Selic em alta: veja como Itaú, Bradesco, BTG e Santander estão posicionando seus investimentos

Imagem ilustrativa da taxa Selic com três dados entre pilhas de moedas

Na quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando-a de 13,25% para 14,25% ao ano. Este é o maior patamar desde setembro de 2016, refletindo uma tentativa de conter a inflação e estabilizar a economia brasileira em um cenário fiscal ainda incerto.

Com essa nova elevação, os principais bancos do país — como Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual — atualizaram suas recomendações de alocação de ativos e ajustaram as projeções para a taxa terminal da Selic, que agora giram entre 15,25% e 15,5% ao ano.

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Decisão do Copom de elevar a Selic: impacto na Bolsa e no dólar

a palavra “Selic” escrita no visor de uma calculadora que está em cima de notas de R$ 50 e R$ 100
Imagem: rafastockbr/ shutterstock.com

Entenda o novo cenário econômico

O que motivou o aumento da Selic

O aumento da Selic é uma resposta do Banco Central ao cenário inflacionário persistente. A taxa de inflação acumulada em 12 meses segue pressionada, e há uma crescente preocupação com os efeitos fiscais das medidas recentes do governo.

Além disso, incertezas externas, como a desaceleração econômica nos Estados Unidos e as políticas protecionistas do governo Trump, têm levado investidores estrangeiros a redirecionarem capital para mercados emergentes como o Brasil, afetando o câmbio e, indiretamente, a inflação.

As projeções dos principais bancos

Itaú: cenário mais otimista para a Bolsa e forte peso na renda fixa

O Itaú Unibanco projeta uma Selic de até 15,25% ao ano, mas já vê um cenário mais favorável para a Bolsa brasileira em relação ao fim de 2024. A redução no valor do dólar e a entrada de capital estrangeiro são vistos como fatores que podem atenuar a pressão inflacionária.

Alocação recomendada pelo Itaú:

  • 53% em renda fixa pós-fixada (como Tesouro Selic)
  • 27% em títulos atrelados à inflação
  • 5% em prefixados
  • 3% em fundos de renda fixa ativa
  • 7% em multimercados
  • 5% em ações, com parte em Bolsa local e parte em papéis americanos com hedge em real

Segundo Martin Iglesias, especialista do Itaú, “há boas oportunidades tanto em renda fixa quanto na Bolsa, principalmente para o investidor que busca diversificação”.

Ágora Investimentos (Bradesco): renda fixa é destaque absoluto

A Ágora Investimentos, braço de investimentos do Bradesco, reforça o protagonismo da renda fixa pós-fixada. A corretora considera o atual cenário de juros altos como ideal para o investidor conservador e também para os perfis moderado e arrojado.

Alocação recomendada pela Ágora:

  • 58% em pós-fixados
  • 16,5% em títulos atrelados à inflação
  • 5% em prefixados
  • 4% em ações
  • O restante é dividido entre fundos multimercados, ativos internacionais e alternativos, como FIIs

Para Ellen Steter, especialista da Ágora, “os prêmios da renda fixa são os mais atrativos dos últimos anos. A segurança e a previsibilidade desses ativos tornam-nos indispensáveis em qualquer carteira”.

Santander: visão conservadora diante de incertezas fiscais

Santander
Imagem: Freepik e Canva

O Santander adota uma postura mais cautelosa. A instituição projeta a Selic em 15,5% ao ano e vê uma inflação persistente até o final de 2025, com expectativa de IPCA em 6% e dólar em torno de R$ 6.

Estratégia de alocação do Santander:

  • Tesouro Selic como principal ativo
  • CDBs com liquidez diária, preferencialmente cobertos pelo FGC
  • LCIs e LCAs, isentas de Imposto de Renda

Caio Camargo, estrategista do Santander, alerta para a falta de gatilhos positivos na Bolsa brasileira no curto prazo: “o cenário de juros longos e incerteza fiscal dificulta a performance das empresas listadas”.

BTG Pactual: recomendação de maior peso na renda fixa

O BTG Pactual também aposta na renda fixa, recomendando que 75% da carteira balanceada esteja alocada nesse tipo de ativo. A expectativa é de Selic terminal em 15,25%, com viés conservador diante da fragilidade fiscal do país.

Composição da carteira sugerida pelo BTG:

  • 42% em pós-fixados
  • 30% em inflação (Tesouro IPCA+)
  • 3% em prefixados
  • 13% em fundos multimercado
  • 7,5% em ações (Ibovespa)
  • 4,5% em ativos alternativos (FIIs, criptos e moedas)

Segundo o estrategista Felipe Frasson, “com a curva de juros precificando novos aumentos, é mais prudente manter o portfólio conservador, priorizando renda fixa e ativos líquidos”.

O que muda para o investidor com a Selic em 14,25%

Renda fixa ganha atratividade

A principal consequência da alta da Selic é o fortalecimento da renda fixa, que volta a entregar retornos expressivos com baixo risco. Investimentos como Tesouro Selic, CDBs, LCIs/LCAs e fundos atrelados ao CDI tornam-se os preferidos dos bancos e dos investidores.

Com a taxa básica de juros em 14,25%, um Tesouro Selic pode render isso ao ano, praticamente sem risco, o que é extremamente competitivo em relação a outras alternativas de investimento.

Bolsa perde fôlego no curto prazo

A Bolsa de Valores tende a sentir os efeitos do juro alto, já que isso impacta diretamente no custo de capital das empresas e reduz o apetite por ativos de risco. Embora alguns bancos, como o Itaú, estejam mais otimistas, o consenso é de cautela no curto prazo, com maior exposição recomendada à renda fixa.

Comparativo de alocação entre os bancos

Blocos de madeira com sinal de porcentagem e seta para cima, crescimento financeiro, aumento da taxa de juros, conceito de inflação
Imagem: SewCreamStudio/shutterstock.com
Banco Pós-fixado (%) Inflação (%) Prefixado (%) Ações (%) Multimercado (%) Alternativos (%)
Itaú 53 27 5 5 7 3
Ágora 58 16,5 5 4
Santander Alta (sem % fixo) Foco em LCIs/LCAs Visão negativa
BTG Pactual 42 30 3 7,5 13 4,5

Considerações finais

A decisão do Copom de elevar a Selic para 14,25% ao ano marca um novo capítulo na política monetária brasileira. A taxa, agora no maior nível desde 2016, impõe mudanças significativas no mercado financeiro e nas estratégias de investimento.

Com os principais bancos reforçando a renda fixa como eixo central das alocações, o investidor tem um momento ideal para aproveitar a alta dos juros com segurança e liquidez. Ao mesmo tempo, é preciso manter a diversificação, especialmente com exposição moderada a Bolsa e ativos alternativos, de acordo com o perfil de risco.

Diante de um cenário ainda incerto, com pressões fiscais e volatilidade global, a palavra de ordem para 2025 é: prudência.

Imagem: rafastockbr / Shutterstock.com

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