Avanço da inflação preocupa e aumenta pressão sobre o BC

Imagem de gráficos em movimentos de baixa

A inflação de fevereiro registrou alta de 1,31%, o maior avanço para o mês em 22 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado era esperado pelo mercado e coloca o Banco Central (BC) em alerta para um possível aumento da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

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A alta do IPCA e os fatores que influenciaram o índice

Letras que escrevem "IPCA" e dois montes de moedas de 1 real e 50 centavos sobre uma superfície marrom.
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi impulsionado principalmente por:

Energia elétrica: o grande vilão

  • O fim do desconto do bônus de Itaipu resultou em uma forte elevação na conta de luz.
  • O impacto da energia elétrica foi significativo na composição do IPCA, elevando os custos para consumidores e empresas.

Gasto com educação dispara no início do ano

  • A volta às aulas tradicionalmente impacta os indicadores de inflação.
  • O aumento das mensalidades escolares foi um dos principais fatores para o avanço do índice.

Outras pressões inflacionárias

  • Alimentação e bebidas também registraram alta, pressionadas pela sazonalidade e pelo aumento de custos de produção.
  • Transportes sofreram impacto com reajustes nos combustíveis.

Reação do mercado financeiro e previsão para a Selic

imposto de renda
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Economistas e analistas do mercado financeiro avaliam que o Banco Central deve manter sua postura rigorosa em relação aos juros para conter a inflação.

Projeção de alta da Selic

Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, afirmou que o IPCA de fevereiro veio próximo da previsão da instituição, que era 1,33%. Segundo ele, a expectativa é de que o Copom aumente a Selic em 100 pontos-base na reunião de março, alcançando 14,25% ao ano.

Patrícia Krause, economista-chefe para a América Latina da Coface, destacou que a inflação registrada já era esperada, pois foi antecipada pelo IPCA-15, a prévia do índice mensal. Ela também reforçou a necessidade de um ajuste na política monetária para evitar que a inflação fique descontrolada.

Perspectivas para a economia brasileira

Apesar do controle da inflação ser a prioridade, os impactos de uma Selic mais alta preocupam o mercado.

Impacto nos investimentos

O especialista em investimentos Bruno Shahini, da Nomad, afirmou que a decisão do BC sobre os juros será crucial para o comportamento dos ativos brasileiros, como o dólar e a Bolsa de Valores. Segundo ele, uma política monetária mais dura pode gerar volatilidade no mercado.

Pressão sobre o consumo e o crédito

O aumento dos juros afeta diretamente o custo do crédito, o que pode reduzir o consumo e desacelerar a economia.

  • Taxas mais altas encarecem o financiamento de bens duráveis, como imóveis e automóveis.
  • Empresas enfrentam dificuldades para expandir seus investimentos devido ao custo maior do endividamento.

Posicionamento do Banco Central

Banco Central indicados
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que o Copom manterá uma postura vigilante. Na ata da última reunião, o Comitê enfatizou preocupações com a inflação persistente, a situação fiscal do país e o cenário externo.

Para o economista André Valério, do Banco Inter, a expectativa é de que o Banco Central suba a Selic novamente em maio, possivelmente em 50 pontos-base, levando a taxa para 14,75% ao ano. No entanto, ele considera o cenário incerto e sugere que o Copom evite comprometer-se com um cronograma definido de ajuste monetário.

Considerações finais

A alta do IPCA de fevereiro, a maior para o mês em mais de duas décadas, reforça a pressão sobre o Banco Central para continuar elevando a Selic. O impacto da energia elétrica e da educação no índice evidencia os desafios do controle inflacionário.

Com o mercado financeiro atento à próxima decisão do Copom, a política monetária deve permanecer em um ciclo de aperto para conter a inflação e estabilizar a economia brasileira.

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