
O primeiro trimestre de 2025 foi marcado por uma forte volatilidade nos mercados financeiros, especialmente no segmento de criptomoedas. A posse de Donald Trump para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos provocou uma reação imediata nos investimentos globais, refletindo-se diretamente no desempenho do Bitcoin.
Desde janeiro, as medidas adotadas pelo novo governo, incluindo tarifas comerciais agressivas, interferências em conflitos internacionais e políticas econômicas controversas, geraram incertezas. Como resultado, o Bitcoin teve oscilações bruscas, indo de um recorde histórico de US$ 109.000 a uma mínima de US$ 76.000 antes de estabilizar-se na faixa de US$ 80.000.
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A influência da macroeconomia no mercado de criptomoedas

O impacto das políticas de Trump
As decisões do governo Trump tiveram impactos diretos sobre o mercado financeiro e o setor de criptomoedas. O aumento das tarifas de importação e exportação pressionou ainda mais uma economia que já enfrentava desafios, como a alta inflação. Essa conjuntura desfavorável contribuiu para a fuga de investimentos de risco, incluindo criptomoedas.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, destaca que “o primeiro trimestre foi muito conturbado não só para o Bitcoin, mas para todos os mercados. O S&P 500 caiu quase 5%, e o Nasdaq teve uma desvalorização superior a 8%. Isso indica uma pressão generalizada sobre ativos de risco.”
O papel da reserva estratégica de bitcoins
Durante sua campanha, Trump prometeu criar uma reserva estratégica de Bitcoin, o que gerou grande entusiasmo no mercado.
No entanto, ao assumir o cargo, os detalhes revelaram que essa reserva se basearia principalmente na retenção de ativos confiscados pelo governo, sem aquisição de novos Bitcoins. A expectativa inicial se dissipou rapidamente, levando a um enfraquecimento do otimismo no setor.
Ana de Mattos, analista técnica da Ripio, aponta que “embora a decisão tenha sido menos impactante do que esperado, ela representa um novo marco de legitimação institucional para o Bitcoin. Isso pode abrir espaço para futuras políticas mais favoráveis ao setor.”
O desempenho do bitcoin: Altos e baixos
Recorde e queda histórica
Janeiro foi marcado pela euforia com a posse de Trump, impulsionando o Bitcoin a um novo recorde de US$ 109.000. Contudo, a reação negativa do mercado diante das primeiras medidas do governo resultou em uma forte correção.
Fevereiro registrou uma queda de 20%, a maior desde junho de 2022, refletindo a crescente aversão ao risco por parte dos investidores.
Em março, o mercado mostrou sinais de estabilização, com o Bitcoin negociado próximo de US$ 82.700 no final do mês. No acumulado do trimestre, a criptomoeda registrou uma desvalorização de 10%.
Correlação com outros mercados
A queda do Bitcoin não aconteceu isoladamente. Outros mercados também sofreram com as incertezas globais. A bolsa americana apresentou perdas significativas, e a aversão ao risco dominou o sentimento dos investidores.
O que esperar para os próximos meses?
Possibilidades de recuperação
Apesar da volatilidade, analistas apontam que o Bitcoin pode retomar uma tendência de alta caso fatores macroeconômicos se ajustem. Entre os elementos decisivos está a política monetária do Federal Reserve (Fed). Caso o banco central dos EUA comece a reduzir as taxas de juros, poderemos ver um novo ciclo positivo para ativos de risco.
Fernandes ressalta que “se a inflação americana for controlada e o Fed iniciar cortes de juros, o Bitcoin tem potencial para mais uma pernada de alta”. No entanto, se o cenário atual persistir, “o mercado pode perder ainda mais fôlego e entrar em uma queda mais acentuada.”
Adaptação dos investidores
A incerteza ainda prevalece, mas investidores experientes já demonstraram capacidade de adaptação. No passado, períodos turbulentos foram seguidos por recuperações expressivas, e o mercado de criptomoedas pode seguir esse padrão novamente.
“Os investidores já viveram isso antes e, após um tempo, se adaptaram e ignoraram certos ruídos”, afirma Fernandes. “Ainda é cedo para exigir isso do mercado, mas essa dinâmica será determinante para os próximos movimentos do Bitcoin.”
Considerações finais
O primeiro trimestre de 2025 mostrou que a influência política continua sendo um fator determinante para o desempenho do Bitcoin. A volatilidade extrema do mercado cripto reflete a incerteza global, reforçando a importância de um olhar atento para os desdobramentos econômicos e monetários nos EUA.
Com a continuidade das políticas de Trump e possíveis mudanças no cenário macroeconômico, o Bitcoin pode enfrentar novos desafios e oportunidades. A chave para os investidores será a capacidade de interpretar o cenário e ajustar estratégias conforme o mercado evolui.