Milho dispara de preço com estoque baixo e consumo global aquecido

Milho dispara de preço com estoque baixo e consumo global aquecido

O preço do milho no Brasil continua em ascensão, impulsionado por estoques reduzidos e uma forte demanda global. Nos últimos meses, os valores registraram aumentos consecutivos, refletindo a preocupação com o abastecimento interno e os desafios enfrentados pelos produtores.

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a disponibilidade de milho no início da safra 2024/2025 foi de apenas 2,04 milhões de toneladas, um nível considerado crítico para atender ao consumo interno.

A relação entre oferta e demanda

Milho dispara de preço com estoque baixo e consumo global aquecido
Imagem: freepik/Freepik

Estoques baixos pressionam o mercado

O volume de milho armazenado representa apenas 2,4% do consumo anual do Brasil, que é estimado em 86,97 milhões de toneladas. Com essa oferta limitada, o mercado tem enfrentado dificuldades na recomposição dos estoques, o que tem levado à alta dos preços em diversas regiões do país.

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Logística e prioridade à soja limitam oferta de milho

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), apontam que a colheita da soja tem recebido prioridade no transporte e escoamento, reduzindo a disponibilidade do milho no mercado interno. Além disso, problemas logísticos e incertezas climáticas têm afetado o ritmo das negociações e contribuído para a elevação dos preços.

Impacto nas cotações e perspectivas para o mercado

Alta dos preços no Brasil

O milho tem registrado uma tendência de valorização em diversas praças brasileiras. Em 28 de março, a saca de milho foi cotada a R$ 84,86, um aumento de 5,76% em relação aos R$ 80,24 do fim de fevereiro. No entanto, alguns Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, observaram uma ligeira queda nos preços devido a uma maior oferta pontual.

O comportamento do mercado internacional

Enquanto o preço do milho no Brasil segue em alta, o mercado internacional apresenta um movimento oposto. Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações do cereal caíram ao longo de março, influenciadas pela imposição de tarifas comerciais dos Estados Unidos sobre China, México e Canadá. A incerteza comercial reduziu a demanda pelo milho americano, levando à queda dos preços na Bolsa.

Fatores que influenciam a alta do milho no Brasil

Clima e produção

O clima tem sido um fator determinante para a oferta de milho no Brasil. Os produtores estão apreensivos com as condições meteorológicas que podem comprometer a safrinha, a segunda safra do cereal, responsável por grande parte da produção nacional. A incerteza em relação às chuvas e às temperaturas influencia as decisões dos agricultores, que estão segurando as vendas e aguardando melhores condições de mercado.

Custo de produção e insumos

Outro ponto que pressiona os preços do milho é o custo de produção. O aumento nos valores de fertilizantes, combustíveis e defensivos agrícolas tem impactado diretamente os produtores, que precisam repassar esses custos ao mercado. Além disso, a cotação do dólar também influencia os preços dos insumos importados, elevando o custo total da lavoura.

Consequências para o consumidor e para a economia

Reflexos na inflação

A alta do milho afeta diretamente o custo de vida dos consumidores, já que o cereal é um dos principais insumos da cadeia alimentar, sendo amplamente utilizado na alimentação de aves, suínos e bovinos. Com isso, produtos como carnes, ovos e derivados lácteos podem sofrer reajustes, impactando a inflação e o poder de compra da população.

Efeitos na exportação

O Brasil é um dos maiores exportadores de milho do mundo e a alta dos preços internos pode afetar a competitividade do país no mercado externo. Os compradores internacionais, como China e União Europeia, podem buscar alternativas em outros fornecedores, como os Estados Unidos e a Argentina, reduzindo o volume de embarques brasileiros.

Projeções para o futuro

Milho dispara de preço com estoque baixo e consumo global aquecido
Imagem: Couleur/Pixabay

Os analistas de mercado indicam que a tendência de alta nos preços do milho pode continuar nos próximos meses, caso os estoques não sejam recompostos e a demanda siga aquecida. No entanto, fatores como a evolução da safrinha e as condições climáticas serão decisivos para definir o comportamento do mercado.

Considerações finais

O milho segue como uma das commodities mais impactadas pela dinâmica global de oferta e demanda. O Brasil enfrenta um cenário desafiador, com estoques baixos e preços elevados, ao mesmo tempo em que precisa equilibrar sua posição no mercado internacional.

O monitoramento constante dos fatores climáticos, logísticos e econômicos será essencial para produtores, consumidores e investidores nos próximos meses.

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