Governador do DF estima R$ 1 bilhão em dividendos após compra do Banco Master

A compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) pode gerar um salto histórico nos dividendos pagos ao Governo do Distrito Federal (GDF), segundo projeção do governador Ibaneis Rocha (MDB). Em entrevista publicada no sábado (29) pelo jornal Valor Econômico, o chefe do Executivo local afirmou que os repasses ao governo distrital podem aumentar de R$ 200 milhões para R$ 1 bilhão já em 2025, caso a operação seja concluída.

A negociação, segundo o governador, vinha sendo discutida há pelo menos seis meses e recebeu sinais positivos do Banco Central, um dos órgãos responsáveis por aprovar a transação. O Conselho de Administração do BRB aprovou o acordo por unanimidade na sexta-feira (28), consolidando um dos maiores movimentos de expansão do banco controlado pelo GDF.

Leia mais:

Nova sede do Banco Master é inaugurada concentrando todas suas operações

A operação: BRB adquire 58% do Banco Master

Detalhes da transação

A aquisição envolve:

• 49% das ações ordinárias (com direito a voto),
• 100% das ações preferenciais (sem direito a voto),
• 58% do capital total do Banco Master.

Com isso, o BRB passa a ter controle societário relevante, embora o atual controlador do Banco Master, o empresário Daniel Vorcaro, mantenha a maioria das ações com direito a voto e uma cadeira no Conselho de Administração da instituição adquirida.

Aprovação regulatória pendente

A efetivação do negócio ainda depende do aval de dois órgãos federais:

• Banco Central (BC), responsável por supervisionar o sistema financeiro nacional;
• Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avalia riscos à concorrência no mercado.

Segundo Ibaneis Rocha, sinais preliminares indicam que a operação será bem recebida, especialmente pelos ganhos de governança e eficiência esperados com a união das duas instituições.

Impacto direto para o Governo do Distrito Federal

Salto na arrecadação de dividendos

Atualmente, o BRB repassa cerca de R$ 200 milhões em dividendos anuais ao GDF, que detém o controle acionário do banco. Com a compra do Banco Master, a estimativa do governo distrital é de multiplicar esse valor por cinco, alcançando a marca de R$ 1 bilhão em 2025.

Citação de Ibaneis Rocha

“Esse movimento trará uma rentabilidade muito maior para o banco e, consequentemente, para o Distrito Federal, que é o controlador. É um negócio estratégico e maduro”, afirmou o governador ao Valor Econômico.

Reforço nos cofres públicos

Com o aumento nos dividendos, o GDF poderá reforçar o caixa para investir em áreas estratégicas como:

• Saúde pública;
• Segurança;
• Educação;
• Mobilidade urbana.

Envolvimento do empresário Daniel Vorcaro

Permanência no comando estratégico

Embora o BRB tenha adquirido a maioria do capital total, o empresário Daniel Vorcaro, atual controlador do Banco Master, continuará com poder de influência relevante, especialmente por manter a maior parte das ações ordinárias.

Segundo Ibaneis Rocha:

“O que fiquei sabendo é que ele [Vorcaro] ficará no Conselho de Administração e participará de outros conselhos.”

Estratégia de governança compartilhada

A decisão de manter Vorcaro na estrutura do banco visa assegurar continuidade na gestão e preservar o know-how do Banco Master, que vinha passando por processos de transformação digital e expansão.

BRB em expansão: estratégia de crescimento nacional

Histórico de crescimento

Nos últimos anos, o BRB tem adotado uma postura agressiva de crescimento, buscando ampliar sua presença além do Distrito Federal. A instituição se posiciona como um banco regional com ambição nacional, com forte atuação digital e parceria com diversas fintechs.

Consolidação do BRB no mercado bancário

A aquisição do Banco Master é vista como um passo estratégico para acelerar a expansão, principalmente no segmento de varejo e crédito empresarial. Além disso, o BRB amplia sua carteira de clientes e sua capacidade de atuação em novos mercados fora do DF.

O que é o Banco Master?

Perfil da instituição

O Banco Master é uma instituição financeira de médio porte, com atuação destacada no mercado de crédito corporativo e gestão de ativos. Com sede em São Paulo, o banco se consolidou nos últimos anos como alternativa no setor financeiro para empresas de médio e grande porte.

Participação de mercado

Embora ainda seja pequeno se comparado a grandes bancos privados e estatais, o Master apresenta crescimento constante e excelente rentabilidade nos últimos trimestres, segundo relatórios financeiros.

O que dizem os especialistas sobre a compra?

Análise do mercado financeiro

Economistas e analistas veem com bons olhos a movimentação do BRB. Segundo avaliação de consultorias do setor bancário, a transação pode ser vantajosa para ambas as partes, desde que aprovada pelos reguladores.

Os principais pontos positivos destacados são:

• Acesso a novos mercados;
• Sinergias operacionais e redução de custos;
• Aumento da base de clientes e ativos sob gestão;
• Fortalecimento do BRB como banco múltiplo competitivo.

Riscos regulatórios

Apesar do otimismo, analistas lembram que a aprovação do Cade e do Banco Central pode trazer condicionantes ou limitações operacionais, especialmente se houver sobreposição de atividades que ameacem a concorrência.

Transparência e governança

Ibaneis nega conflito de interesses

Em meio a especulações sobre eventuais conflitos entre o setor público e o interesse privado na operação, o governador afirmou que não há conflito de interesses envolvido na negociação. Ressaltou ainda que não participou das negociações técnicas, embora tenha acompanhado o processo de perto.

“Não foi uma coisa feita de uma hora para a outra”, reforçou.

Modelo híbrido de gestão

A proposta de manter Daniel Vorcaro nos conselhos é parte de uma estratégia de transição suave, evitando rupturas bruscas na cultura organizacional do Banco Master.

Próximos passos da operação

Avaliação e aprovação regulatória

A compra do Banco Master pelo BRB agora entra na fase de análise pelos órgãos reguladores, que devem examinar:

• A estrutura societária pós-aquisição;
• O impacto concorrencial no setor bancário;
• A capacidade financeira e operacional das instituições;
• Possíveis ajustes na governança para garantir conformidade.

A expectativa do BRB e do governo do DF é que o processo seja concluído ainda em 2025, com os novos dividendos já refletidos no orçamento do próximo exercício.

Imagem: Freepik e Canva