Pesquisa revela: Bolsa Família diminuiu em 17% as internações por dependência química

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Uma pesquisa conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que os beneficiários do Programa Bolsa Família têm 17% menos risco de internação por transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. Quando se trata especificamente do consumo de bebidas alcoólicas, a diferença aumenta para 26% em comparação com pessoas que não recebem o benefício.

Os resultados, publicados na revista científica The Lancet Global Health, foram baseados na análise de dados de mais de 35 milhões de brasileiros entre 2008 e 2015. O estudo utilizou informações do Cadastro Único e do Sistema de Informações Hospitalares, além de um índice de privação material, que mede o nível de vulnerabilidade social.

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Imagem: Freepik e Canva

Impacto do Bolsa Família na Redução de Internações

O estudo revelou que o impacto positivo do Bolsa Família na saúde se estende a diferentes níveis socioeconômicos. Na faixa de maior privação, o risco de internação por transtornos associados ao uso de substâncias foi 41% menor entre aqueles que recebiam o benefício.

Segundo a pesquisadora Lidiane Toledo, integrante da equipe responsável pelo estudo, a relação entre o Bolsa Família e a redução do risco de internação pode estar associada a diferentes fatores, incluindo:

  • Redução do estresse financeiro, que contribui para o bem-estar mental;
  • Maior acesso a serviços de saúde e educação devido às condicionalidades do programa;
  • Proximidade com unidades de saúde, já que os beneficiários precisam cumprir requisitos como acompanhamento médico e vacinação;
  • Exigência de frequência escolar, fator que pode reduzir a vulnerabilidade ao uso de substâncias.

“A falta de dinheiro e a incerteza financeira são fatores de estresse que podem afetar a qualidade de vida e a saúde mental, levando ao abuso de substâncias psicoativas”, explica Toledo.

Como o Bolsa Família Ajuda na Prevenção de Transtornos por Uso de Substâncias?

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Imagem: Canva / Freepik

Os pesquisadores apontam que os transtornos relacionados ao uso de substâncias têm múltiplas causas, incluindo fatores socioeconômicos, psicológicos e ambientais. Dessa forma, a inclusão social promovida pelo Bolsa Família pode desempenhar um papel importante na redução da vulnerabilidade dessas pessoas.

1. Redução do Estresse Financeiro

O benefício financeiro do Bolsa Família alivia a pressão econômica, reduzindo um dos principais gatilhos para o abuso de substâncias. Famílias que têm uma fonte mínima de renda podem focar na alimentação, moradia e educação, reduzindo a insegurança emocional e psicológica.

2. Acesso Facilitado à Saúde

Os beneficiários do Bolsa Família são incentivados a utilizar serviços básicos de saúde, o que pode resultar em diagnósticos precoces e tratamento adequado para transtornos mentais e dependência química.

3. Maior Frequência Escolar

A exigência de que crianças e adolescentes frequentem a escola pode ter efeitos protetores contra o uso precoce de substâncias. A escolaridade é um fator essencial para reduzir comportamentos de risco, já que jovens que permanecem no ambiente escolar têm menor exposição a situações de vulnerabilidade.

“A baixa escolaridade é um fator de risco bem documentado para os transtornos por uso de substâncias. Além disso, pessoas que fazem uso dessas substâncias frequentemente enfrentam barreiras no acesso aos serviços de saúde”, destaca o estudo.

Benefícios da Proteção Social Para Pessoas em Situação de Vulnerabilidade

A pesquisa também reforça a importância do apoio financeiro e social para indivíduos que convivem com transtornos mentais causados pelo uso de substâncias. Para muitas dessas pessoas, sobreviver à extrema pobreza é uma luta diária, o que dificulta o tratamento adequado e a recuperação.

1. Encaminhamento para Programas Sociais

A pesquisadora Lidiane Toledo sugere que profissionais da Atenção Primária e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) considerem encaminhar pacientes com transtornos relacionados ao uso de substâncias para programas de proteção social, como o Bolsa Família.

“Como podemos esperar que uma pessoa busque e mantenha o tratamento de saúde se ela e sua família nem sabem se terão o que comer?”, questiona Toledo.

2. Impacto Positivo na Saúde Mental

Os pesquisadores afirmam que o suporte financeiro fornecido pelo programa ajuda a reduzir a ansiedade e o estresse, dois fatores fortemente associados ao abuso de substâncias psicoativas.

3. Melhoria na Qualidade de Vida

Com menos preocupações imediatas sobre sobrevivência, as famílias podem buscar soluções para problemas de saúde e melhorar seu bem-estar geral.

A Relação Entre Pobreza e Transtornos por Uso de Substâncias

uma pessoa trocando dinheiro por saco de drogas ilícitas, vendidas por outra pessoa
Imagem: Ground Picture / shutterstock.com

A relação entre pobreza e transtornos relacionados ao uso de substâncias já foi amplamente documentada em estudos científicos. A dificuldade de acesso a tratamento médico, suporte psicológico e oportunidades de emprego pode fazer com que pessoas em situação de vulnerabilidade recorram ao uso de álcool e drogas como forma de alívio temporário.

No entanto, os dados apresentados pela pesquisa da Fiocruz sugerem que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, podem mitigar esses impactos, proporcionando estabilidade financeira e acesso a cuidados essenciais.

Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

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