Mulher pula de prédio para fugir de tentativa de feminicídio: ‘Não podia ser mais um número’

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga uma tentativa de feminicídio em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Jhenipher Sabriny de Oliveira, de 31 anos, precisou pular do segundo andar do prédio onde morava para fugir do marido, que tentava matá-la a facadas.

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O suspeito, de 32 anos, teve mandado de prisão expedido no último dia 10, mas continua foragido da polícia. Foram requeridas medidas protetivas e a investigação está em andamento na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Contagem.

Em conversa com o BHAZ, Jhenipher relata que tudo começou no dia 12 de fevereiro, quando ela chegou em casa do trabalho e o marido pediu R$ 10 mil em dinheiro. A mulher negou, dizendo que o valor estava destinado para o pagamento de contas da empresa do casal.

“Eu sabia que ele tem um histórico de drogas e R$ 10 mil em dinheiro para ir à rua só poderia ser isso. Foi nessa hora que ele pegou uma faca na cozinha e veio atrás de mim. Ele me disse ‘você nunca mais vai me negar nada, nem me dar trabalho, porque hoje eu vou te matar”, lembra.

Diante da ameaça, a mulher encurralada buscou por uma saída, até que viu a janela do quarto do casal. Jenipher viu um momento de distração do homem e se jogou para fora do cômodo.

“A sensação era tão pavorosa que filme de terror nenhum consegue relatar. Eu tremia, eu sabia que eu iria morrer. Eu falei ‘Deus, eu não vou ser mais um número’. Foi quando eu olhei para a janela e pensei ‘eu tenho uma chance’”.

(Arquivo pessoal)

No hospital

Já no chão, a vítima gritou por socorro até que os vizinhos apareceram. “O pessoal juntou para me ajudar, mas ele disse que eu era esposa dele, que ele iria me socorrer”, diz. A mulher chegou a protestar, mas as testemunhas pensaram que ela estivesse alucinando por causa da queda.

O suspeito a colocou dentro do carro e deixou o condomínio onde moravam. No meio do caminho, o veículo cruzou com uma viatura da Polícia Militar, e Jhenipher colocou uma das mãos para fora para pedir ajuda. Os policiais abordaram o casal, mas o homem disse que levaria a mulher até a UPA Ressaca, em Contagem, e seguiu viagem.

“No meio do caminho ele me ameaçou. Disse ‘se você me entregar eu vou lá no interior e vou matar seu filho e sua mãe. Em todo o tempo ele dizia ‘não esquece o nosso compromisso’”, conta Jhenipher.

Na unidade de saúde, Jhenipher soube a gravidade dos ferimentos: dois braços e duas pernas quebrados, além de fraturas na bacia e nos dois punhos. Ela ficou internada por 12 dias, tendo apenas o seu agressor como acompanhante.

“Eu fiz o jogo dele, não contei para ninguém porque eu tinha medo dele me matar ou matar a minha família. E ele não aceitava ninguém entrar, só ele”.

Pedido de ajuda

Jhenipher conseguiu ligar para uma advogada no dia 24 de fevereiro, durante o intervalo de tempo em que o marido precisou deixar o hospital. Ela contou sobre a violência e a representante procurou a polícia em busca de uma medida protetiva.

“Quando saiu a medida protetiva ela voltou para o hospital e passou para a equipe médica tudo o que tinha acontecido. Eles me trocaram de ala, de identidade, fizeram tudo o que podiam”, afirma.

A partir daí, a mulher continuou o tratamento longe do suspeito, que está foragido. Ela ficou internada até o dia três de março, quando recebeu alta médica. Ela conta que decidiu expor o caso na mídia para que o homem seja localizado o mais rápido posível.

“Resolvi expor a minha imagem e relatar o ocorrido para fazer justiça. E eu sei que muitas mulheres podem ver o meu relato e vão ter coragem de agir, de falar se algo acontecer. Se eu nao tivesse pulado, eu não estaria aqui e se eu estou viva é porque tenho um propósito, finaliza”.

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