Misturar produtos de limpeza é um risco à saúde; entenda

Para quem busca uma faxina impecável, misturar produtos de limpeza pode parecer uma solução eficiente para potencializar a higienização da casa. No entanto, essa prática representa um risco grave à saúde. Muitas das combinações, que são comumente indicadas nos vídeos em plataformas de redes sociais, podem liberar gases tóxicos, provocar queimaduras químicas e até intoxicações graves.Paulo Engler, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), explica que a crença de que misturar produtos prometendo potencializar a eficácia na remoção de sujeiras é um mito perigoso.“Os saneantes industrializados passam por um rigoroso processo de pesquisa química e são submetidos a órgãos reguladores para garantir sua eficácia e segurança. Cada produto tem uma função específica – ele limpa, desinfeta ou desinfesta –, e qualquer mistura pode comprometer essa lógica e gerar efeitos colaterais indesejados”, afirma.Conteúdos relacionados:Faxina sem dor! Médico ensina como realizar tarefas domésticasAgentes Químicos: monitoramento deve ser contínuoEle lembra, ainda, os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que indicam, sobre o ano de 2021, mais de 91 mil casos de intoxicação por produtos sujeitos à vigilância sanitária foram registrados no Brasil. Uma parcela desses episódios teve como causa o uso inadequado e a mistura de substâncias químicas.“Esses realmente são os dados mais atuais que temos, mas nos orientam sobre a dimensão do problema. Dessas intoxicações provenientes dos produtos, muitos dos números acabam defasados porque algumas pessoas acabam não associando o quadro com essa atividade, que aparenta ser inofensiva”, considera.COMBINAÇÕESEntre as combinações mais comuns e perigosas, Engler destaca a mistura de água sanitária com vinagre. “Essa combinação pode formar gases tóxicos que, em ambientes fechados, podem causar sufocamento”, causando danos severos às vias respiratórias. Outra mistura arriscada é a de alvejantes com produtos que contenham amônia, o que pode resultar em substâncias altamente corrosivas para a pele, especialmente a mão, que está diretamente ligada ao processo de manuseio.Entre as principais recomendações estão: não misturar produtos de limpeza, sempre seguir as instruções dos rótulos, manter saneantes fora do alcance de crianças e animais e utilizar equipamentos de proteção, como luvas. Além dos riscos à saúde, muitas dessas soluções caseiras não cumprem seu papel de limpeza.“Na maioria dos casos, a pessoa acredita que está higienizando o ambiente porque vê a superfície brilhando, mas, na prática, não eliminou fungos, bactérias ou qualquer micro-organismo. Aqui [na Abipla], a gente brinca que a pessoa só está perfumando a bactéria”, frisa.Quer saber mais notícias de saúde? Acesse nosso canal no WhatsappCAMPANHASPara evitar esses acidentes, a Abipla, em parceria com o Conselho Federal de Química (CFQ), reforça o alerta e tem investido em campanhas educativas. Uma das iniciativas é o jogo de tabuleiro “Mistura Explosiva”, que simula as consequências da combinação errada de produtos domésticos. “Criamos um jogo físico que lembra o Banco Imobiliário, no qual os participantes ganham ou perdem pontos a depender das escolhas que fazem na limpeza”, comenta.Além disso, os órgãos utilizam os sites (abipla.org.br/institucional e cfq.org.br), redes sociais e as próprias embalagens de produtos para divulgar informações corretas sobre o uso seguro dos saneantes. Em casos de acidente, “a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox)”.ServiçoO número telefônico do CIATox é 0800-722-6001, que é um serviço Disque-Intoxicação, da Anvisa, e pode ser acessado gratuitamente. As chamadas são direcionadas para uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), que oferecem suporte especializado.