Quem deseja comprar carro ou moto vai enfrentar juros altos; entenda

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Em 2024, os juros de financiamento de veículos no Brasil atingiram um aumento significativo, com uma média de 25,8% ao ano, conforme dados do Banco Central (BC). Esse aumento, que se intensificou em janeiro, chegou a 29,5%, o maior nível desde o pico da pandemia. Este cenário impacta diretamente os consumidores e o mercado de veículos, refletindo em vendas mais lentas e um comportamento cauteloso por parte dos compradores.

Este artigo busca analisar como os juros de financiamento influenciam o mercado de automóveis, os desafios enfrentados pelos consumidores e as expectativas para o futuro do crédito no Brasil.

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O impacto do aumento dos juros de financiamento de veículos

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Imagem: Opat Suvi / Shutterstock.com

A alta nos juros de financiamento de veículos

Em 2024, os juros de financiamento para veículos chegaram a uma média de 25,8% ao ano, refletindo um aumento significativo comparado aos anos anteriores. Em janeiro, a taxa de juros foi ainda mais alta, chegando a 29,5%, um patamar que não era visto desde a pandemia. Esses juros de financiamento mais elevados estão diretamente ligados ao aumento da taxa Selic, adotada pelo Banco Central para combater a inflação.

Esse aumento é o maior desde 2009, quando os juros de financiamento chegaram a 29,8%. Com isso, o crédito para veículos ficou mais caro e inacessível para muitos consumidores, gerando receio no mercado e impactando diretamente as vendas de carros e motos.

A queda dos juros antes da pandemia

Entre 2019 e 2020, as taxas de juros de financiamento estavam abaixo de 20%, o que facilitou a compra de veículos por meio de crédito. Porém, após a pandemia, a inflação e o ciclo de alta da Selic provocaram um aumento nas taxas de financiamento, dificultando o acesso ao crédito. Esse aumento nos juros de financiamento impacta diretamente as condições para compra de veículos novos, afetando especialmente as classes mais baixas da população.

Como a alta dos juros de financiamento afeta as vendas de veículos

O susto do consumidor diante dos juros de financiamento elevados

O dublador Eduardo Drumond, ao tentar financiar seu primeiro carro novo, teve um grande susto ao se deparar com as altas taxas de juros de financiamento. Drumond, que já havia adquirido veículos usados à vista, estava pronto para financiar um carro novo, mas ficou surpreso ao ver as propostas com juros de financiamento muito mais altos do que os anteriores. A sua história é um reflexo das dificuldades que muitos consumidores estão enfrentando ao tentar financiar um veículo em um cenário de juros de financiamento elevados.

Esse relato não é isolado. Muitos consumidores têm se deparado com propostas de financiamento com juros de financiamento muito mais altos, o que tem desestimulado a compra de veículos, levando a uma desaceleração nas vendas.

A desaceleração das vendas de veículos

Apesar de um aumento de 2,9% nas vendas de veículos no primeiro bimestre de 2024, em relação ao ano anterior, o crescimento está abaixo das expectativas do mercado. Especialistas apontam que os juros de financiamento altos são um dos principais fatores que estão impactando a demanda por veículos. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o volume de emplacamentos ficou abaixo do esperado, o que reflete as dificuldades financeiras enfrentadas pelos consumidores devido aos juros de financiamento elevados.

O papel da Selic no aumento dos juros de financiamento

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Imagem: rafastockbr / shutterstock.com

Como a Selic afeta os juros de financiamento?

A taxa Selic, que é a taxa básica de juros no Brasil, tem uma relação direta com os juros de financiamento no mercado. Quando o Banco Central aumenta a Selic, o custo do crédito para os bancos também sobe, fazendo com que as instituições financeiras repassem esse aumento para os consumidores. Com a Selic em alta, os juros de financiamento ficam mais altos, tornando o crédito mais caro e inacessível para uma parcela maior da população.

Murilo Briganti, COO da Bright Consulting, observa que as altas taxas de juros de financiamento devem continuar no curto prazo, pois o Banco Central pretende manter a Selic elevada para controlar a inflação. Esse cenário cria um ambiente difícil para consumidores que dependem do financiamento para adquirir veículos, já que os juros de financiamento elevados encarecem ainda mais as compras.

O aumento do risco de inadimplência

Além do aumento nos juros de financiamento, outro fator importante é o risco de inadimplência, que tem aumentado no Brasil. Com a elevação das taxas de juros, a capacidade de pagamento dos consumidores também fica comprometida, o que pode levar a um aumento na inadimplência. Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência para pessoas físicas foi de 4,37% em fevereiro de 2024. Esse cenário contribui para que os bancos se tornem mais restritivos na concessão de crédito, elevando ainda mais os juros de financiamento e as exigências para a aprovação dos financiamentos.

Estratégias para enfrentar os juros de financiamento elevados

Pagamento à vista: uma alternativa vantajosa

Especialistas recomendam que, sempre que possível, o consumidor opte pelo pagamento à vista. Isso elimina a necessidade de financiar o veículo, evitando assim os juros de financiamento elevados. Aline Soaper, fundadora do Instituto Soaper, afirma que a melhor forma de evitar os juros de financiamento é planejar-se para juntar dinheiro suficiente para pagar o veículo à vista. Investir em produtos de renda fixa, como CDBs ou Tesouro Selic, pode ser uma boa estratégia para alcançar esse objetivo ao longo do tempo.

Além disso, Soaper destaca que veículos são bens passivos, ou seja, geram custos contínuos de manutenção. Portanto, um bom negócio pode ser oferecer um veículo antigo como entrada para a compra de um novo, reduzindo o valor a ser financiado e, consequentemente, o impacto dos juros de financiamento.

Financiamento com entrada maior

Outra estratégia recomendada para lidar com os juros de financiamento elevados é buscar um financiamento com entrada maior e prazos mais curtos. Essa abordagem pode ajudar a reduzir o valor total dos juros pagos ao longo do financiamento, uma vez que a maior parte do valor do veículo já terá sido quitada na entrada. Essa estratégia é uma forma de contornar os altos juros de financiamento e minimizar o impacto do custo total do financiamento.

O futuro dos juros de financiamento e do crédito automotivo

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Imagem: Ground Picture / shutterstock

Embora o cenário de juros de financiamento elevados seja desafiador, o mercado automotivo brasileiro ainda apresenta algumas perspectivas positivas para o futuro. As montadoras e concessionárias devem continuar oferecendo incentivos e taxas subsidiadas para facilitar o acesso ao crédito. No entanto, a manutenção da alta da Selic pode fazer com que os juros de financiamento permaneçam elevados por mais tempo.

O consumidor que conseguir planejar a compra com antecedência, seja por meio de investimentos ou com um pagamento à vista, poderá ter uma vantagem no longo prazo. Mas, para quem depende do financiamento, a expectativa é de que as taxas de juros continuem elevadas até que a inflação esteja sob controle e a Selic comece a cair.

Conclusão

O aumento nos juros de financiamento de veículos em 2024 tem gerado desafios para consumidores e para o mercado automotivo, tornando o crédito mais caro e acessível a menos pessoas. Para enfrentar esse cenário, é importante buscar alternativas como o pagamento à vista ou financiamentos com condições mais favoráveis, como entradas maiores e prazos mais curtos. A tendência é que, com o controle da inflação e ajustes nas taxas de juros, o crédito para veículos se torne mais acessível no futuro, mas, por enquanto, a cautela é essencial ao financiar um veículo.

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