Ostentar em rede social pode dedurar sonegação de Imposto de Renda

Receita Federal

Nos últimos anos, a Receita Federal tem intensificado suas ações de fiscalização e, com o avanço da tecnologia, um dos principais alvos de monitoramento são as redes sociais dos contribuintes. O objetivo? Identificar inconsistências nas declarações de Imposto de Renda e buscar indícios de sonegação fiscal. A cada novo ano, as autoridades tributárias aumentam suas capacidades de cruzar informações, e a ostentação nas redes sociais pode ser um fator de risco para quem tenta esconder rendimentos ou bens.

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O monitoramento das redes sociais: uma prática consolidada

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Imagem: Twin Design / Shutterstock.com

A Receita Federal já realiza o monitoramento das redes sociais há vários anos. Em 2024, um dos principais motivos que levaram os contribuintes à malha fina foi a omissão de rendimentos, que representou cerca de 30% dos casos. Para especialistas em direito tributário, essa é uma prática que já vem sendo observada desde pelo menos 2017, e a tendência é que se torne cada vez mais comum.

A gerente de Negócios da Agência Sicredi Champagnat, Aline Soares de Figueiredo Lima, destaca que, com o passar do tempo, a Receita tem se tornado mais eficiente ao analisar a presença dos contribuintes nas redes sociais. “Hoje em dia, as redes sociais não são apenas uma vitrine social, mas também um espaço para observação fiscal”, afirmou.

Como a ostentação pode prejudicar o contribuinte?

Publicações nas redes sociais mostrando bens de alto valor, viagens luxuosas ou uma vida de ostentação podem ser interpretadas pela Receita Federal como indícios de que os rendimentos declarados não condizem com o estilo de vida da pessoa. A inconsistência entre o que é declarado no Imposto de Renda e o que é exibido publicamente pode levantar suspeitas e levar à malha fina.

Aline Soares ainda alerta: “É fundamental que as declarações de Imposto de Renda reflitam a realidade financeira do contribuinte, evitando penalidades e complicações com o Fisco”. Em 2017, por exemplo, mais de dois mil contribuintes foram pegos na malha fina por se exibirem nas redes sociais, contradizendo as informações apresentadas em suas declarações.

A tecnologia e a evolução da fiscalização

Outro fator que tem tornado a fiscalização da Receita Federal mais rigorosa é o uso de tecnologias avançadas. A Receita Federal não se limita apenas à análise de redes sociais; ela também utiliza ferramentas de cruzamento de dados, inteligência artificial e supercomputadores para realizar verificações minuciosas de informações.

Além disso, a malha fina da Receita conta com mais de 160 filtros de checagem. Esses filtros cruzam dados pessoais, como CPF, endereço e dependentes, além de informações financeiras, como movimentações bancárias e declarações de rendimentos.

Casos de fiscalização e apreensão de bens

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Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em 2019, a Receita Federal fez uma apreensão significativa em São Paulo, onde confiscou 60 celulares e 100 relógios inteligentes em uma loja no Centro da cidade. O valor estimado dos produtos era de R$ 150 mil. O motivo? O proprietário da loja estava “ostentando” esses bens nas redes sociais, o que gerou uma investigação sobre sua atividade comercial e a declaração de seus rendimentos.

Como evitar cair na malha fina?

Para evitar ser flagrado pela Receita Federal, é essencial que o contribuinte seja transparente e honesto ao preencher sua declaração de Imposto de Renda. Algumas dicas incluem:

  1. Evite discrepâncias entre o estilo de vida e os rendimentos declarados. Se você exibe nas redes sociais uma vida de luxo, mas sua declaração de renda não condiz com isso, corre-se o risco de ser investigado.
  2. Mantenha a documentação em dia. É importante ter todos os documentos que comprovem os rendimentos, despesas e deduções realizadas.
  3. Declaração precisa. A omissão de rendimentos é um dos principais motivos de malha fina. Declara tudo que foi recebido durante o ano.

As consequências de cair na malha fina

Caso o contribuinte seja flagrado pela malha fina, ele deve corrigir a situação enviando uma declaração retificadora. Além disso, terá de pagar a diferença ao governo. Se o contribuinte discordar da autuação, poderá apresentar documentos ao Fisco para comprovar a veracidade das informações. As penalidades podem incluir multas e juros, o que torna fundamental que o contribuinte tenha todos os comprovantes necessários à mão.

Quem deve declarar o Imposto de Renda em 2024?

Em 2024, alguns grupos de contribuintes precisam obrigatoriamente declarar o Imposto de Renda. Entre os principais critérios estão:

  • Quem obteve rendimentos superiores a R$ 33.888 no ano de 2024, seja com salário, aposentadoria ou outras fontes.
  • Quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados na fonte superiores a R$ 200 mil.
  • Contribuintes que realizaram vendas de bens, como imóveis, e que obtiveram ganho de capital.
  • Aqueles que realizaram operações superiores a R$ 40 mil na bolsa de valores.

O prazo de entrega da declaração vai de 17 de março a 30 de maio de 2024. Quem não entregar dentro desse período está sujeito a uma multa que varia de R$ 165 a 20% do imposto devido.

Novidades e principais documentos necessários

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Imagem: Rawpixel.com / shutterstock.com

A Receita Federal implementou algumas mudanças em 2024. A declaração pré-preenchida estará disponível a partir de 1º de abril, e a prioridade será para aqueles que usaram essa função e optaram pela restituição via Pix.

Além disso, a documentação necessária para a declaração inclui RG, CPF, comprovante de residência, informe de rendimentos do empregador e dados sobre gastos com saúde e educação.

Conclusão

Com o avanço da tecnologia e a ampliação das ferramentas de fiscalização, a Receita Federal está mais equipada do que nunca para identificar inconsistências nas declarações de Imposto de Renda. As redes sociais, antes apenas um espaço de interação social, tornaram-se também um campo de observação fiscal. Por isso, é fundamental que os contribuintes estejam atentos às suas publicações e ao que realmente estão declarando, para evitar surpresas desagradáveis com o Fisco.

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