Compartilhar momentos tornam a arte ainda mais poderosa. Nas entrevistas do Festival de Curitiba desta terça-feira (01/04), artistas e equipe técnica conversaram com a imprensa sobre potências e encontros do teatro.
“A Velocidade da Luz”
O elenco de “A Velocidade da Luz” conta com 27 artistas, na maioria pessoas com mais de 60 anos. O diretor argentino Marco Canale já fez essa montagem em diferentes países com elencos locais. Para o Festival, foram convidados diversos participantes, desde atores consagrados até iniciantes. A peça traz uma “ficção conectada com uma luta da realidade”, definiu o diretor. Uma das participações é de Dona Mide, representante do fandango paranaense. Canale comentou sobre as similaridades entre os elencos de diferentes países: “Em comum, os idosos têm um medo de perder coisas que amam, como o teatro Nô no Japão e o fandango aqui. E têm ainda a fé, o canto e o amor.”
O espetáculo será apresentado nos dias 05 e 06, às 16h, na Praça Santos Andrade. Público e elenco se deslocam, ocupando espaços e dialogando com o dia a dia da cidade. “A rua aproxima o artista de quem mais precisa de arte”, o diretor afirmou, reforçando a necessidade de acesso à cultura. A entrevista encerrou com o elenco cantando, trazendo um pouco dos muitos talentos apresentados na peça.
“A Última Ceia”
Uma peça que acontece durante um jantar, “A Última Ceia” dialoga com imagens religiosas e representatividade. A montagem traz “pessoas em situação de vulnerabilidade querendo se expressar”, contou a atriz Suzy Muniz. O diretor João Turcho completou: “A peça fala sobre a gente de um modo que conecta com muitos públicos”. Usando a pintura “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, como referência. Interações com o público levam as pessoas a dançar e a jantar na ceia do palco.
A ligação da comida com o afeto e a comunhão dialogam com a própria vida do elenco. “Por vezes, a comida era necessária pra gente se reunir”, comentou Dourado. A reunião em torno da comida, feita com cuidado e compartilhada, traz diversos diálogos e possíveis relações com religião, mas também com a união.
Valorização da cultura
A manhã ainda teve diálogos com artistas paranaenses. Artistas londrinenses mostraram a importância dos diálogos da capital com outras cidades e suas produções.
O grupo Triolé faz parte do Circuito Independente do Fringe com “O Último Tranco”, inovando o formato da palhaçaria com uma peça que trata de luto. “A pandemia ainda ressoa”, contou Gerson Bernardes. Rogério Francisco Costa representou os londrinenses da Mostra Solos Para (Re)existir. Ele apresenta “Leno – Queria Nascer Flor”. Além de frisar a múltipla cena teatral do interior, destacou a necessidade de integrar as cenas: “É preciso ter um conhecimento mais ampliado do que acontece no estado”.
Dois espaços criados recentemente em Curitiba também reforçaram a importância de uma imprensa integrada aos movimentos culturais locais e estaduais. Júlia Dassi e Vick Napoli, diretoras da Síncope Casa de Cultura, e Mariana Venâncio Correia, da Garalhufa, comentaram sobre a intensa produção de escolas independentes de teatro e arte. “Curitiba tem virado esse polo artístico”, Júlia afirmou. O acesso a mais informações sobre a produção de teatro em Curitiba é essencial para a formação de público, Mariana opinou.
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