
O novo modelo de empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT) foi lançado oficialmente na última sexta-feira, 21 de março de 2025. Essa novidade está gerando grande expectativa, principalmente por suas condições de pagamento vantajosas, como taxas de juros menores quando comparadas ao crédito pessoal tradicional. Contudo, o produto ainda não está amplamente disponível nos principais bancos do país. A previsão é de que a oferta se torne mais acessível a partir de 25 de abril.
Embora a Caixa Econômica Federal seja a única instituição bancária que já oferece essa modalidade, a maioria dos bancos, incluindo Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Nubank e Santander, aguardam ajustes nos sistemas e plataformas do governo antes de liberarem o produto aos seus clientes.
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O funcionamento do novo crédito consignado

O novo crédito consignado para trabalhadores CLT promete movimentar uma quantia significativa, estimada em até R$ 120 bilhões nos primeiros meses. Um dos principais atrativos dessa linha de crédito são as taxas de juros mais baixas em comparação com os empréstimos pessoais convencionais, com taxas que podem chegar a 8% ao mês.
A modalidade oferece taxas reduzidas porque o valor das parcelas é descontado diretamente da folha de pagamento do trabalhador, o que diminui o risco para as instituições financeiras. A média das taxas de juros deve ficar entre 2,5% e 3% ao mês, um percentual bastante abaixo das opções tradicionais.
Taxas de juros
As taxas de juros do novo crédito consignado variam conforme o perfil de crédito do trabalhador, bem como a instituição financeira que oferece o produto. A análise de risco inclui fatores como o tempo de serviço, o histórico financeiro do trabalhador e a estabilidade do emprego. Embora não exista um teto de juros definido para essa modalidade, as taxas finais devem ser significativamente menores do que as do crédito pessoal tradicional.
Diferença com o consignado tradicional
Uma das principais diferenças entre o consignado privado CLT e o consignado tradicional (como o consignado do INSS ou de servidores públicos) é a ausência de um limite fixo de taxa de juros. No consignado do INSS, por exemplo, o teto de juros é regulado pelo governo. Já no modelo CLT, cada banco tem a liberdade de definir a taxa de acordo com a análise de risco individual do trabalhador.
Como solicitar o novo crédito consignado?
A solicitação do empréstimo consignado CLT pode ser feita diretamente pela plataforma da Carteira de Trabalho Digital, seja no site ou no aplicativo. Para isso, o trabalhador deve autorizar o compartilhamento dos dados com os bancos por meio do eSocial.
Após o compartilhamento das informações, as propostas de crédito costumam ser enviadas em até 24 horas. O trabalhador, então, poderá avaliar as condições oferecidas pelos bancos e escolher a melhor proposta para o seu perfil. A partir de 25 de abril, os bancos começarão a disponibilizar o empréstimo consignado diretamente em seus canais digitais, como aplicativos móveis e internet banking.
Desconto das parcelas diretamente da folha de pagamento

Uma das principais características do novo consignado é que as parcelas são descontadas diretamente na folha de pagamento, o que facilita o processo de pagamento e reduz o risco de inadimplência. No entanto, existe um limite para o desconto, que não pode ultrapassar 35% do salário bruto do trabalhador. Esse percentual inclui não apenas o salário fixo, mas também comissões, bônus e outros ganhos.
Em caso de demissão
Um dos aspectos importantes a se considerar é o que acontece com as parcelas do empréstimo em caso de demissão do trabalhador. Nessa situação, o pagamento do empréstimo pode ser feito com parte das verbas rescisórias, como:
- Até 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
- 100% da multa rescisória de 40%
Se o valor das verbas rescisórias não for suficiente para quitar as parcelas, o pagamento do empréstimo será suspenso. No entanto, assim que o trabalhador conseguir um novo emprego formal, com carteira assinada, o contrato será reajustado e o desconto das parcelas será retomado.
Desafios operacionais e instabilidades da plataforma
Embora o novo crédito consignado tenha grande potencial, ele enfrenta alguns desafios operacionais. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que as instituições financeiras estão trabalhando para corrigir falhas no sistema, como o cálculo incorreto da margem consignável. Inicialmente, o cálculo estava sendo feito com base no salário bruto, quando deveria ser com base no salário líquido.
Além disso, a plataforma enfrentou instabilidades que afetaram o registro de empréstimos consignados realizados por fintechs, o que poderia permitir que um trabalhador tivesse mais de um contrato ativo simultaneamente. No entanto, a Dataprev já está trabalhando para corrigir esses erros, e a previsão é que os ajustes sejam feitos até o fim de abril.
A expectativa para o futuro do consignado CLT

Especialistas do setor acreditam que, com a ampliação da oferta do produto e a estabilização do sistema, o empréstimo consignado CLT tem grande potencial para se consolidar como uma alternativa viável e acessível para milhões de trabalhadores. Além disso, a redução das taxas de juros pode contribuir para diminuir a dependência de outras modalidades de crédito mais caras, como o crédito pessoal e o cheque especial.
Com o amadurecimento do sistema, a participação de mais bancos na oferta do produto e a correção dos problemas operacionais, o consignado CLT poderá se tornar uma opção ainda mais atrativa para os trabalhadores formais, com uma solução de crédito mais segura e com melhores condições financeiras.
Conclusão
O novo empréstimo consignado para trabalhadores CLT está começando a ser oferecido no Brasil com o objetivo de proporcionar taxas de juros mais baixas e facilitar o acesso ao crédito. Embora ainda enfrente desafios operacionais, como falhas no sistema e instabilidade nas plataformas do governo, o produto tem grande potencial para ser uma alternativa mais acessível de crédito para milhões de trabalhadores. A partir de abril, espera-se que a oferta seja ampliada para todo o país, consolidando o empréstimo como uma opção viável e com melhores condições financeiras para os trabalhadores com carteira assinada.