Moeda digital brasileira desperta dúvidas: é segura e acessível para todos?

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Nos últimos anos, a ideia de uma moeda digital brasileira ganhou força com o desenvolvimento do Drex pelo Banco Central (BC). Essa inovação, que promete modernizar o sistema financeiro e facilitar transações eletrônicas, também levanta uma série de questionamentos sobre privacidade, controle governamental e inclusão financeira.

Apesar de suas vantagens potenciais, o Drex ainda é alvo de críticas e preocupações, especialmente no que se refere à segurança e acessibilidade para a população mais vulnerável.

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O Que é o Drex?

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Imagem: Freepik e Canva

O Drex, antes conhecido como real digital, é uma moeda digital que está sendo desenvolvida pelo Banco Central do Brasil com o objetivo de modernizar o sistema de pagamentos no país. Prevista para ser lançada em 2025, a moeda digital terá o mesmo valor do real tradicional e será regulada pelo BC, sendo emitida exclusivamente em uma plataforma digital.

A grande inovação do Drex é que ele será “tokenizado”, ou seja, será representado por tokens digitais, registrando transações em uma rede DLT (Distributed Ledger Technology), uma tecnologia similar ao blockchain usada em criptomoedas. Essa infraestrutura possibilita transações seguras e transparentes, oferecendo novas perspectivas para o sistema financeiro nacional.

Em 5 de fevereiro de 2025, o deputado federal Allan Garcês (PP-MA) apresentou um requerimento ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pedindo informações sobre o cronograma de implantação e a base legal da moeda digital. Segundo Garcês, é crucial que o Congresso Nacional participe ativamente do debate sobre o Drex, já que a Constituição brasileira estabelece que a criação de moeda e sua emissão são de competência legislativa.

A Preocupação com o Controle Governamental

Garcês expressou sua preocupação com a possibilidade de um controle excessivo por parte do governo. Ele comparou o Drex ao yuan digital, utilizado na China, que permite ao governo monitorar e controlar todas as transações financeiras. O deputado alerta para o risco de que o Drex possa se tornar uma ferramenta para vigilância financeira, limitando a liberdade econômica dos cidadãos.

“Ao dar ao governo o controle absoluto sobre as transações financeiras, corremos o risco de criar um sistema onde o Estado controla não apenas o bolso, mas também a liberdade de cada cidadão”, afirmou Garcês. Esse controle estatal, segundo o deputado, pode ser uma ameaça à autonomia financeira dos brasileiros.

Inclusão Digital e Acessibilidade

Outro ponto abordado pelo parlamentar é a inclusão digital. Garcês alerta que o Brasil ainda enfrenta um grande desafio em termos de conectividade e alfabetização digital. Segundo dados da Anatel, cerca de 76% da população brasileira sofre de “analfabetismo digital”, o que significa que muitos cidadãos não possuem habilidades básicas para realizar transações financeiras online.

Em estados como o Maranhão, onde Garcês exerce seu mandato, a falta de acesso à internet é ainda mais pronunciada. Para o deputado, a imposição de uma moeda digital pode excluir grande parte da população, especialmente os mais pobres, que não têm acesso a dispositivos eletrônicos ou à infraestrutura necessária para realizar transações digitais.

Riscos de Segurança Cibernética

A segurança cibernética é outro ponto que gera preocupação. Embora o Drex prometa ser uma plataforma segura, Garcês questiona a capacidade do Brasil de garantir a proteção dos dados financeiros dos cidadãos. O aumento dos crimes cibernéticos e os ataques ao sistema de pagamentos Pix indicam que o país ainda não está totalmente preparado para proteger informações sensíveis de seus usuários.

Além disso, a possibilidade de o Banco Central terceirizar a gestão do Drex a empresas privadas também levanta questões sobre o vazamento de dados pessoais. A preocupação é que a descentralização do controle possa aumentar os riscos de falhas de segurança, afetando diretamente a confiança dos cidadãos no sistema.

O Debate Público e a Necessidade de Transparência

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Imagem: rafapress / shutterstock.com

O deputado Allan Garcês reforça a importância de um debate amplo e transparente sobre o Drex. Segundo ele, é fundamental que o projeto seja discutido com a sociedade e com os representantes do Congresso antes de ser implementado. A falta de uma consulta pública efetiva pode resultar em problemas de implementação, incluindo a exclusão de grandes parcelas da população e a criação de um sistema vulnerável a abusos de poder.

“Ao criar uma moeda digital sem o devido debate, estamos correndo o risco de instaurar um sistema financeiro que exclui pessoas, invade privacidade e coloca a segurança dos dados dos cidadãos em risco”, alertou Garcês.

O Futuro do Drex

Apesar das preocupações levantadas, o Drex ainda está em fase de testes e deve passar por ajustes antes de sua implementação. O Banco Central está realizando testes com instituições financeiras para avaliar a viabilidade do sistema e garantir que ele seja seguro e eficiente. No Senado, parlamentares discutem a necessidade de regulamentar os contratos inteligentes e garantir que a plataforma do Drex atenda aos princípios de privacidade e inclusão digital.

O lançamento da moeda digital brasileira depende da conclusão dessa fase de testes, mas a expectativa é que o Drex seja lançado em 2025, com o objetivo de revolucionar o sistema de pagamentos no Brasil.

Imagem: Freepik e Canva

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