Por que o Bitcoin caiu depois de atingir um recorde histórico? Saiba os detalhes

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Em janeiro, o Bitcoin alcançou seu recorde histórico de mais de $109.000, quando o então presidente dos EUA, Donald Trump, foi empossado. No entanto, em um curto período de tempo, a criptomoeda sofreu uma queda dramática de até 28% de seu pico, gerando grande preocupação entre investidores e entusiastas do mercado.

A volatilidade característica das criptomoedas se mostrou mais uma vez presente, e muitas razões podem ser apontadas para essa brusca retração. Entre elas, questões macroeconômicas, um dos maiores hacks da história das criptomoedas, e a retração nos fluxos de investimentos por meio de fundos de índice de Bitcoin (ETFs) são alguns dos fatores que podem explicar essa queda.

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Razões para a queda do Bitcoin:

Bitcoin
Imagem: svetlichniy_igor / Shutterstock.com

Preocupações macroeconômicas:

Uma das primeiras explicações para a queda do Bitcoin está relacionada ao cenário macroeconômico global. Quando o mercado de ações dos EUA apresentou uma queda de 7% no índice Nasdaq 100 em fevereiro, o Bitcoin seguiu a tendência. Os ativos de “alta beta”, como o Bitcoin, tendem a se comportar de maneira amplificada em relação aos mercados tradicionais. Isso significa que, quando o mercado de ações sofre um revés, o Bitcoin, por sua natureza, tende a sofrer mais.

As recentes preocupações sobre a guerra comercial iniciada pelo governo Trump, incluindo a imposição de novas tarifas a parceiros comerciais dos EUA, afetaram diretamente a confiança dos investidores. As incertezas econômicas geradas por essas políticas, somadas a um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, contribuíram para um ambiente instável que atingiu o mercado de criptomoedas.

O maior hack da história das criptomoedas:

Outro fator que pesou na queda do Bitcoin foi o hack sofrido pela exchange de criptomoedas Bybit em 21 de fevereiro. Este ataque, atribuído ao grupo hacker norte-coreano Lazarus, drenou cerca de $1,5 bilhão da exchange, afetando diretamente a confiança dos investidores no mercado cripto. O ataque foi particularmente alarmante porque visou os chamados “cold wallets”, que são considerados uma das formas mais seguras de armazenar criptomoedas devido ao fato de não estarem conectados à internet.

Zaheer Ebtikar, cofundador do fundo cripto Split Capital, afirmou que a confiança dos investidores foi profundamente abalada. O hack não apenas levou a uma grande perda financeira, mas também aumentou o temor de que ataques semelhantes possam ocorrer no futuro, fazendo com que alguns investidores decidissem vender seus ativos e esperar uma recuperação mais segura.

Saídas de ETFs de Bitcoin:

Os fluxos de entrada e saída de fundos de índice de Bitcoin à vista (ETFs) também desempenharam um papel importante na queda do preço do Bitcoin. A maior saída líquida mensal registrada desde o lançamento dos ETFs em janeiro de 2024 ocorreu em fevereiro deste ano, com cerca de $3,3 bilhões sendo retirados desses fundos. Quando os investidores começam a retirar grandes quantias dos ETFs de Bitcoin, isso envia um sinal negativo ao mercado, o que leva outros traders a vender mais Bitcoin, perpetuando a queda.

Michael Rosen, diretor de investimentos da Angeles Investments, explicou que o “dinheiro quente”, que entra rapidamente no mercado em busca de lucros especulativos, também sai com a mesma velocidade quando o mercado começa a cair. Esse efeito tem um impacto direto na dinâmica do mercado cripto, ampliando as flutuações de preço.

Desmonte do “Cash and Carry”:

Outro fator técnico que influenciou a queda do Bitcoin foi o desmonte do que é conhecido como “cash and carry”. Esse tipo de negociação envolve a venda de contratos futuros de Bitcoin enquanto se compra o ativo à vista, aproveitando a diferença de preço entre os dois mercados. Quando o preço do Bitcoin no mercado à vista começou a cair, os traders de futuros, que utilizam essa estratégia, também começaram a desfazer suas posições.

O mercado de futuros de Bitcoin, particularmente na exchange CME, não estava oferecendo os prêmios elevados que os traders de arbitragem esperavam. Com a queda nos prêmios anualizados de Bitcoin, muitos desses traders reduziram suas exposições, o que gerou um efeito cascata de vendas no mercado.

Desmonte do “comércio Trump”:

O Bitcoin foi amplamente visto como um dos ativos que mais se beneficiaria do retorno de Trump à presidência, principalmente devido ao apoio explícito que ele deu à indústria de criptomoedas durante sua campanha. No entanto, desde sua posse, houve uma falta de progresso significativo em relação à regulamentação do setor, o que frustrou muitos investidores.

Embora Trump tenha feito promessas de criar um estoque estratégico de Bitcoin para o governo dos EUA e uma proposta de comprar até 1 milhão de Bitcoins, muito pouco foi feito nesse sentido. A senadora Cynthia Lummis, aliada republicana de Trump, também propôs um projeto de lei para criar uma reserva nacional de Bitcoin, mas o apoio legislativo foi fraco, e o projeto não avançou.

Além disso, com o aumento da inflação nos EUA e a falta de novas ordens executivas positivas para o mercado de criptomoedas, os investidores começaram a repensar suas apostas no Bitcoin, o que contribuiu para a queda nos preços.

Projeções de longo prazo e incertezas do mercado:

Apesar da queda acentuada, muitos analistas ainda acreditam que o Bitcoin possui um grande potencial de valorização a longo prazo. No entanto, as incertezas econômicas, políticas e regulatórias continuam a ser um desafio constante para o mercado de criptomoedas. As flutuações de preços são comuns, e o Bitcoin continua a ser um ativo altamente volátil.

A falta de clareza sobre a regulamentação da criptomoeda nos EUA, especialmente após o governo Trump, também continua sendo um obstáculo importante para os investidores institucionais, que são responsáveis por uma parte significativa do volume de negociações.

Conclusão:

A queda do Bitcoin, que foi arrastada por uma combinação de fatores como questões econômicas globais, hacks, e a retirada de investidores dos ETFs, ilustra a fragilidade do mercado de criptomoedas diante de eventos inesperados. Embora o Bitcoin tenha demonstrado resiliência em outras ocasiões, as incertezas e a volatilidade continuam a ser características predominantes de sua natureza. Para os investidores, isso serve como um lembrete de que, apesar de seu enorme potencial, o Bitcoin ainda é um ativo de alto risco, sujeito a flutuações drásticas e a mudanças no ambiente econômico e político.

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