
A última sexta-feira (21) marcou a entrada em vigor do novo modelo de empréstimo consignado CLT, uma modalidade voltada para trabalhadores com carteira assinada e outras categorias. Essa linha de crédito, batizada de “Crédito do Trabalhador”, tem o objetivo de beneficiar cerca de 47 milhões de brasileiros, permitindo que eles acessem recursos de forma mais acessível, com taxas de juros reduzidas. Contudo, apesar de sua promissora chegada, os maiores bancos do país, como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Nubank e Santander, ainda não oferecem o produto em massa.
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Expectativa do mercado financeiro para o novo produto

Embora a novidade tenha sido anunciada com grande entusiasmo, a realidade é que os grandes bancos estão adotando uma postura cautelosa. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) explicou que, devido à complexidade e ao potencial do produto, as instituições financeiras estão em fase de testes, com ofertas restritas a poucos clientes. De acordo com a federação, a maior parte dos bancos deve começar a ofertar o novo empréstimo em seus canais próprios a partir de 25 de abril, data em que o produto estará mais estruturado e os sistemas operacionais estarão mais estáveis.
A exceção da Caixa Econômica Federal
A exceção a essa prudência dos grandes bancos é a Caixa Econômica Federal, que já está oferecendo o novo consignado por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital). A Caixa se destaca ao oferecer taxas de juros mais baixas que variam entre 1,60% a 3,17% ao mês, dependendo da análise de crédito do cliente. Isso tem atraído uma base considerável de solicitantes, especialmente entre aqueles que possuem um crédito pessoal com taxas de juros mais altas.
Além da Caixa, algumas instituições menores, como o Banco Safra e a financeira Parati (meutudo), também estão começando a disponibilizar a nova linha de crédito, com taxas que variam entre 2,20% a 4,99% ao mês. O Agibank, outro grande banco, já reporta uma alta demanda, com um grande número de simulações realizadas pelos usuários.
Desafios para os bancos e a infraestrutura tecnológica
Os desafios operacionais e tecnológicos são um dos principais motivos para a cautela dos grandes bancos. O novo modelo de empréstimo depende de plataformas e sistemas ainda em ajustes. Além disso, o governo federal, responsável pela plataforma de solicitação, ainda está corrigindo bugs e realizando melhorias no sistema. Um dos problemas iniciais encontrados foi o erro na plataforma da Dataprev, que calculava a margem consignável com base no salário bruto e não no salário líquido, o que poderia levar a inconsistências nos cálculos.
Esses erros precisam ser corrigidos antes que os bancos possam liberar o novo produto de forma eficaz. Segundo a Febraban, o setor bancário está colaborando de forma intensa com o governo para garantir que as plataformas estejam prontas para atender a demanda de forma segura e eficiente até o final de abril.
Potencial do novo empréstimo consignado
O novo empréstimo consignado CLT tem um grande potencial de transformar o mercado de crédito no Brasil. O modelo foi criado para ajudar trabalhadores que já enfrentam dificuldades financeiras e que, muitas vezes, possuem um crédito pessoal com taxas de juros muito altas. A expectativa é que muitos trabalhadores migrem para o novo consignado, que oferece taxas mais vantajosas, podendo alcançar uma grande parcela da população brasileira.
Ainda que a adoção inicial do produto pelos bancos seja gradual, a previsão é de que o volume de operações se acelere a partir de 25 de abril. Isso ocorre porque as instituições estarão mais preparadas para oferecer o produto de forma consistente em seus canais próprios. A demanda inicial tem sido significativa, com estimativas de que cerca de 25% da demanda total do mercado esteja sendo direcionada a bancos menores e plataformas financeiras como a Parati.
Impacto para as grandes instituições

Para as grandes instituições financeiras, a entrada no mercado de empréstimo consignado CLT pode trazer desafios, principalmente no que diz respeito à rentabilidade. Como as taxas de juros são mais baixas que as do crédito pessoal, o fluxo de recursos para o novo produto pode ser desfavorável para os bancos inicialmente. No entanto, especialistas do setor acreditam que o volume maior de contratação do consignado pode superar essa diferença na rentabilidade.
Além disso, um dos fatores que torna o novo consignado atrativo para os bancos é a segurança que ele oferece. Como o pagamento da parcela é descontado diretamente da folha de pagamento do trabalhador, a inadimplência tende a ser menor do que em outras linhas de crédito.
A importância da migração para o novo consignado
O novo empréstimo consignado também tem um impacto significativo na vida financeira dos trabalhadores. Para aqueles que já possuem um crédito pessoal, com taxas de juros que podem ultrapassar 5,93% ao mês, a migração para o consignado pode representar uma economia considerável. Embora a troca possa ser inicialmente desfavorável para os bancos, que perdem clientes que estavam pagando juros mais altos, essa mudança pode resultar em um aumento no volume de operações, compensando a diferença de rentabilidade.
Em uma avaliação preliminar, cerca de 80% dos contratantes do novo modelo de empréstimo já possuíam um crédito pessoal ativo, o que demonstra a oportunidade para os trabalhadores de se livrarem de dívidas mais caras, com juros mais baixos. Em uma pesquisa realizada até o dia 25 de março, já foram concedidos R$ 340,3 milhões em empréstimos, com 48 mil contratos fechados e um valor médio de R$ 7.065,14 por trabalhador.
Perspectivas futuras e desafios para a migração
Apesar das dificuldades operacionais iniciais, a expectativa é de que, com o tempo, o novo empréstimo consignado CLT ganhe popularidade e se torne uma alternativa mais acessível para muitos trabalhadores. Com o ajuste das plataformas e a maior oferta de crédito pelos bancos, espera-se que o mercado se estabilize e que as taxas de juros se tornem ainda mais competitivas, tornando a linha de crédito uma opção mais atraente para quem precisa de recursos com menores custos.
O governo também está adotando medidas para garantir que a operação do consignado CLT seja sustentável a longo prazo, com a implementação de um teto de juros, a fim de evitar o endividamento excessivo dos trabalhadores. O principal desafio agora é garantir que as falhas nos sistemas operacionais sejam corrigidas rapidamente para que o produto possa ser oferecido de maneira ampla e eficiente em todo o país.
Como simular e contratar o empréstimo consignado CLT

Os trabalhadores interessados em contratar o novo empréstimo consignado podem realizar a simulação diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), disponível para Android e iOS. O processo é simples e rápido, permitindo que o trabalhador verifique sua margem consignável (limitada a 35% do salário bruto) e simule propostas de crédito de acordo com sua situação financeira.
Se a renda do trabalhador diminuir durante o período do contrato, o banco poderá renegociar as condições do empréstimo. Essa flexibilidade é uma das vantagens dessa nova modalidade, que visa proporcionar mais segurança e acessibilidade para os trabalhadores brasileiros.
Conclusão
O novo empréstimo consignado CLT representa uma oportunidade significativa para os trabalhadores brasileiros, oferecendo condições mais acessíveis e taxas de juros reduzidas. Embora os grandes bancos ainda estejam em fase de ajustes, a tendência é que, a partir de 25 de abril, o produto seja amplamente disponibilizado. A flexibilidade do novo modelo promete aliviar as dívidas de muitos brasileiros, oferecendo um crédito mais vantajoso, especialmente para aqueles que já possuem empréstimos pessoais com taxas mais altas. O processo de implementação está em andamento e, com as correções necessárias nos sistemas, o produto tem grande potencial para transformar o mercado de crédito no Brasil.