Novo empréstimo consignado CLT: saiba como não cair em armadilhas

Empréstimo Consignado

O empréstimo consignado para trabalhadores CLT se destaca como uma alternativa de crédito vantajosa, principalmente pela promessa de taxas de juros mais baixas e pelo desconto direto das parcelas na folha de pagamento.

Porém, a facilidade oferecida pode esconder armadilhas que, se não forem cuidadas, podem comprometer o orçamento do trabalhador por longos períodos. Neste artigo, vamos entender as vantagens, os riscos e como tomar decisões mais informadas ao optar por essa modalidade de crédito.

Fascínio do empréstimo consignado CLT

Crédito do Trabalhador empréstimo
Imagem: Marcello Casal Júnior/Agência Brasil

A grande atração do empréstimo consignado está nas suas condições facilitadas. Com taxas de juros mais baixas que as oferecidas em outras modalidades de crédito, ele se torna uma opção atraente para quem precisa de dinheiro de forma rápida e com parcelas fixas.

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No entanto, a facilidade de acesso ao crédito pode gerar uma falsa sensação de segurança. O crédito com desconto diretamente na folha de pagamento parece uma solução simples, mas pode se tornar uma grande dor de cabeça se não for utilizado com cautela.

Como funciona o empréstimo consignado CLT

O funcionamento do empréstimo consignado CLT é simples: o valor da parcela é descontado diretamente da folha de pagamento do trabalhador, o que garante maior segurança para a instituição financeira, pois o pagamento é praticamente garantido. Esse modelo permite que o trabalhador obtenha crédito a taxas menores, uma vez que a chance de inadimplência é reduzida.

Contudo, essa mesma segurança pode ser um fator prejudicial quando o valor do empréstimo é elevado e o prazo de pagamento é longo. Uma simulação de um empréstimo de R$ 25.000,00 com parcelamento em até 72 vezes, por exemplo, pode resultar em um total pago de R$ 45.360,00, considerando os juros aplicados. Ou seja, ao final do contrato, o trabalhador pode acabar pagando quase o dobro do valor emprestado.

Peso das parcelas

Optar por parcelar um empréstimo de longo prazo pode comprometer até 35% da renda líquida mensal do trabalhador, tal como um crédito com parcelas de R$ 630,00 em um empréstimo de R$ 25.000,00. Para um trabalhador com um salário líquido de R$ 5.500,00, isso significa que ele terá apenas R$ 3.870,00 para cobrir todas as suas despesas após o desconto da parcela.

Se somarmos a esse valor os demais descontos obrigatórios, como impostos e contribuições para a seguridade social, o impacto no orçamento pode ser substancial. Com a parcela consignada comprometendo uma parte significativa da renda, as opções para outros gastos se tornam limitadas, e as dívidas podem se acumular.

Custo real do crédito

Uma simulação do empréstimo de R$ 25.000,00 em 72 parcelas revela que, ao final do contrato, o trabalhador pagará um total de R$ 45.360,00. Isso implica um custo adicional significativo devido aos juros. Mesmo com as taxas de juros mais baixas do consignado, o trabalhador precisa estar ciente de que o valor final pago será muito superior ao valor inicial do empréstimo.

Além disso, é importante analisar o custo real do crédito comparado com outras opções de investimento. Por exemplo, ao invés de comprometer R$ 630,00 por mês em um empréstimo, o trabalhador poderia investir esse valor em uma aplicação financeira.

Em um cenário conservador (0,6% ao mês), esse montante poderia resultar em um saldo de aproximadamente R$ 56.126,00 ao final de 72 meses. Em um cenário moderado (1% ao mês), esse valor poderia chegar a R$ 73.080,00. Essa comparação ilustra a perda de oportunidade de usar os recursos de forma mais eficiente.

Cuidados necessários ao optar pelo empréstimo consignado

  1. Planejamento financeiro: Antes de solicitar o empréstimo, é essencial avaliar a capacidade de pagamento ao longo do prazo, considerando imprevistos que possam ocorrer.
  2. Pesquisa e comparação de taxas: Nem todas as instituições financeiras oferecem as mesmas condições. Pesquisar e comparar as taxas de juros e as condições de pagamento pode resultar em um crédito mais acessível.
  3. Conscientização sobre os riscos: O crédito consignado pode ser uma armadilha quando utilizado sem cautela. O trabalhador deve estar consciente dos riscos de comprometer uma parte significativa de sua renda por longos períodos.
  4. Leitura atenta do contrato: Antes de assinar qualquer contrato, é fundamental ler e compreender todas as cláusulas. Alguns contratos podem conter condições que resultam em custos adicionais ou multas, caso o trabalhador não consiga cumprir com o pagamento.

E se o trabalhador for demitido?

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Imagem: Lee Charlie / Shutterstock.com

Um dos principais aspectos que muitos trabalhadores esquecem ao contratar um empréstimo consignado CLT é como a dívida será tratada em caso de demissão. Caso o trabalhador seja demitido, a dívida não é automaticamente cancelada. Pelo contrário, a responsabilidade pelo pagamento do saldo devedor permanece com o ex-funcionário.

Como a demissão afeta o empréstimo consignado

  1. Desconto das verbas rescisórias: Caso o trabalhador seja demitido sem justa causa, uma parte do saldo devedor pode ser quitada com o FGTS e com a multa rescisória.
  2. Saldo devedor remanescente: Se o valor não for suficiente para quitar a dívida, o ex-funcionário precisará buscar outras formas de pagamento, como a negociação com a instituição financeira ou a emissão de boletos bancários.
  3. Transferência de dívida para novo emprego: Caso o trabalhador consiga uma nova colocação e a empresa aceite a modalidade de empréstimo consignado, a dívida pode ser transferida, mas isso depende de negociação prévia.

Considerações finais

Embora o empréstimo consignado CLT ofereça vantagens, como taxas de juros mais baixas e facilidade de pagamento, ele também possui riscos substanciais. A decisão de contratá-lo deve ser tomada com cautela, considerando as condições pessoais e financeiras do trabalhador.

O planejamento financeiro, a pesquisa sobre as melhores opções de crédito e a leitura atenta do contrato são essenciais para evitar armadilhas e garantir que a contratação do crédito não resulte em um compromisso financeiro excessivo.

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