Dólar em alta com tarifas de Trump em destaque; Ibovespa acompanha tendência de queda

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O mercado financeiro brasileiro começou a semana em compasso de espera. Nesta segunda-feira (24), o dólar à vista operava com leve alta frente ao real, influenciado pelas incertezas em torno dos planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e indicadores econômicos nacionais no radar.

Às 14h18, a moeda norte-americana subia 0,04%, cotada a R$ 5,730 na venda. Durante a manhã, chegou a atingir a máxima do dia em R$ 5,7717, com avanço de 1%, refletindo a volatilidade do mercado diante das expectativas em torno do cenário internacional e fiscal doméstico.

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Imagem: Evan El-Amin/shutterstock.com

Expectativas sobre tarifas dos EUA elevam a cautela

Medidas de Trump geram incertezas

O foco dos investidores internacionais voltou-se para os movimentos comerciais dos Estados Unidos, sobretudo diante da aproximação do prazo de 2 de abril, quando o ex-presidente Donald Trump, novamente na Casa Branca, promete anunciar um novo pacote de tarifas recíprocas.

O objetivo, segundo Trump, é reagir a barreiras comerciais impostas por parceiros às importações norte-americanas. No entanto, as informações ainda são nebulosas. De acordo com reportagens da Bloomberg News e do The Wall Street Journal, a tendência é que o governo dos EUA exclua alguns setores específicos das novas sanções tarifárias, o que pode amenizar os impactos imediatos nos mercados.

Volatilidade e receio de guerra comercial

As incertezas sobre a política comercial dos EUA têm provocado nervosismo entre investidores. Desde sua volta à presidência, Trump vem alternando declarações de ameaça com recuos estratégicos, o que aumenta a volatilidade dos mercados globais. O temor maior é o surgimento de uma nova guerra comercial, com efeitos inflacionários e recessivos para os Estados Unidos e seus parceiros.

Até agora, as tarifas efetivamente aplicadas por Trump incluem:

  • 20% sobre produtos chineses
  • 25% sobre aço e alumínio
  • 25% sobre itens do Canadá e México, em caso de descumprimento de normas comerciais do bloco norte-americano

Dólar sobe e Ibovespa recua

Reação imediata dos mercados

No mesmo horário em que o dólar operava em leve alta, o Ibovespa, principal índice da B3 e referência do mercado acionário brasileiro, recuava 0,62%, aos 131.458,95 pontos. A queda reflete a combinação de cautela global e incertezas fiscais domésticas, além da expectativa por novos dados econômicos ao longo da semana.

Índice do dólar em movimento

No cenário internacional, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes — também registrava leve avanço de 0,06%, atingindo 104,090 pontos, reforçando a valorização da moeda norte-americana em um ambiente de maior aversão ao risco.

Brasil pode ser afetado por regime tarifário

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Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

País figura entre os mais tarifados

O Brasil entrou no radar do mercado como possível alvo das medidas protecionistas dos EUA. Segundo Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank, “a notícia de que as tarifas podem ser mais direcionadas está deixando a moeda brasileira de fora do otimismo em relação ao dólar, uma vez que o Brasil se destaca por ter um dos maiores regimes tarifários”.

Países com desequilíbrios comerciais estão na mira

De acordo com analistas, nações com desequilíbrios comerciais frente aos EUA, como é o caso do Brasil, tendem a ser mais expostas a eventuais sanções. “As medidas devem priorizar países do G20, que já estavam no radar dos EUA”, completou Moutinho.

No Brasil, cenário fiscal preocupa investidores

Governo busca medidas para conter inflação

No front doméstico, o dólar também reage às incertezas em relação às contas públicas brasileiras. Com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em queda, o governo discute medidas para reduzir o preço dos alimentos, o que pode aumentar os gastos públicos e impactar o equilíbrio fiscal.

Fala de Haddad busca acalmar o mercado

Durante um evento promovido pelo jornal Valor Econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou estar “confortável com o funcionamento do arcabouço fiscal”, mas reconheceu a necessidade de ajustes na máquina pública para garantir a efetividade do modelo.

A fala foi interpretada como um sinal de comprometimento com o equilíbrio fiscal, mas não afastou completamente as preocupações dos investidores, que seguem atentos à evolução das despesas governamentais.

Selic elevada e ata do Copom em destaque

Selic mantida em 14,25% ao ano

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, fixando os juros básicos da economia em 14,25% ao ano. Foi o terceiro aumento consecutivo, o que reforça o esforço da autoridade monetária para conter a inflação.

Ata será divulgada nesta terça-feira

Os investidores aguardam agora a ata da reunião do Copom, que será publicada nesta terça-feira (25). O documento deve esclarecer os motivos do ajuste e indicar os próximos passos da política monetária. A expectativa é que a ata traga sinais mais firmes sobre o ritmo de elevações futuras da Selic e seus possíveis impactos no crescimento da economia.

Projeções econômicas recuam

Pesquisa Focus aponta queda na expectativa de crescimento

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo Banco Central, indicou leve revisão para baixo nas projeções econômicas. Os analistas consultados reduziram a estimativa de crescimento do PIB para 2025 de 1,99% para 1,98%. A previsão de inflação medida pelo IPCA também caiu, de 5,66% para 5,65%.

Esses números refletem o cenário de incerteza econômica, tanto interna quanto externa, além do impacto da política monetária mais rígida em curso.

Principais fatores que influenciam o dólar

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Imagem: jcomp/Freepik

Panorama internacional

  • Medidas tarifárias dos EUA
  • Incertezas sobre guerra comercial
  • Comportamento do índice do dólar
  • Desaceleração da economia global

Contexto doméstico

  • Sustentabilidade do arcabouço fiscal
  • Riscos de aumento de gastos públicos
  • Inflação e política monetária
  • Falas de autoridades econômicas

O que esperar nos próximos dias

O comportamento do dólar nos próximos dias deve continuar sendo influenciado por três eixos principais:

  1. Definições sobre as tarifas dos EUA, especialmente após o anúncio esperado para 2 de abril;
  2. Sinais do Banco Central brasileiro, com a ata do Copom e discursos de dirigentes;
  3. Avanço das discussões fiscais no Brasil, incluindo medidas para conter preços e os desdobramentos políticos em Brasília.

Enquanto o cenário externo continua gerando volatilidade, a situação fiscal brasileira permanece como ponto de atenção constante, exigindo cautela dos investidores e planejamento por parte do governo.

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