Copom indica que terá desaceleração na alta da Selic a partir de maio

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, responsável pela definição da taxa básica de juros, sinalizou em março de 2025 que a Selic deve desacelerar a partir de maio. Após três reuniões consecutivas elevando a taxa em 1 ponto percentual, a expectativa é que o próximo aumento seja mais moderado, de até 0,75 ponto percentual. Essa mudança indica que o ciclo de alta pode estar próximo do fim, impactando diretamente as previsões do mercado financeiro.

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A reação do mercado financeiro

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Imagem: Freepik

Com a divulgação da ata da reunião do Copom, o mercado financeiro reagiu rapidamente. Analistas começaram a revisar suas expectativas para a taxa Selic, apontando para a possibilidade de que o ciclo de aumento possa ser encerrado até junho de 2025.

Apesar de o Copom não ter confirmado que o aumento de maio será o último, a sinalização de desaceleração já gerou mudanças significativas nas previsões de economistas e instituições financeiras.

A principal preocupação do mercado é a desancoragem das expectativas, que ocorre quando as previsões sobre a inflação e a política monetária ficam distantes das metas estipuladas pelo Banco Central. A incerteza sobre a economia brasileira, marcada por uma desaceleração na atividade, também pesa nas decisões do Copom.

Por outro lado, a resiliência da economia brasileira, que tem mostrado uma recuperação sólida, foi destacada pelo Copom. Mesmo diante de um cenário de desaceleração, a atividade econômica tem se mantido mais forte do que o esperado, o que pode ajudar a justificar a desaceleração da política de juros.

A projeção para os próximos meses

Diversas instituições financeiras já começaram a ajustar suas previsões para a Selic. O BMG e o BNP Paribas, por exemplo, apontam que a Selic poderá sofrer mais um aumento, atingindo um patamar entre 15% e 15,25% até o mês de junho de 2025.

Essas previsões estão alinhadas com o cenário de desaceleração gradual do aumento da taxa. O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, destacou que o Copom costuma mencionar as defasagens da política monetária antes de encerrar o ciclo de ajustes. Isso ocorre porque a política monetária tem um efeito retardado sobre a economia, e o impacto das decisões de aumento de juros leva algum tempo para ser totalmente sentido.

Em maio de 2022, o Copom também fez menções a defasagens na ata da reunião, mas ainda assim continuou com o aumento da Selic por mais dois encontros consecutivos. Esse histórico sugere que, mesmo com a sinalização de desaceleração, o ciclo de alta não se encerrará imediatamente, e a possibilidade de mais aumentos não está descartada.

As projeções de outras instituições financeiras

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Imagem: casa.da.photo / shutterstock.com

Além das projeções do Itaú Unibanco, outros grandes bancos e instituições financeiras também estão revisando suas expectativas para a Selic. O Bank of America, Barclays, Daycoval e BTG Pactual, por exemplo, estimam que a taxa básica de juros pode subir mais duas vezes, alcançando a marca de 15,25%.

Essa previsão reflete o reconhecimento de que a inflação no Brasil ainda apresenta desafios significativos, embora tenha mostrado uma tendência de desaceleração. A alta dos preços e a necessidade de controle da inflação continuam a ser questões centrais para o Banco Central, e isso deve ser levado em consideração nas futuras decisões sobre a Selic.

A desaceleração da economia e o impacto na política monetária

A desaceleração da economia brasileira tem sido um fator importante nas decisões do Copom nos últimos meses. A combinação de uma inflação persistentemente alta e um crescimento econômico mais fraco tem criado desafios para a política monetária. No entanto, a resiliência de setores chave da economia, como o agronegócio e as exportações, ajudou a mitigar os impactos negativos.

Essa desaceleração, no entanto, não significa que a recuperação econômica esteja completamente comprometida. A economia brasileira tem se mostrado mais robusta do que muitos analistas previam, o que contribui para a confiança do Copom em moderar seus ajustes na taxa Selic.

O papel da inflação e das expectativas econômicas

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A inflação continua sendo um dos maiores desafios para a economia brasileira. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador da inflação, tem registrado índices elevados nos últimos meses, mas com uma leve desaceleração. A pressão inflacionária está sendo causada por diversos fatores, incluindo o aumento dos preços das commodities, os custos de produção e a pressão sobre os preços administrados.

O Copom, ao sinalizar uma desaceleração nos aumentos da Selic, busca equilibrar o controle da inflação com o estímulo à atividade econômica. Se a inflação continuar em níveis elevados, o Banco Central poderá ser forçado a adotar uma política mais agressiva no futuro. Por outro lado, se a economia desacelerar demais, o Copom poderá precisar reduzir a taxa de juros para estimular o crescimento.

Conclusão

O anúncio do Copom sobre a desaceleração do aumento da taxa Selic a partir de maio de 2025 reflete uma tentativa de equilibrar a necessidade de controlar a inflação com a realidade de uma economia brasileira que, apesar de desacelerada, tem mostrado sinais de resiliência. A previsão de mais aumentos no curto prazo ainda está no radar, mas o fim do ciclo de alta pode estar próximo.

O mercado financeiro e as instituições financeiras continuam a revisar suas previsões, e as próximas reuniões do Copom serão cruciais para determinar os próximos passos na política monetária do país. Com um cenário econômico cheio de incertezas, a política de juros continuará a ser um dos principais instrumentos de controle da inflação e estímulo à recuperação econômica no Brasil.

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