
No final de 2024, o cenário econômico parecia incerto para os investidores brasileiros. O Itaú (ITUB4), um dos maiores bancos privados do país, adotava uma visão pessimista em relação à Bolsa, recomendando uma alocação mínima em ações brasileiras para investidores moderados. Porém, esse panorama mudou significativamente no início de 2025, com o banco revisando suas expectativas e passando a ter uma visão neutra do mercado. O ajuste nas previsões é reflexo de uma conjuntura internacional mais favorável, mesmo com a alta da taxa básica de juros e a manutenção de desafios fiscais internos.
Este artigo detalha como o cenário cambial e a política internacional influenciam a nova estratégia de investimentos do Itaú, além de indicar onde alocar recursos em 2025.
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O que mudou no cenário econômico?

O fim de 2024: visão pessimista do Itaú
No final de 2024, o Itaú recomendava aos investidores moderados uma alocação de apenas 3% de seus portfólios em ações brasileiras. Essa recomendação refletia a visão negativa do banco sobre o desempenho da Bolsa local naquele momento, marcada por uma conjuntura fiscal e econômica desafiadora no Brasil. Além disso, a expectativa de alta nas taxas de juros e incertezas internas reforçavam o sentimento de cautela no mercado.
A mudança de perspectiva em 2025
Com o início de 2025, o Itaú revisou sua posição. O banco agora adota uma perspectiva neutra para a Bolsa, o que significa uma alocação de 5% em ações brasileiras para o perfil de investidor moderado. Essa mudança de postura reflete uma melhora no cenário internacional, em especial nas questões cambiais e no fluxo de investimentos externos, que agora favorecem o Brasil.
O papel do dólar e a conjuntura internacional
Um dos principais fatores que influenciou a mudança de perspectiva foi a queda do dólar frente ao real. A moeda americana perdeu força, com uma desvalorização de 8,5% contra o real apenas em 2025, o que teve um impacto positivo sobre a inflação brasileira. A queda do dólar também ajudou a aliviar parte da pressão inflacionária no país, criando um ambiente mais propício para os negócios.
Além disso, as políticas econômicas implementadas pelo governo do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, incluindo tarifas e uma postura fiscal expansionista, começaram a afetar o desempenho da economia americana. A guerra comercial promovida por Trump tem levado a uma revisão das expectativas em relação às bolsas de valores dos Estados Unidos, com os investidores começando a redistribuir seus investimentos, especialmente em mercados emergentes como o Brasil.
Impactos do fluxo de capital global
De acordo com Martin Iglesias, especialista líder em investimentos do Itaú, a reconfiguração do fluxo de capital global tem sido benéfica para o Brasil. A queda do dólar e a diminuição do apetite dos investidores pelas ações americanas criaram um ambiente mais favorável para os mercados locais, com o retorno de capital estrangeiro.
O novo cenário fiscal no Brasil
Apesar das melhorias no cenário externo, o Itaú ainda mantém uma visão cautelosa em relação à política fiscal interna do Brasil. A alta da taxa Selic para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016, e a falta de uma perspectiva clara de melhora na parte fiscal são fatores que continuam a influenciar as recomendações de investimentos. Contudo, o banco atualizou suas previsões para a Selic “terminal”, reduzindo a expectativa de 15,75% para 15,25% ao ano.
Onde investir: a estratégia recomendada pelo Itaú

Ações brasileiras e externas
Com o cenário mais favorável para o Brasil, o Itaú passou a recomendar a alocação de recursos tanto em ações brasileiras quanto em papéis de empresas americanas hedgeadas em real. A estratégia busca equilibrar o risco com a possibilidade de aproveitar o melhor dos dois mercados, considerando as flutuações do câmbio e as condições econômicas internas e externas.
Renda fixa: a preferência no portfólio
A renda fixa segue sendo a principal recomendação do Itaú para os investidores em 2025. O banco sugere que 53% do portfólio seja alocado em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, que oferecem maior segurança em um ambiente de juros elevados. Além disso, a recomendação é de 27% em títulos atrelados à inflação, como os Tesouros IPCA+, e 5% em prefixados.
Multimercados e fundos de renda fixa ativos
Embora a renda fixa seja a maior recomendação, o Itaú também sugere diversificação com 7% do portfólio em fundos multimercados e 3% em fundos de renda fixa ativos, que buscam superar o benchmark. Esses fundos oferecem uma alternativa para investidores que buscam uma rentabilidade superior à dos investimentos tradicionais, aproveitando a volatilidade do mercado.
A visão do Itaú para 2025: um cenário promissor?

A combinação de fatores positivos e negativos
Apesar da manutenção de desafios fiscais e da alta taxa de juros, o Itaú acredita que 2025 oferece boas oportunidades tanto na renda fixa quanto na Bolsa. O banco ressalta que o espaço para investimentos em renda fixa, com a expectativa de juros elevados, é atrativo para investidores que buscam segurança. Por outro lado, o retorno do capital externo e a queda do dólar tornam o mercado de ações mais atraente, o que pode beneficiar os investidores que optarem por uma alocação em Bolsa.
A importância da diversificação
O Itaú enfatiza a importância da diversificação para mitigar riscos e otimizar os resultados. Em um cenário de incerteza global, a diversificação entre renda fixa e ações, tanto brasileiras quanto estrangeiras, pode proporcionar uma rentabilidade equilibrada, aproveitando as oportunidades de crescimento em diferentes frentes.
Conclusão
O cenário para a Bolsa brasileira, que no final de 2024 parecia desafiador, agora apresenta uma perspectiva mais positiva, principalmente em função da queda do dólar e do fluxo de investimentos externos. O Itaú atualizou suas previsões para 2025, passando de uma visão pessimista para uma neutra, o que reflete a melhora nas condições econômicas globais. Apesar das dificuldades internas, como a alta da Selic e os desafios fiscais, a recomendação do Itaú para investidores moderados é de buscar um equilíbrio entre ações e renda fixa, com foco na diversificação. O ano de 2025 promete ser um bom momento para aqueles que sabem como navegar pelos riscos e aproveitar as oportunidades do mercado.