentuada. O clima tem sido um fator determinante para o comportamento desses mercados, com a oferta de café sendo reduzida devido a condições climáticas adversas, enquanto as perspectivas para a safra de laranja são mais positivas. Essas flutuações impactam diretamente o mercado global e a economia brasileira, refletindo-se nos preços internos e nas estratégias de exportação.

À medida que as safras se desenvolvem e as condições climáticas seguem mudando, é possível que o mercado de commodities continue apresentando oscilações, trazendo tanto desafios quanto oportunidades para produtores e consumidores. O Brasil, como maior fornecedor mundial de várias dessas commodities, tem um papel crucial no direcionamento dessas flutuações e no impacto global de seus preços.

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