Entorno do Rio do Brás terá replantio de vegetação nativa e de restinga em Florianópolis

Uma demanda antiga dos moradores de Canasvieiras, no Norte da Ilha, a revitalização do rio do Brás, está avançando. Depois de certo transtorno no verão, a expectativa é de que os trabalhos sejam concluídos este ano, tornando o Brás e seu entorno um local de passeio na Capital.

Rio do Brás em Canasvieiras, Florianópolis

Rio do Brás, em Canasvieiras, Florianópolis – Foto: Germano Rorato/ND

Conforme a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, após o desassoreamento, de forma surpreendente até para a pasta, o rio está balneável, ou seja, próprio para banho. Agora, o município vai dar sequência à recuperação do rio e do entorno, no bairro, para alívio dos moradores, em especial dos integrantes do Instituto SOS Rio do Brás.

Em visita ao rio, na última segunda-feira (10), a reportagem registrou o Brás sem macrófitas, plantas que denotam poluição. É um cenário bem diferente do que se tornou comum nos últimos anos, em que o curso d’água desaparece, dando espaço a um tapete verde com macrófitas.

Elas persistem somente na foz, onde o rio teria contato com o mar, porém, essa conexão segue interrompida, com a areia da praia impedindo que a água do rio e a do oceano se misturem. Às margens do rio, um barro vermelho espera a implantação de grama, que deve compor a futura paisagem do Brás.

Próxima etapa

Subsecretário do Meio Ambiente de Florianópolis, Bruno Vieira reiterou que, após o desassoreamento do curso d’água, a prefeitura vai revitalizar a margem: “Vamos recuperar com vegetação e refazer a pavimentação da rua. Foram retiradas espécies invasoras e vamos recuperar com vegetação nativa e de restinga”.

Como precisou realizar parte dos trabalhos na temporada, a prefeitura encarou reclamações: “É puxado, porque o verão em Florianópolis é assim [movimentado]. Conhecemos bem e tivemos que fazer uma breve pausa no pico da temporada, em janeiro, mas estamos retomando e pretendemos concluir nos próximos meses”, salientou o subsecretário.

Conforme Vieira, a ideia principal é a recuperação ambiental da área. “Começamos pelo curso d’água, buscando melhoria na oxigenação. Estamos fazendo análise laboratorial e a qualidade da água melhorou, principalmente a questão do oxigênio dissolvido, importante para a biota. Agora é partir para recuperação da restinga e da pavimentação”.

Vieira disse que foram realizadas coletas para avaliar a qualidade d’água, antes da intervenção do município e depois. “Melhorou bastante e até surpreendeu. Verificamos que a água está balneável, conforme os índices das resoluções federais. Pretendemos colocar aeradores e fazer mais intervenções para manter”, declarou Vieira.

Futuro do rio do Brás

Presidente do Instituto SOS Rio do Brás, o geógrafo José Luiz Sardá apoia a recuperação, a revitalização e o desassoreamento do Brás. “Há anos reivindicamos melhorias.

São bem-vindas, necessárias e muito importantes. Podemos vislumbrar voltar a passear nesse ambiente, que não tinha vida”, disse Sardá. “Aguardamos que tudo que foi planejado se concretize”, completou.

Mesmo favorável à revitalização, Sardá defende a necessidade da fixação de molhes e a reabertura do rio, porque a região tem problemas de macrodrenagem e isso tende a acontecer, de forma natural, em caso de uma chuva mais intensa.

“Temos um problema de alagamento na região, é necessário ver o rio do Brás como uma questão de macrodrenagem, por isso tem que ficar aberto. Não pode ficar fechado. Quando chover forte, a água vai para o mar”. Outro desejo é a educação ambiental, criando um espaço anexo à trilha ecológica ambiental Sapiens Parque, e um centro de educação ambiental para crianças, além de um corredor ecológico, da praia até a trilha.

Mais demandas

Moradora de Canasvieiras, a atendente de loja Lilian Casagranda ficou chocada com a remoção da vegetação. “Me apavorei, não sei se era necessário, espero que coloquem plantas novamente”, afirmou.

Lilian Casagranda

Lilian Casagranda ficou chocada com a remoção da vegetação no entorno do Rio do Brás – Foto: Germano Rorato/ND

Conforme explicou o subsecretário Bruno Vieira, a vegetação removida era invasora e outras espécies serão inseridas no lugar. A moradora disse que o rio do Brás, mesmo antes, com os problemas de poluição, era um cenário encantador.

“Para lazer é bom. Eu mesma vinha aqui, final de tarde, sentar, comtemplar. Vi muita capivara e jacaré aqui. Espero que a revitalização seja à altura do que era antes, ou até melhor, com bancos, sombra, árvores e grama.”

 Luis Heredia

Luis Heredia se diz preocupado com o impacto na fauna do Rio do Brás – Foto: Germano Rorato/ND

Mergulhador e biólogo, o argentino Luis Heredia vive há 15 anos em Canasvieiras, na rua adjacente ao rio do Brás. Para ele, existe um certo mistério sobre a revitalização.

Conhece a intenção do município no aspecto visual, mas desconhece o enfrentamento à poluição e se preocupa com o impacto na fauna local. “Aqui tínhamos jacaré, capivara, lontra, garça, não sei se isso vai influenciar negativamente ou positivamente. Não sei se o deque de madeira vai resolver o problema de poluição de esgoto do rio”, questionou o morador, referindo-se à intenção da prefeitura de construir deques no entorno do rio. Este projeto, porém, não será feito na etapa atual.

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