Nova faixa de isenção do IR vai beneficiar 70% dos servidores públicos

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A recente proposta do governo federal de isenção de Imposto de Renda (IR) para servidores públicos com salários de até R$ 5 mil por mês está gerando debates e expectativas. Se aprovada, essa medida, que entra em vigor em 2026, pode trazer alívio financeiro para uma grande parte do funcionalismo público brasileiro, principalmente aqueles que ganham menos. A proposta também prevê descontos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, beneficiando uma parte significativa da classe trabalhadora.

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O impacto da isenção para o funcionalismo público

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Imagem: fizkes / Shutterstock.com

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aproximadamente 70% do funcionalismo público em todas as esferas (municipal, estadual e federal) ganha até R$ 5 mil mensais. Com a isenção do Imposto de Renda para esses trabalhadores, o impacto positivo na renda familiar pode ser significativo. Para servidores que recebem exatamente R$ 5 mil por mês, o ganho anual será de R$ 4.467,55, o que representa um salário adicional ao longo do ano.

Essa medida promete, ainda, gerar um efeito direto na economia nacional. Estima-se que a isenção possa injetar cerca de R$ 35 bilhões por ano na economia, movimentando o consumo e, consequentemente, aquecendo diversos setores do mercado.

Desafios no caminho da aprovação da medida

Apesar dos potenciais benefícios, a proposta enfrenta desafios no Congresso Nacional, onde deverá ser discutida e aprovada. Setores econômicos e financeiros têm se manifestado contra a medida, considerando-a populista e insustentável a longo prazo. Além disso, o controle fiscal, como o “gatilho” que limitaria o aumento real de salários no setor público a partir de 2027, pode reduzir os ganhos trazidos pela isenção.

A discussão sobre a isenção de IR ocorre em um contexto em que disparidades salariais ainda persistem entre as esferas do funcionalismo público. Um estudo da plataforma República em Dados revelou que a maior parte das distorções salariais estão concentradas no Judiciário Federal, onde a remuneração mediana chega a R$ 17.999,04, sete vezes superior à dos servidores municipais, que ganham R$ 2.616,28.

Supersalários e a necessidade de ajuste fiscal

A isenção de Imposto de Renda também está acompanhada de medidas que buscam limitar os supersalários no funcionalismo público. O governo planeja implementar um teto salarial mais rígido para algumas categorias, especialmente no Judiciário e no Executivo Federal. Essa mudança visa combater a disparidade de remuneração entre as diversas áreas do setor público, que tem gerado insatisfações e críticas de servidores de diferentes categorias.

Paralelamente, a proposta prevê uma contenção fiscal no funcionalismo público, com a introdução de um mecanismo que limita aumentos salariais acima da inflação a 0,6% a partir de 2027, caso os gastos obrigatórios causem redução nas despesas discricionárias de um ano para o outro.

Proposta é vista com cautela por servidores

Imposto de Renda
Imagem: Freepik e Canva

Entidades que representam os servidores públicos estão acompanhando de perto a evolução da proposta e buscam dialogar com o governo sobre os impactos da medida. Sérgio Ronaldo, diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), destacou a importância da isenção de Imposto de Renda como uma forma de reduzir as disparidades salariais dentro do serviço público. A confederação, juntamente com outras entidades, tem tentado agendar uma audiência com o presidente Lula para discutir a celeridade dessa mudança, embora reconheçam que o estado de saúde do presidente possa atrasar esse processo.

A perspectiva do governo sobre a medida

O governo federal considera a proposta de isenção de IR como uma ação de “justiça tributária”. O sistema tributário brasileiro tem sido criticado por sua elevada carga sobre o consumo, o que acaba penalizando as classes de menor renda. Atualmente, o 1% mais rico do Brasil paga uma alíquota efetiva de apenas 4,2%, enquanto para o 0,01% mais rico, essa taxa é de 1,75%.

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, associada ao aumento da tributação sobre as rendas mais altas, é vista como uma forma de corrigir essas distorções. A expectativa do governo é que a medida beneficie mais de 10 milhões de contribuintes, que deixarão de pagar IR, além de outros 10 milhões que já foram beneficiados com os aumentos da faixa de isenção em 2023 e 2024.

O cenário financeiro e as preocupações do mercado

Apesar do apoio de diversos setores da sociedade, a proposta tem gerado preocupações no mercado financeiro. Uma pesquisa realizada pela Genial Quaest revelou que 85% dos entrevistados acreditam que a medida pode trazer prejuízos para a economia do país. No entanto, o levantamento também apontou que a proposta é neutra em termos de arrecadação, já que a tributação sobre os mais ricos compensaria a perda de receita causada pela isenção para os trabalhadores de menor renda.

Teto salarial e contenção fiscal: os desafios à frente

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Imagem: Canva/ Freepik

Além da isenção de Imposto de Renda, o governo federal também está propondo mudanças no teto salarial dos servidores públicos, com o intuito de combater as disparidades salariais entre as diferentes esferas. Essa proposta também inclui um mecanismo de contenção fiscal, que limitaria o aumento real dos salários do funcionalismo a partir de 2027, caso os gastos obrigatórios superem as despesas discricionárias.

Essa medida, embora necessária para o ajuste fiscal, é vista com preocupação pelas entidades de servidores, que defendem maior investimento no serviço público e a valorização dos trabalhadores.

Conclusão: o futuro do funcionalismo público e a justiça tributária

A proposta de isenção de Imposto de Renda e as mudanças no sistema tributário brasileiro representam um passo importante para a redução das desigualdades sociais e salariais no país. No entanto, a implementação dessas medidas dependerá da aprovação no Congresso Nacional e do apoio de diversos setores da sociedade. A combinação de isenção de impostos para os mais pobres, juntamente com a cobrança de tributos mais altos dos mais ricos, visa promover uma justiça tributária, essencial para o equilíbrio fiscal e a justiça social no Brasil.

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