Mulher que teve útero retirado após morte de bebê vai passar por nova cirurgia em Campina Grande


Família faz campanha de doação de sangue para que ela passe pelo procedimento cirúrgico. Maternidade do Isea, em Campina Grande
Reprodução/TV Cabo Branco
A vítima de um suposto caso de negligência médica que pode ter causado a morte do bebê e a retirada do útero dela, no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, deve passar por uma nova cirurgia nesta quinta-feira (13).
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, a mulher será reavaliada e submetida a um procedimento cirúrgico chamado laparoscopia, com o objetivo de identificar as causas dos sintomas dela.
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A mulher foi internada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na quarta-feira (12) e transferida para o Hospital Municipal Dom Pedro I no mesmo dia. Ela permanece na unidade hospitalar, onde fez duas tomografias.
Por conta da cirurgia, a família da mulher está fazendo uma campanha de doação de sangue. Quem puder, deve doar no Hemocentro de Campina Grande, localizado na Pua Professora Eutécia Vital Ribeiro, sem número, no bairro Catolé. As doações devem ser feitas em nome de Maria Danielle Cristina Morais Sousa.
Também no dia 12, o Ministério Público da Paraíba abriu uma notícia de fato para investigar o caso. O procedimento foi aberto pela promotora Adriana Amorim e tem como alvo a Secretaria de Saúde de Campina Grande e a própria maternidade onde o parto aconteceu.
À equipe de jornalismo da TV Paraíba, a promotora informou que partiu para a investigação com base em uma publicação feita pelo pai do bebê morto em uma rede social na internet e também nos relatos feitos por veículos de comunicação da cidade. Por outro lado, ela também disse que o órgão ministerial ainda não foi procurado pela família ou pela polícia.
O caso foi denunciado, inicialmente, por meio das redes sociais pelo pai do bebê. Segundo ele, a mãe recebeu uma superdosagem de um medicamento para induzir o nascimento. O bebê morreu durante o parto e as complicações fizeram com que a mulher perdesse o útero.
A secretaria informou, na terça-feira (11), que iria abrir uma sindicância para apurar o caso. E algumas horas depois, o órgão emitiu uma nota de esclarecimento anunciando a determinação de afastamento dos profissionais envolvidos, até que o caso seja apurado.
Já o delegado Rafael Pedrosa, responsável pelas investigações por parte da Polícia Civil, informou que a apuração do caso avançará com o depoimento de testemunhas e o resultado de laudos periciais, incluindo exames no corpo do bebê, exame toxicológico, exame de lesão corporal na mãe do bebê e análise pericial do útero, que foi levado separadamente.
A polícia também relatou ter notificado o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) sobre o caso. Mas o CRM, via assessoria de comunicação, informou que ainda não foi notificado.
Parto aconteceu na maternidade do Isea, em Campina Grande
Reprodução/TV Cabo Branco
Entenda o caso
Segundo o pai da criança, Jorge Elô, a esposa dele deu entrada na materno dia 27 de fevereiro. Na manhã do dia seguinte, segundo os profissionais de saúde da unidade, exames indicaram a viabilidade de um parto vaginal, e a equipe médica iniciou a indução com comprimidos intravaginais.
Nesse momento, a família soube que o mesmo médico que fazia o pré-natal particular da gestante estaria de plantão naquela noite no Isea. Na madrugada do dia 1º de março, o médico substituiu a medicação por uma intravenosa, o que intensificou as contrações.
Por volta das 6h do mesmo dia, segundo o relato do pai, duas enfermeiras do hospital atenderam a mãe da criança. Uma constatou que a cabeça do bebê já estava coroada, enquanto a outra aumentou a dosagem da medicação sem, segundo ele, consultar o médico.
“Ela começou a vomitar e a tremer de frio. Ao procurarmos ajuda, ouvimos que era ‘normal’. Desesperada, [a vítima] implorou para não ficar sozinha, mas as profissionais a abandonaram, alegando ter outras gestantes para atender. Nosso médico de confiança havia ido embora do plantão sem sequer nos ver”, afirmou nas redes sociais.
Ainda de acordo com Jorge Elô, o trabalho de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não ter “colaborado”. O pai relatou que, minutos depois, elas teriam forçado a mulher a fazer força, mas ela desmaiou e estava sem pulso. Nesse momento, a levaram às pressas para a cirurgia.
Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, o pai da criança afirmou que, após sua esposa ser levada para a sala de cirurgia, ficou sem notícias sobre o que estava acontecendo. Quando finalmente entrou no local, viu a equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe.“O médico me entregou o órgão para eu fazer a biópsia do útero e explicou que nunca tinha visto um rompimento daquela forma”, relatou.
“Eu estou revoltado, estou com muito ódio, mas, ao mesmo tempo, estou tendo acolhimento de familiares e amigos. A retirada do útero dela dificultou a realização desse sonho novamente. Eles fizeram algo muito grave com a gente. Eu ainda não consegui viver meu luto e entender, sentir. O tempo todo, estou tentando ser forte para cuidar dela, denunciar e conseguir responsabilizar todo mundo envolvido”, afirmou.
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