O amor movimenta o mundo – e também os trabalhos dos artistas no Festival de Curitiba. Em coletivas de imprensa da manhã deste sábado (29/03), foram muitos depoimentos sobre as dores e o poder transformador do amor. A manhã teve momentos emocionantes, em especial a homenagem a Ney Latorraca.
Alameda
A Alameda Cia. Teatral trouxe dois espetáculos pata o Fringe. “Querida Serpente” é inspirado na obra “Histórias Íntimas” de Mary Del Priore. Já “Alumia” vem encantando adultos e criancas desde 2023, em uma montagem original que respeita seu público. “A criança é uma individualidade completa“, disse o diretor Cristóvão de Oliveira. O grupo busca impactar o público independente da idade ou do espetáculo: “provocar a relação de falar sobre si, no elenco e no público“, completou.
Homenagem
A sala onde acontecem as coletivas de imprensa ganhou o nome de Ney Latorraca, grande nome do teatro brasileiro que faleceu no ano passado. O Festival de Curitiba convidou Edi Botelho, viúvo do artista, que compartilhou momentos marcantes da vida de Ney e recebeu uma placa celebratória. Edi frisou a importância que o marido dava à profissão. “Ele dizia que a arte e o esporte que levavam o Brasil para o mundo“, afirmou, citando o filme “Ainda Estou Aqui “, indicado ao Oscar, como exemplo. Relembrou que Ney dizia que tinha vindo ao mundo para trazer alegria e, quando perguntado se ele gostaria de receber a homenagem, foi direto: “ele estaria felicíssimo“.
“Laborioso Contato”
A Trupe Motim de Teatro, de Quixeré (CE), falou sobre “Laborioso Contato: um palhaço anuncia o fim do mundo”. O espetáculo mistura referências físicas de cultura popular desde o tradicional, como a carranca, ao contemporâneo, como steampunk. Chico Henrique, o artista idealizador, comentou sobre como o Festival de Curitiba ajuda a agregar artistas de diferentes estados e países e renovar tanto as referências quanto fortalecer a arte popular. “Fazer (teatro) na rua como um ato político“, destacou.
“Brilho Eterno”
O elenco e diretor de “Brilho Eterno” discorreu sobre os temas da peça, com dias sessões lotadas no Guairão. O espetáculo é inspirado no filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, de 2004, mas atualiza diversos temas. Na trama, um casal se separa e descobre uma teconopia capaz de apagar da memória a dor do fim do relacionamento. “Pra poder experimentar o amor, a gente precisa experimentar o luto“, contou Tainá Müller. Ela ainda revelou uma renovação da personagem principal, que 20 anos depois, traz novas camadas de complexidade. “As mulheres foram entender melhor os relacionamentos tóxicos, e os homens estão mais lentos nessa mudança“, completou.
O ator Fábio Ventura compartilhou um momento pessoal, citando o falecimento da mãe e a relação com os temas da peça sobre memória e dor. Pelas relações entre a vida e o texto, ele disse poder “ter uma outra oportunidade de viver, de dizer essas palavras com essa personagem”. E complementou: “quando a gente fala do amor, esse sentimento ancestral, a gente vai no namorado, na namorada, e a gente esquece que o amor é aqui, entre vocês. Acredito que vocês tenham amigos aqui, que fazem parte da vida de vocês, e quando essa pessoa vai embora é muito difícil“. Entre tantos assuntos relevantes, do feminismo ao luto, o diretor Jorge Farjalla resgata: “o objetivo principal é o amor“.
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