Nubank e Claro firmam acordo exclusivo: Anatel discute celular da operadora

anatel

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) voltou a adiar, na quinta-feira (13), a decisão final sobre a parceria entre o Nubank e a Claro para a oferta de serviço de telefonia móvel pelo banco, denominado Nucel. O projeto, que funciona como uma operadora móvel virtual (MVNO), está em operação desde o início de 2025, mas enfrenta questionamentos regulatórios.

A parceria entre as empresas foi anunciada em outubro de 2024, com o modelo MVNO, onde o Nubank utiliza a infraestrutura da Claro, mas gerencia a prestação do serviço para seus clientes. No entanto, um entrave regulatório envolvendo uma cláusula de exclusividade no contrato entre as duas partes levou a uma revisão detalhada da Anatel, resultando em mais um adiamento da decisão.

Leia mais:

Starlink cresce no Brasil: Anatel avalia riscos para a soberania digital

anatel
Imagem: Reprodução/Anatel

Por que a Anatel questiona o acordo?

A principal preocupação da Anatel está em uma cláusula contratual que estabelece exclusividade entre Nubank e Claro. O texto especifica que o banco não pode firmar acordos com outras operadoras sem a anuência da Claro:

“As Partes acordam que o Nubank não poderá, a seu exclusivo critério, sem anuência da Claro, celebrar contratos de representação com outras pessoas jurídicas autorizadas a prestar o SMP pela Anatel, para que o Nubank atue como credenciado ou autorizado de outras Prestadoras Origem”.

A Superintendência de Competição da Anatel recomendou a remoção dessa cláusula, argumentando que as Ofertas de Referência de Produtos de Atacado (ORPAs), estabelecidas após a compra da Oi Móvel por Claro, Vivo e TIM, proíbem exclusividade nas ofertas de MVNOs.

Contudo, Claro e Nubank recorreram da exigência e conseguiram uma decisão favorável do presidente da Anatel, Carlos Baigorri, que concedeu efeito suspensivo à determinação da Superintendência. Agora, o caso será analisado pelo Conselho Diretor da Anatel, que ainda não definiu um veredicto final.

O que está em jogo na decisão?

Mão segurando celular exibindo logo da Claro na tela. Ao fundo a logo da Claro também é destacado.
Imagem: Rafapress / shutterstock.com

O impasse levanta um debate sobre concorrência e flexibilidade regulatória. A Anatel argumenta que as regras das ORPAs foram criadas para garantir equidade no setor, evitando que operadoras maiores estabeleçam barreiras competitivas para MVNOs.

Por outro lado, Claro e Nubank defendem que acordos comerciais exclusivos fazem parte da estratégia de mercado e podem trazer benefícios para ambas as partes. O Nubank sustenta que a exclusividade possibilitou melhores condições e investimentos no serviço, algo que poderia ser comprometido se a exigência da Anatel for mantida.

Novo adiamento e próximos passos

O tema foi pautado para a reunião do Conselho Diretor da Anatel nesta quinta-feira (13/3). No entanto, o relator do caso, Vicente Aquino, solicitou um novo prazo de 120 dias para apresentar seu voto. Esse já é o segundo adiamento do parecer, sendo que um prazo semelhante já havia sido solicitado em novembro de 2024.

Com isso, a decisão sobre a validade do acordo entre Nubank e Claro deve ficar para meados de julho de 2025. Até lá, o serviço Nucel continua operando normalmente, mas pode enfrentar desafios caso a Anatel decida impor mudanças no contrato.

Impacto para clientes e para o mercado de telecomunicações

Nubank
Imagem: Divulgação / Nubank

A definição da Anatel sobre esse caso pode impactar não apenas o Nucel, mas também o mercado de operadoras móveis virtuais no Brasil. Atualmente, as MVNOs representam uma alternativa para consumidores que buscam serviços diferenciados e pacotes mais acessíveis. Se a Anatel endurecer as regras contra a exclusividade, outras fintechs ou empresas interessadas em atuar nesse setor podem enfrentar restrições em suas negociações com grandes operadoras.

Para os clientes do Nubank, a expectativa é que a parceria com a Claro continue a oferecer um serviço estável e competitivo, independentemente da decisão final. No entanto, caso a Anatel exija mudanças contratuais, a empresa pode precisar renegociar condições ou até buscar parcerias alternativas no futuro.

Considerações finais

A discussão sobre a parceria entre Nubank e Claro para a oferta do serviço Nucel está longe de um desfecho. Com um novo adiamento da decisão na Anatel, a definição final pode demorar até julho de 2025. Enquanto isso, o serviço segue em funcionamento, mas sob um olhar atento do regulador.

A polêmica em torno da cláusula de exclusividade coloca em evidência um dilema regulatório: garantir maior concorrência no setor de telecomunicações ou permitir maior flexibilidade comercial entre empresas privadas. Independentemente do resultado, o caso servirá como um precedente importante para futuras parcerias entre fintechs e operadoras no Brasil.

Imagem: Reprodução/ Anatel

Adicionar aos favoritos o Link permanente.