“Curitiba entregou demais”: entrevistas do Festival de Curitiba nesta segunda (31)

A segunda semana do Festival de Curitiba traz mais espetáculos e ações para a cidade. Na sequência de entrevistas da manhã desta segunda-feira (31/03), artistas internacionais e nacionais trouxeram uma variedade de temas que se destacam nas mostras. Entre elas, “Rei Lear”, a montagem de um clássico de Shakespeare com drag queens que esgotou em menos de 24 horas de bilheteria aberta.

“Gaviota”

Uma montagem argentina revisita o clássico do teatro “Gaivota” de Tchékhov. O curioso é que pelo menos três espetáculos da Mostra Lucia Camargo que usam essa peça como ponto de partida – além de ter sido citada em “Os Mambembes” na abertura do Festival. E ainda que seja um texto de mais de um século escrito na Rússia, ainda dialoga com temas atuais, como uma “agenda contemporânea de temas”, comentou o diretor Guillermo Cacace. Sobre ir a uma fonte distante para inspiração, ele afirma que é necessário “romper com as clausuras identitárias”. A atriz Marcela Guerty completou: “há uma conexão com o espírito e o coração da peça”.

Mostra Magiluth + Lubi

A Mostra Magiluth + Lubi: Cama, Mesa e Teatro trouxe a união do teatro com o cinema em um espetáculo inovador. A Casa Hoffmann foi cenário de “Um Clássico: Matou a Família e Foi ao Cinema”, do Grupo XIX, e ainda recebe “Ainda Sobre a Cama de Leonce e Lena”. O ponto de partida da mostra foi, segundo Lubi, “a relação do cinema e a presença”. A diretora assistente Juliana Mesquita comentou: “a plateia é convidada a pensar, a se mobilizar”. O espetáculo aconteceu do lado de fora da Casa com o público dentro, acompanhando trechos pela porta intercalados com transmissões visuais, causando diferentes olhares, e reações de quem passava na rua. A entrega com o público surpreendeu a equipe: “Curitiba entregou demais”, Juliana afirmou.

“Bom Dia, Eternidade”

O elenco de “Bom Dia, Eternidade” reflete diretamente questões tratadas na peça. Com parte do elenco formada por artistas com mais de 60 anos, o texto dramatiza situações de corpos negros mais velhos. O espetáculo faz parte da “Trilogia da Morte” que trata da necropolítica vivida por corpos negros, agora discutindo a velhice. Alguns artistas em cena vêm de longas carreiras musicais, e outros começaram depois da terceira idade.

Caso de Maria Inês, que só depois dos 60 começou a trabalhar com arte. Ela canta e interpreta em cena. “Os teatros negros abrem muitas portas”, afirmou. A artista contou que diversas amigas a admiram por subir aos palcos na terceira idade e se interessam por fazer arte, muitas vezes ainda buscando como começar. O músico Roberto Mendes Barbosa afirmou que “viver depois dos 60 já é difícil”, completado pelo ator Filipe Celestino: “a negritude também tem lugar na subjetividade”. O diretor musical Fernando Alabê revelou que comanda o projeto “Nossos Baluartes”, uma forma de homenagear os músicos negros com mais de 60 anos, que terá 14 canções com arranjos de orquestra, respeitando a forma da música.

“Rei Lear”

A montagem de “Rei Lear” com artistas drag queens esgotou vendas em menos de 24 horas, um dos maiores sucessos do Festival. O elenco revisita um clássico de Shakespeare e traz nova linguagem, sem perder os temas e dramaticidade da tragédia original. A peça não perde o tom proposto pelo autor há 400 anos, mas o reconecta com o público. “Ele dialoga independente de gênero”, contou a atriz Ginger Moon.

Alexia Twister ganhou o Prêmio Shell este ano como Melhor ator, e comentou sobre o peso de trazer esse personagem centenário para a cena. “João (Mostavo, assistente de direção) me disse ‘o que (a personagem) tira de desgaste, ela devolve em glória’”, afirmou. As artistas revisitaram o texto em seu drama e também humor sob um novo olhar. O elenco formado todo por drag queens renova e celebra um texto icônico. Alexia espera que a visibilidade da peça movimente também o cenário drag e dê mais visibilidade. A diretora Ines Bushatsky celebrou o talento das artistas e completou: “drag é uma alta tecnologia performática”.

Serviço – 33º Festival de Curitiba

Quando: 24 de março a 06 de abril de 2025

Onde: diversos locais de Curitiba e Região Metropolitana

Quanto: Mostra Lucia Camargo – De GRATUITOS até R$ 85 (entrada inteira), + taxa adm

Risorama – De R$ 42,50 até R$ 85 (entrada inteira) + taxa adm

Fringe – De GRATUITOS até R$ 75 (entrada inteira) + taxa adm

Mostra Surda de Teatro – GRATUITA

MishMash – De R$ 30 até R$ 60 (entrada inteira) + taxa adm

Programa Guritiba – De GRATUITOS até R$ 60 (entrada inteira) + taxa adm

Gastronomix – De R$ 10 até R$ 20 (entrada inteira) + taxa adm

Vendas: No site do festival e na bilheteria física exclusiva no Shopping Mueller.

Evento com desconto Clube Cult.

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