“Ibirité precisa de atenção”, defende promotora após agressão e morte de mulheres no intervalo de dois dias

A crescente onda de violência contra mulheres é uma preocupação da promotora de Justiça Maria Constância Alvim. No último sábado (8), ela correu contra o tempo para embasar e garantir a prisão de um policial militar que agrediu uma oficial de Justiça no Dia Internacional da Mulher.

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“O PJE [portal de processos eletrônicos] estava fora do ar e eu recebi ligações de colegas de Ibirité relatando o que havia acontecido. Um caso de agressão contra uma servidora caiu nas minhas mãos bem no Dia Internacional da Mulher. Então, eu fui à caça para entender o que estava acontecendo”, contou a promotora sobre a saga para buscar informações por contra própria para atender o caso no plantão.

“Depois disso, começou um debate entre promotores passa saber se tratava-se de um crime de lesão corporal ou crime militar. Eu bati o pé que era o crime de um militar contra uma civil, mas ele não estava no horário de serviço”, explica.

Ao ter acesso às informações para seguir com o processo, Maria Constância pediu a prisão do militar pelo crime de lesão corporal qualificada pelo fato de ter sido contra uma mulher e devido ao gênero da vítima.

“Foi assustador porque eu pensei que ele iria negar, mas ele não negou e tentou destruir a imagem da vítima. Ele acusou a vítima de ser histérica e disse que ela espalhou o sangue no próprio rosto. Para mim, ficou muito claro o desprezo dele com a mulher ocupando um cargo público, em condição formal de autoridade”, comentou Maria Constância.

A vítima do caso é Maria Sueli Sobrinho. A oficial foi até a casa da família entregar uma intimação. Ela conta que o militar pegou o documento, abriu e leu como se ele fosse o alvo da notificação. Em seguida, ele entregou o documento para o enteado, que era o verdadeiro destinatário.

Segundo Maria Sueli, os insultos começaram quando a promotora advertiu o PM sobre a proibição de se passar por outra pessoa. A vítima contou à polícia que ele fez ameaças e, em seguida, deu uma cabeçada no rosto dela.

Feminicídio

Dois dias depois, na tarde de segunda-feira (11), uma amiga de Sueli foi assassinada em Ibirité. A biomédica Miquéias Nunes de Oliveira, então com 33 anos, foi esfaqueada pelo ex-marido dentro da clínica onde ela trabalhava. De acordo com a Polícia Militar, o casal havia se separado há cerca de cinco meses e o homem forçava um retorno do relacionamento.

Apesar de não ter trabalhado no caso, Maria Constância Alvim viu o crime com preocupação. “Eu atuo na Vara de Patrimônio Público e de Direito da Família. Quando acompanho casos de divórcio, observo que é notória a ocorrência de violência contra a mulher. A gente percebe um machismo muito grande”, pontua.

O Anuário da Violência mais recente, divulgado pelo Governo de Minas Gerais, colocou Ibirité como o terceiro município com o maior aumento percentual dos casos de feminicídio entre 2022 e 2023. No período, as ocorrências anuais subiram de dois para três.

Violência popularizada

Na avaliação de Maria Constância, a cidade de Ibirité sofre com a escalada da violência de forma cultural.

“Ibirité está precisando de uma atenção das administrações superiores, tanto do Tribunal [de Justiça], quanto do Ministério Público, prefeitura e polícias. A gente teve servidores públicos assassinados no município, tivemos o triste e marcante assassinato de um advogado em frente ao Fórum em dia de júri, sem falar nestes casos da Sueli e do feminicídio”, aponta a promotora.

Moradores organizam para a manhã do próximo domingo (16) uma passeata para conscientizar a população e combater os casos de violência contra a mulher.

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