Haddad defende crédito consignado e IRPF como solução ao “superendividamento”

seucreditodigital.com.br haddad fala sobre se tera aumento da contribuicao do mei haddad MEI

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se destacado nas discussões sobre soluções para o superendividamento no Brasil, apresentando propostas que podem alterar significativamente a política fiscal e financeira do país. Em evento realizado pelo jornal Valor Econômico, no dia 24 de março de 2025, Haddad defendeu a criação do crédito consignado privado e a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) como alternativas para reduzir a pressão financeira sobre as famílias brasileiras.

Estas medidas, que visam estimular o consumo e aliviar a carga tributária de quem ganha menos, surgem em um contexto de alta taxa de juros e inflação elevada. No entanto, essas propostas têm gerado controvérsias, especialmente entre economistas que temem que elas possam agravar a inflação e dificultar o controle da política monetária do Banco Central.

Crédito consignado privado

Crédito consignado privado haddad
Imagem: Freepik e Canva

No crédito consignado, as parcelas do empréstimo são descontadas automaticamente da folha de pagamento do contratante. Por conta dessa garantia de pagamento, as taxas de juros tendem a ser mais baixas em comparação com outras opções de crédito.

Leia mais: Novo consignado permite empréstimo a celetistas com taxa reduzida, apesar da alta da Selic, diz Haddad

Fernando Haddad propôs a criação do crédito consignado privado como uma maneira de aumentar a oferta de crédito seguramente para a população, principalmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade. A medida visa possibilitar que mais pessoas tenham acesso ao crédito planejadamente e com menores riscos de endividamento excessivo.

Proposta de Haddad

A proposta do ministro de criar o crédito consignado privado é vista como uma maneira de melhorar o acesso ao crédito sem causar um aumento drástico nas dívidas das famílias. Haddad afirmou que essa medida não contribuiria para o superendividamento, mas sim ajudaria a controlar o endividamento das famílias de forma responsável.

Segundo ele, o foco seria permitir que as pessoas possam adquirir crédito planejadamente, com menores juros, evitando, assim, que se aprofundem em dívidas impagáveis. Ao disponibilizar essa linha de crédito com menores custos financeiros, Haddad acredita que o crédito consignado poderá se tornar uma ferramenta útil para a recuperação da economia brasileira.

Imposto de Renda

Outro ponto central da proposta de Fernando Haddad é a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR). Atualmente, o governo federal já oferece isenção para quem ganha até R$ 1.900,00. No entanto, a proposta do ministro é aumentar essa faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil.

A medida visa aliviar a carga tributária das classes mais baixas da população, proporcionando um aumento no poder de compra dos trabalhadores. Isso seria uma forma de combater a desigualdade social e incentivar a economia, permitindo que mais pessoas tenham acesso a recursos para consumo e investimento.

Isenção progressiva

Além da isenção para salários de até R$ 5 mil, a proposta também sugere descontos progressivos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. A ideia é que essas pessoas também sejam beneficiadas gradualmente, criando uma escalabilidade que permita um alívio fiscal conforme a faixa de rendimento.

Essa medida busca não somente combater o superendividamento, mas também estimular o crescimento econômico por meio do aumento da capacidade de consumo das famílias. No entanto, críticos dessas propostas apontam que aumentar o poder de compra nesse momento poderia dificultar o controle da inflação e aumentar os preços, algo que o Banco Central tenta controlar com os aumentos sucessivos da taxa de juros.

Reação do mercado e dos críticos

O aumento do poder de compra das famílias brasileiras, defendido por Haddad, é visto com preocupação por muitos economistas. Eles apontam que, em um momento de alta taxa de juros, essa medida poderia contrariar os esforços do Banco Central para desacelerar a inflação.

Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em um ponto percentual, alcançando 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A ideia por trás do aumento da Selic é conter o consumo e controlar os preços, algo que poderia ser dificultado se as propostas de Haddad forem implementadas sem cautela.

Desafio de conciliar política fiscal e monetária

Fernando Haddad, por sua vez, defende que é necessário combinar as políticas fiscais e monetárias de maneira equilibrada. Em sua fala, ele enfatizou que o governo não pode se limitar a uma visão ortodoxa da economia, sem considerar as necessidades sociais e o impacto do endividamento excessivo nas famílias brasileiras.

Ele argumenta que a combinação de políticas macroeconômicas com soluções microeconômicas, como o crédito consignado e a isenção de Imposto de Renda, é fundamental para resolver os problemas estruturais da economia brasileira.

Inflação e expectativas

cédula cédulas dívida pública inflação
Imagem: Rafastockbr / shutterstock.com

O ministro da Fazenda também se mostrou otimista com relação à inflação em 2025. Segundo ele, os efeitos benéficos de safras de alimentos mais abundantes, a valorização do câmbio e uma possível estabilização da situação geopolítica podem resultar em uma inflação mais baixa do que a projetada. Ele acredita que os próximos meses podem trazer surpresas positivas para a economia brasileira.

Haddad comentou que as projeções feitas por analistas indicam que a inflação poderia diminuir mais rapidamente do que o esperado, o que poderia abrir espaço para mudanças na política monetária. Esse cenário, se confirmado, poderia ter um impacto positivo sobre o crédito, tornando-o mais acessível e menos oneroso para os brasileiros.

Considerações finais

As propostas de Fernando Haddad, focadas no crédito consignado e na isenção do Imposto de Renda, visam aliviar as tensões econômicas enfrentadas pelas famílias brasileiras. No entanto, essas medidas não estão isentas de controvérsias, especialmente no que diz respeito ao seu impacto na inflação e na política monetária do Banco Central.

É fundamental que o governo busque um equilíbrio entre as políticas fiscais e monetárias, garantindo que os benefícios sociais não prejudiquem os esforços para estabilizar a economia. Com uma inflação mais baixa e uma maior estabilidade econômica, as propostas de Haddad poderiam se tornar um caminho viável para combater o superendividamento e promover o crescimento sustentável do país.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.