Tuiuti tem 28 trans em desfile sobre Xica Manicongo, a 1ª mulher trans documentada no Brasil; veja quem participa e entenda o enredo


Artistas, políticas, ativistas e outras profissionais estão na lista. ‘Não há democracia enquanto o Brasil seguir sendo o primeiro que ainda mata por puro ódio e preconceito essa população’, diz a deputada federal Erika Hilton, que sai na comissão de frente da escola. Erika Hilton se preparando para entrar na avenida
Rafael Nascimento/g1
A Paraíso do Tuiuti, que vai contar a história de Xica Manicongo, a primeira mulher trans documentada no Brasil, terá 28 trans no desfile, segundo a assessoria de imprensa da escola.
Na lista estão artistas, políticas, ativistas e outras profissionais. Veja abaixo:
Érika Hilton, deputada federal (PSOL-SP);
Duda Salabert, deputada federal (PDT-MG);
Amanda Paschoal, vereadora (PSOL-SP)
Dani Balbi, deputada estadual (PCdoB-RJ)
Jovanna Baby, fundadora do Movimento Trans Nacional e presidenta da Fonatrans (Forúm Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros);
Bruna Benevides, primeira travesti que se assumiu na ativa da Marinha do Brasil e presidente da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais);
Eloina dos Leopardos, tida como a primeira pessoa a ocupar o cargo de rainha de bateria no carnaval carioca.
Angela Leclery, atriz e cantora, que fez parte do elenco rotativo das Divinas Divas, Les Girls e outros;
Divina Aloma, atriz transformista e atuou como passista do Sargentelli;
Keila Simpson, ativista e 1ª travesti doutora honoris causa do país pela UERJ;
Valéria Barcelos, cantora e atriz, que recentemente trabalhou na novela “Terra e Paixão”;
Gilmara Cunha, ativista LGBTQIA+ em territórios de favelas;
Indianarae Siqueira, fundadora da CasaNem;
Renata Carvalho, atriz;
Megg Rayara, 1ª travesti negra a alcançar o título de doutorado no país, pesquisadora, professora da UFPR;
Symmy Larrat, 1ª Travesti Secretaria Nacional LGBTQIA+ do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.
Denise Taynah, do programa Rio sem LGBTIfobia;
Andrea Brazil, fundadora da rede Capacitrans;
Jacqueline de Jesus, Doutora, pesquisadora, psicóloga;
Deborah Sabara, Ativista e Primeira Travesti a ocupar o cargo de porta bandeira no Brasil pelo Carnaval Capixaba;
Luana Rayala, Bibliotecária;
Linda Brasil, Deputada Estadual em Sergipe;
Isa Silva, Estilista trans Baiana;
Juhlia Santos, 1a travesti Vereadora quilombola em BH;
Joyce Alves, Primeira travesti a ocupar um cargo de pro-reitora no país na UFRRJ;
Monique Reis; presidente e fundadora da escola Imperatriz do Morro (SP);
Neon Cunha, Travesti que sobreviveu às operações policiais rondão e tarântula;
Marcia Daylin, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo”.
A deputada federal Erika Hilton vai receber o título de Cidadã Honorária na Marquês de Sapucaí por sua atuação nos direitos LGBTQIAPN+, conforme decreto legislativo proposto pela vereadora do mesmo partido, Thais Ferreira (PSOL/RJ).
A comenda é entregue a pessoas que não nasceram na cidade, mas que em algum momento da vida desempenharam atividades que contribuíram de forma significativa para o município.
“Acho que hoje é um dia de festa, assim, de alegria. Xica Manicongo representa a nós, à nossa estada aqui. Acho que no momento em que o mundo tenta virar as suas lentes e se posicionar contra direitos dessa população, o carnaval (…) traz para a avenida esse enredo dizendo: ‘Nós existimos, nós sempre renascemos da fumaça, como canta o enredo, nós simbolizamos a resistência por dignidade, por cidadania, por democracia, porque não há democracia enquanto o Brasil seguir sendo o primeiro que ainda mata por puro ódio e preconceito essa população”, disse Erika Hilton ao g1.
Mais sobre o enredo
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“Ela era uma sacerdotisa da quimbanda. Ela é vendida como se fosse um homem. E ela foi liberta quando ela conheceu os indígenas da tribo Tupinambá, e apresentaram para aquela sacerdotisa da quimbanda a magia do Catimbó.”
Batizada como Francisco, seu nome e identidade não refletiam quem ela realmente era. Dentro da dura realidade da escravidão, Xica buscou preservar suas práticas religiosas e encontrou refúgio junto ao povo Tupinambá, na Bahia, onde trocou saberes e vivências em um contexto de aprendizado coletivo e resistência cultural.
Segundo o carnavalesco Jack Vasconcelos, o enredo “carrega em si a resistência e a luta por identidade e liberdade”:
“Esse é o maior manifesto que a gente pode passar na Avenida. É mostrar essas mulheres travestis vivas e felizes pro mundo todo.”
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Confira o samba-enredo
Só não venha me julgar Ô Ô
Pela boca que eu beijo
Pela cor da minha blusa
E a fé que eu professar
Não venha me julgar
Eu conheço o meu desejo
Este dedo que acusa
Não vai me fazer parar
Faz tempo que eu digo não
Ao velho discurso cristão
Sou Manicongo
Há duas cabeças em um coração
São tantas e uma só
Eu sou a transição
Carrego dois mundos no ombro
Vim Da África Mãe Eh Oh
Mas se a vida é vã Eh Oh
Mumunha
Jimbanda me fiz
N Ganga é raiz
Eu pego o touro na unha
A bicha, invertida e vulgar
A voz que calou o “Cis tema”
A bruxa do conservador
O prazer e a dor
Fui pombogirar na Jurema
Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha
As perseguidas na parada popular
E a Mavambo reza na mesma cartilha
Pra quem tem medo o meu povo vai gritar
Eu travesti
Estou no cruzo da esquina
Pra enfrentar a chacina
Que assim se faça
Meu Tuiuti
Que o Brasil da terra plana,
Tenha consciência humana
Chica vive na fumaça
Eh! Pajubá!
Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê
É Mojubá
Põe marafo, fubá e dendê (Pra Exu)
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