A 8 meses da COP 30, empresas e delegações têm dificuldade para conseguir hospedagem em Belém

Nos hotéis, há listas de espera que chegam a mil leitos. Além disso, os valores das diárias assustam e afastam muitos interessados em participar da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. A oito meses da Cop-30, Belém enfrenta o desafio de ampliar a capacidade de hospedagem
A oito meses da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, a COP 30, Belém enfrenta o desafio de ampliar a capacidade de hospedagem e lidar com preços exorbitantes.
Cerca de 50 mil visitantes são esperados para a COP 30 dos dias 10 a 21 de novembro.
Entre eles, chefes de Estado e de governo dos mais de 190 países integrantes da Convenção do Clima da ONU. Atualmente, a cidade dispõe de cerca de 24 mil leitos. Além da oferta limitada, os preços em hotéis e administradoras de imóveis dispararam.
Geraldo Fernandes é professor da Universidade Federal de Minas Gerais e planeja viajar para Belém em novembro. Mas os custos com hospedagem não estão cabendo no orçamento.
“Eu vi coisas absurdas, para os 11 dias, um, pelo menos, de R$ 2 milhões. É impossível participar de um evento com essas tarifas tão altas como elas se encontram”, afirma Geraldo.
Em Belém, agências de viagens estão sendo procuradas por empresas multinacionais em busca de acomodações. Mas a dificuldade para encontrar vagas é grande. Nos hotéis, há listas de espera que chegam a mil leitos. Além disso, os valores das diárias assustam e afastam muitos interessados.
Alex Silva, presidente da ABAV no Pará, intermediou a negociação com uma empresa que acabou desistindo de enviar um grupo de 20 pessoas para a COP:
“Inicialmente, para esse montante, era um contrato de R$ 25 milhões. Acharam, obviamente, muito caro e foram diminuindo, tentando negociar, e chegou-se a um total de oito apartamentos, oito pessoas. R$ 1,5 milhão. Para nós, agências, é muito importante que os preços sejam mais plausíveis, com o evento, com a quantidade de pessoas que a gente quer receber”, diz Alex Silva, presidente da ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagens.
Segundo o governo federal, uma plataforma oficial será lançada no fim de março para ajudar na busca por acomodações e monitorar os preços.
“Essa plataforma oficial vai dar segurança tanto para quem procura o espaço para poder se acomodar, para ficar alojado, tanto para quem disponibiliza os seus imóveis, as suas propriedades. O que nós queremos é sensibilizar essa rede para que eles compreendam a importância de receber bem essas delegações, que eles se sintam confortáveis, pagando o que é justo, em uma acomodação justa”, afirma Valter Correia da Silva, secretário-extraordinário para a COP-30.
O governo do Pará também está investindo em alternativas: está adaptando 17 escolas públicas para receber 5 mil pessoas; o prédio da Receita Federal será transformado em um hotel cinco estrelas; e navios de cruzeiro serão usados como hospedagem temporária.
A presidente da Associação Comercial do Pará disse que a Câmara Setorial de Mercado Imobiliário acompanha com preocupação os custos para a COP, muito maiores os orçamentos de conferências anteriores.
“É um momento um pouco nevrálgico por conta da alta especulação imobiliária, que nós estamos tentando mostrar, quer seja aos proprietários, quer seja aos corretores de imóvel, às imobiliárias, que a gente precisa chegar a bom termo. A gente está tentando ordenar e até buscar experiências que aconteceram em outras cidades que tiveram a conferência para gente tentar precificar. A gente precisa trabalhar dentro da razoabilidade para que a gente não comprometa o evento COP”, afirma Elizabete Grunvald, presidente da Associação Comercial/PA.
Em nota, o governo do Pará disse que se prepara para receber mais de 50 mil visitantes, mas que o pico diário não deve ultrapassar 28 mil pessoas. E que, nos próximos meses, o estado terá um aumento significativo de vagas, estimado em 50 mil leitos, o que deve equilibrar os preços.
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