Como funciona a rescisão de contrato em caso de falência?

Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, TRCT

A falência de uma empresa é um dos eventos mais desafiadores para todos os envolvidos, especialmente para os funcionários. A rescisão de contrato em casos de falência é um processo delicado, com implicações legais e financeiras para o trabalhador. A legislação brasileira oferece diretrizes claras sobre os direitos dos empregados e os passos a serem seguidos durante a falência.

Com a crise econômica que impacta muitas empresas, entender as etapas legais da rescisão de contrato e como garantir os direitos dos trabalhadores é crucial. Neste guia, explicaremos tudo o que você precisa saber sobre como proceder em caso de falência empresarial, desde a explicação do conceito de falência até os direitos do trabalhador.

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O Que é a Falência Empresarial?

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A falência empresarial ocorre quando uma empresa não consegue pagar suas dívidas, resultando no fechamento de suas atividades. A falência é um processo judicial que busca liquidar os bens da empresa para quitar as dívidas com credores, fornecedores e outros envolvidos.

A Lei nº 11.101/2005, conhecida como a “Lei de Falências”, regula esse processo, incluindo as obrigações dos empregadores e direitos dos empregados.

O pedido de falência pode ser solicitado por um credor ou pelo próprio empresário, quando este percebe que a empresa não tem mais condições de honrar suas dívidas. Após a decretação de falência, o administrador judicial assume o controle da empresa e começa a processar a venda dos bens para quitar as dívidas.

Como a Falência Afeta os Funcionários?

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A falência de uma empresa afeta diretamente os funcionários, que podem ter seus contratos rescindidos. Em muitos casos, isso significa o fim da relação de trabalho e o pagamento das verbas rescisórias previstas pela CLT.

Porém, apesar de ser uma situação difícil, a legislação brasileira assegura que os trabalhadores não sejam prejudicados.

De acordo com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a rescisão de contrato devido à falência deve ser tratada como uma rescisão sem justa causa, o que garante ao trabalhador os mesmos direitos que ele teria em qualquer outro tipo de desligamento.

Direitos dos Funcionários em Caso de Falência

Os empregados de empresas em falência têm direito a uma série de benefícios e compensações financeiras:

  1. Saldo de Salário: O trabalhador tem direito ao salário proporcional ao tempo trabalhado no mês da rescisão.
  2. Aviso-Prévio: O aviso-prévio é obrigatório em caso de rescisão sem justa causa, e sua forma pode ser indenizada (paga diretamente) em caso de falência.
  3. Férias Vencidas e Proporcionais: Os trabalhadores têm direito ao pagamento das férias acumuladas e proporcionais, acrescidas de 1/3.
  4. 13º Salário Proporcional: O pagamento do 13º salário proporcional ao tempo trabalhado no ano também é garantido.
  5. Multa de 40% sobre o FGTS: Em caso de demissão sem justa causa, o empregado tem direito à multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
  6. Seguro-Desemprego: Se o trabalhador preencher os requisitos legais, ele pode solicitar o seguro-desemprego, mesmo em casos de falência.

O Impacto da Falência na Comunicação com os Funcionários

Uma das maiores dificuldades durante o processo de falência é a falta de comunicação com os funcionários. A transparência e o esclarecimento dos direitos trabalhistas são fundamentais para minimizar os impactos sociais dessa situação.

As empresas devem garantir que todos os direitos sejam devidamente pagos e que os trabalhadores sejam informados sobre o processo de rescisão.

A CLT e a Rescisão de Contrato Durante a Falência

O artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) assegura que, em caso de falência da empresa, o trabalhador tem direito à indenização, paga com base na maior remuneração recebida no período trabalhado.

A legislação trabalhista garante que os trabalhadores não sejam penalizados pela falência da empresa e que recebam todos os direitos correspondentes à rescisão de contrato.

O administrador judicial tem a obrigação de organizar o pagamento das verbas rescisórias de forma adequada e de garantir que os trabalhadores recebam o que lhes é devido. Caso os recursos da empresa falida sejam insuficientes, o pagamento pode ser feito de forma proporcional, respeitando a ordem de prioridade prevista na Lei de Falências.

Processo de Rescisão de Contrato em Caso de Falência

O processo de rescisão de contrato durante a falência empresarial envolve várias etapas:

1. Identificação dos Empregados e Seus Direitos

A primeira etapa é a identificação dos trabalhadores com contratos ativos no momento da falência. O administrador judicial deve levantar todos os direitos devidos a cada empregado, incluindo salários, férias, 13º salário e FGTS.

2. Cálculo das Verbas Rescisórias

Após a identificação dos empregados, o administrador judicial realiza o cálculo das verbas rescisórias, levando em consideração os direitos previstos na CLT, como saldo de salário, férias proporcionais, 13º salário e a multa de 40% do FGTS.

3. Emissão dos Documentos de Rescisão

A empresa deve emitir os documentos necessários, como o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) e as guias de recolhimento do FGTS, além das guias para habilitação ao seguro-desemprego.

4. Habilitação dos Créditos Trabalhistas no Processo Falimentar

Os créditos trabalhistas devem ser incluídos na lista de credores da massa falida. De acordo com a Lei de Falências, os créditos trabalhistas têm prioridade no pagamento, com um limite de 150 salários mínimos por credor.

5. Liquidação dos Bens e Pagamento das Verbas

Os bens da empresa são liquidados para arrecadar recursos destinados ao pagamento dos credores. A prioridade é dada aos créditos trabalhistas, mas, se o patrimônio não for suficiente, o pagamento pode ser feito de forma proporcional.

Como Funciona a Prioridade de Pagamento na Falência?

Cofre em formato de porco de cabeça para baixo com os olhos no formato de "X" e uma expressão triste. Banco Central
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A Lei 11.101/2005 estabelece uma ordem de prioridade no pagamento das dívidas de uma empresa falida. Os créditos trabalhistas têm a maior prioridade, ou seja, eles devem ser quitados antes de qualquer outro tipo de crédito.

O limite de 150 salários mínimos por trabalhador é estabelecido para garantir que os direitos dos empregados sejam pagos antes de outras dívidas.

Após os créditos trabalhistas, vêm os créditos com garantia real, como aqueles vinculados a bens específicos da empresa, seguidos pelos créditos tributários. A dívida com fornecedores e bancos ocupa as últimas posições na hierarquia de pagamento.

Recuperação Judicial vs. Falência: O Que Você Precisa Saber

Enquanto a falência representa o fim das atividades da empresa, a recuperação judicial visa evitar que a empresa chegue à falência. No processo de recuperação judicial, a empresa tenta negociar suas dívidas com os credores para continuar operando.

Se a recuperação for bem-sucedida, a empresa pode evitar a falência e salvar empregos, mas, se não for possível, a falência será decretada, e o processo de liquidação começará.

Considerações finais

A rescisão de contrato em casos de falência exige uma atenção especial à legislação trabalhista. Os direitos dos trabalhadores devem ser respeitados, e as etapas legais de rescisão precisam ser seguidas à risca para garantir o pagamento das verbas rescisórias e a transparência no processo.

A falência é um processo complexo e desafiador, tanto para os empregadores quanto para os empregados. É fundamental que os trabalhadores saibam seus direitos e busquem orientação jurídica sempre que necessário para garantir que seus direitos sejam preservados.

Com o apoio de profissionais especializados, é possível enfrentar esse processo de forma mais tranquila e justa para todos os envolvidos.

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