Selic deve subir a 14,25%: confira as melhores estratégias para ganhar com alta da taxa de juros

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está prestes a realizar mais uma reunião crucial nos dias 18 e 19 de março de 2024. A expectativa é de que a taxa Selic suba em 1 ponto percentual, passando de 13,25% para 14,25% ao ano.

Esse movimento terá grandes repercussões no mercado financeiro e afetará diretamente as empresas listadas na Bolsa de Valores. A elevação da Selic impacta o custo do crédito, tornando empréstimos e financiamentos mais caros, o que pode trazer efeitos positivos e negativos, dependendo do setor em que as companhias atuam.

Neste artigo, exploraremos como o aumento da taxa de juros influencia diferentes empresas e quais setores podem ser mais afetados por essa mudança.

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A Selic e Seus Efeitos nas Empresas

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Imagem: Monster Ztudio / Shutterstock.com

A taxa Selic é uma das principais ferramentas de controle da inflação no Brasil. Quando a Selic sobe, o custo do crédito aumenta, impactando diretamente os consumidores e, por consequência, os negócios. Algumas empresas tendem a se beneficiar com a alta da Selic, enquanto outras podem ver seus resultados prejudicados.

Benefícios para Bancos e Seguradoras

O impacto da alta da Selic é positivo para empresas de setores específicos, como bancos e seguradoras. De acordo com especialistas consultados pela Inteligência Financeira, esses setores se beneficiam devido ao funcionamento de seus modelos de negócios.

Bancos: O Impacto do Spread Bancário

Os bancos tradicionais e instituições financeiras são grandes beneficiados com a alta da Selic. Ian Toro, head de renda variável da Melver, explica que o aumento da taxa de juros favorece o spread bancário, que é a diferença entre a taxa cobrada pelos empréstimos e a taxa paga pelos depósitos.

Com a Selic mais alta, os bancos conseguem aumentar suas margens de lucro, especialmente no que se refere a financiamentos e crédito pessoal.

Os principais bancos que se destacam nesse cenário são:

  • Itaú Unibanco (ITUB3, ITUB4)
  • Bradesco (BBDC3, BBDC4)
  • BTG Pactual (BPAC11)

Essas instituições têm grande capacidade de repassar os aumentos da Selic para seus clientes, o que aumenta suas receitas de crédito.

Seguradoras: Investimentos em Renda Fixa

As seguradoras também podem obter bons resultados com a alta da Selic, pois elas investem os prêmios recebidos de apólices de seguro em títulos de renda fixa. Como esses títulos tendem a render mais com a Selic elevada, as seguradoras podem melhorar sua rentabilidade.

Fábio Chiaparini, analista da Nova Futura Investimentos, explica que o capital das seguradoras não pode correr grandes riscos, já que ele pode ser utilizado em sinistros, o que torna os investimentos em renda fixa mais atrativos nesse cenário.

Entre as seguradoras que podem se beneficiar estão:

  • BB Seguridade (BBSE3)
  • Porto Seguro (PSSA3)

Essas empresas têm potencial para obter melhores retornos com seus investimentos em títulos de renda fixa.

Setor de Energia Elétrica

Outro setor que se beneficia com a alta da Selic é o setor de energia elétrica. Empresas de energia elétrica geralmente possuem contratos de concessão de longo prazo com receitas ajustadas pela inflação. Com a Selic mais alta, essas empresas podem obter melhores retornos em seus investimentos de renda fixa, o que favorece sua rentabilidade.

Setores que Sofrem com a Alta da Selic

Papel escrito "selic"em cima de uma calculadora com notas de dinheiro em baixo
Imagem: rafastockbr / shutterstock.com

Embora a alta da Selic beneficie alguns setores, outros são fortemente impactados negativamente, especialmente os que dependem do crédito barato para crescer. Entre os setores mais afetados estão varejo, imobiliário e papel e celulose.

Varejo: O Impacto do Crédito Mais Caro

O varejo é um dos setores mais sensíveis ao aumento da taxa de juros. O encarecimento do crédito ao consumidor torna as compras financiadas mais caras, o que reduz a demanda por bens duráveis e produtos de valor mais alto.

José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, explica que a alta da Selic faz com que o consumidor adie decisões de compra, principalmente quando se trata de produtos de longa durabilidade, como eletrodomésticos e carros. Empresas que atuam no varejo ou que dependem de crédito ao consumidor podem ver seus resultados afetados negativamente.

Algumas empresas de varejo que devem sofrer com a alta dos juros incluem:

  • Magazine Luiza (MGLU3)
  • Lojas Renner (LREN3)
  • Grupo Casas Bahia (BHIA3)
  • Weg (WEGE3)

Essas companhias enfrentam dificuldades com a retração do consumo e o aumento do endividamento dos clientes.

Imobiliário: Menos Financiamentos, Menos Demanda

O setor imobiliário é outro grande prejudicado pelo aumento da Selic. As taxas de juros elevadas tornam os financiamentos imobiliários mais caros, o que reduz a demanda por imóveis. Além disso, muitas empresas desse setor possuem alto endividamento, o que aumenta o custo da dívida e dificulta os financiamentos para novos projetos.

As empresas do setor que merecem atenção incluem:

  • MRV Engenharia (MRVE3)
  • Eztec (EZTC3)

Essas companhias podem ter dificuldades em manter seus níveis de vendas devido ao encarecimento do crédito imobiliário.

Papel e Celulose: O Impacto da Valorização do Real

As empresas de papel e celulose, como a Suzano (SUZB3), também podem ser impactadas negativamente pela alta da Selic. O aumento nos juros pode gerar um aumento nos custos financeiros das empresas, afetando sua rentabilidade.

Além disso, a valorização do real, impulsionada pela alta da Selic, pode reduzir a competitividade da Suzano no mercado internacional, já que suas receitas são majoritariamente em dólares.

O Que Fazer em Meio a Esse Cenário?

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Com a Selic ainda elevada, muitos especialistas recomendam cautela e diversificação nos investimentos. Fábio Chiaparini, da Nova Futura, sugere que, enquanto a renda fixa continua proporcionando ganhos atraentes, o melhor é focar em blue chips sólidas e setores que tendem a se beneficiar da Selic alta, como bancos, seguradoras e energia elétrica.

Setores como o varejo, imobiliário e construção civil são mais sensíveis a aumentos na Selic e devem ser evitados enquanto a taxa de juros continuar alta.

Considerações finais

O aumento da Selic terá um impacto significativo nas empresas listadas na Bolsa de Valores. Setores como bancos, seguradoras e energia elétrica devem se beneficiar da elevação da taxa de juros, enquanto o varejo, o imobiliário e o setor de papel e celulose podem sofrer com a retração no consumo e o aumento no custo do crédito.

Para os investidores, o momento pede estratégia e cautela, com foco em setores mais resilientes diante da atual política monetária.

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