‘Não sabia o significado’: Mulher que pichou estátua da justiça se arrepende e pede desculpas

estátua stf

Durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, muitas pessoas se envolveram nos acontecimentos, com várias ainda respondendo judicialmente por seus atos.

Um dos casos que ganhou destaque foi o de Débora Rodrigues dos Santos, uma cabeleireira presa durante os eventos, acusada de pichar a estátua “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em seu interrogatório, Débora afirmou que não sabia do significado simbólico e financeiro da estátua, que foi pichada com a frase “perdeu, mané”.

Ela alegou que o ato foi impulsivo e que foi induzida por outra pessoa. Essa defesa levanta um debate sobre o impacto dos atos de vandalismo e depredação ocorridos naquele dia. Neste artigo, vamos detalhar o caso de Débora Rodrigues dos Santos, as acusações que ela enfrenta e as implicações jurídicas e sociais de seu envolvimento nos atos golpistas.

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A Pichação da Estátua “A Justiça”

STF - Imposto sobre Herança
Imagem: Fellip Agner / Shutterstock.com

A estátua “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, é um monumento icônico em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), e, como tal, possui grande valor simbólico e histórico.

Durante os atos de 8 de janeiro de 2023, a estátua foi pichada com a frase “perdeu, mané”, em um ato de vandalismo que gerou indignação em muitos setores da sociedade. Débora Rodrigues dos Santos, uma das pessoas envolvidas no episódio, foi acusada de ter participado dessa pichação.

A Confissão de Débora Rodrigues dos Santos

Em seu depoimento durante o interrogatório, Débora afirmou que, ao se deparar com o monumento, não tinha noção do significado da estátua e do impacto de seu ato.

Ela relatou que uma pessoa desconhecida estava pichando a estátua e, ao ser abordada, foi induzida a continuar a frase “perdeu, mané”, dizendo que seu envolvimento foi impulsivo e não premeditado.

Débora admitiu que cometeu um ato ilegal, reconhecendo que sua ação feriu o Estado Democrático de Direito. Ela se desculpou, afirmando que se arrependeu profundamente e pediu perdão ao país.

Os Atos Golpistas e o Movimento de 8 de Janeiro

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Imagem: Reprodução/G1

Os eventos de 8 de janeiro de 2023 foram marcados pela invasão das sedes dos Três Poderes – o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal – por um grupo de manifestantes que se opunham à posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a ocupação, os prédios foram depredados, e vários monumentos públicos, como a estátua “A Justiça”, sofreram danos significativos.

Débora Rodrigues nos Acampamentos Golpistas

Antes dos ataques, Débora Rodrigues dos Santos foi identificada como parte de um grupo que se instalou no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, na véspera dos atos golpistas. A presença de pessoas defendendo uma intervenção militar, uma ação claramente inconstitucional, foi um dos principais elementos da investigação.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou como uma das provas contra Débora a sua participação ativa nos movimentos golpistas, incluindo sua estada no acampamento. Além disso, a Polícia Federal identificou que ela apagou mensagens de seu celular entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, o que foi interpretado como uma tentativa de destruir provas.

O Crime de Multidão e as Acusações Contra Débora

Os ataques realizados no dia 8 de janeiro de 2023 configuram o chamado “crime de multidão”, um conceito jurídico em que a ação de um grupo é coordenada e influencia a conduta dos indivíduos, resultando em uma série de crimes cometidos de forma coletiva.

Nesse contexto, Débora Rodrigues dos Santos, embora tenha alegado não participar ativamente da destruição dos prédios públicos, faz parte do grupo que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes.

Além disso, ela é acusada de vários crimes pela Justiça, incluindo:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado;
  • Deterioração do patrimônio tombado;
  • Associação criminosa armada.

Essas acusações refletem a gravidade de sua participação no movimento golpista e as consequências legais de suas ações.

A Repercussão do Caso

A prisão e os depoimentos de Débora Rodrigues dos Santos geraram uma ampla repercussão nas redes sociais e na mídia. Muitos questionaram a profundidade do seu envolvimento nos atos golpistas, considerando o fato de ela ter sido uma figura aparentemente comum, sem antecedentes políticos ou históricos de militância extremista.

O Pedido de Perdão e Reflexão

Em seu depoimento, Débora pediu perdão pelo que fez, afirmando que sua participação nos atos golpistas e o dano à estátua do STF foram resultado de um impulso momentâneo.

Ela declarou que o calor do momento alterou sua percepção e julgamento, e refletiu sobre o erro que cometeu. Ao pedir desculpas ao Estado Democrático de Direito, ela demonstrou um desejo de reconciliação e arrependimento.

O pedido de perdão também chamou a atenção para a necessidade de reflexão sobre as atitudes individuais e coletivas em um contexto político tenso. A fala de Débora reflete um reconhecimento da importância do respeito às instituições democráticas e à Constituição.

O Processo Judicial e o Julgamento

Fachada do Supremo Tribunal de Justiça
Imagem: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O caso de Débora Rodrigues dos Santos está em andamento, e a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento sobre sua condenação. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para condená-la a 14 anos de prisão, uma pena severa, que foi acompanhada pelo ministro Flávio Dino.

No entanto, o julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Luiz Fux, que solicitou mais tempo para avaliar a dosimetria da pena. A decisão final ainda está pendente, e os juristas seguem debatendo as implicações legais do caso e as possíveis consequências para Débora.

Considerações finais

O caso de Débora Rodrigues dos Santos é emblemático dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, um dia que ficará marcado na história do Brasil como um episódio de ataque à democracia e às instituições do país.

A acusação de pichação da estátua “A Justiça” é apenas um dos muitos aspectos desse momento, mas é um reflexo de como atos impulsivos e mal direcionados podem ter consequências graves.

A alegação de Débora de que seu ato foi induzido e que não compreendia a magnitude do que estava fazendo levanta questões sobre responsabilidade pessoal e os limites da ação individual em um movimento coletivo. À medida que o julgamento segue seu curso, a sociedade brasileira observa atentamente as decisões judiciais e as possíveis repercussões para os envolvidos nos atos golpistas.

A história de Débora, que começa como uma simples cabeleireira e culmina em um dos processos mais discutidos do momento, é um lembrete da importância de entender as consequências de nossas ações e da responsabilidade em tempos de crise política.

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