
Se você é Microempreendedor Individual (MEI) e está preocupado com as novas regras fiscais que entraram em vigor em 2025, saiba que essa atenção é mais do que válida. A partir de agora, a Receita Federal implementa mudanças que alteram a forma como os MEIs devem emitir suas notas fiscais, com a introdução do novo regime tributário CRT4, substituindo o antigo CRT1. Essas alterações fazem parte de um plano mais amplo de fiscalização e controle do faturamento dos microempreendedores.
Mas o que isso significa na prática? Como essas mudanças impactam diretamente o seu bolso? E será que os impostos vão realmente aumentar para quem é MEI? Vamos explicar tudo neste artigo, com detalhes sobre a nova legislação, os riscos, as projeções para o futuro e as estratégias recomendadas para se manter em dia com a Receita.
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O QUE É O CRT4 E POR QUE ELE FOI CRIADO?
Entendendo o novo código de regime tributário
A partir de 2025, todos os MEIs que emitirem notas fiscais eletrônicas serão obrigados a usar o CRT4 (Código de Regime Tributário 4). Antes, o código utilizado era o CRT1, que englobava todas as empresas do Simples Nacional, sem diferenciar os MEIs dos demais enquadrados.
Com a implementação do CRT4, a Receita Federal passa a distinguir com mais clareza as operações realizadas por MEIs em comparação a outras empresas do Simples Nacional. Na prática, isso facilita a fiscalização e permite maior controle sobre o volume de faturamento real desses empreendedores.
COMO A MUDANÇA NO REGIME PODE AFETAR O SEU NEGÓCIO?
Fiscalização mais rigorosa e controle de faturamento
Segundo Antônio Carlos Santos, presidente do Sescon (Sindicato das Empresas de Contabilidade), a nova regra representa uma ferramenta poderosa para a Receita identificar MEIs que ultrapassam o limite anual de R$ 81 mil – teto que não sofre reajuste desde 2018. Isso significa que quem vende mais do que o permitido pode ser automaticamente identificado e obrigado a mudar de regime tributário, com impactos diretos na carga de impostos.
O QUE ACONTECE SE O MEI ULTRAPASSAR O LIMITE DE R$ 81 MIL?
Aumento expressivo da carga tributária
O regime do MEI foi criado para desburocratizar e incentivar a formalização de pequenos empreendedores, com uma contribuição mensal fixa de cerca de R$ 80,00. No entanto, ao ultrapassar o teto de R$ 81 mil anuais, o MEI é obrigado a migrar para o Simples Nacional, e isso traz grandes consequências financeiras:
- Para comércios, o imposto mensal pode saltar para cerca de R$ 270,00
- Para prestadores de serviços, o valor pode subir para R$ 410,00
Esse aumento representa um salto de até cinco vezes mais na carga tributária, impactando diretamente o faturamento líquido dos pequenos negócios.
FALTA DE TRANSIÇÃO ENTRE MEI E SIMPLES NACIONAL PREOCUPA ESPECIALISTAS
O desafio da migração abrupta
Uma das maiores críticas apontadas por especialistas é que não existe uma transição suave entre o regime do MEI e o Simples Nacional. O empreendedor que excede o limite precisa mudar de regime quase imediatamente, enfrentando:
- Burocracia mais complexa
- Exigências contábeis e fiscais mais rigorosas
- Aumento substancial nos tributos
Essa mudança abrupta pode ser desafiadora, especialmente para aqueles que cresceram de forma orgânica e ainda não estão preparados para lidar com a nova realidade tributária.
MUDANÇAS FUTURAS: O QUE ESPERAR EM 2027?

Emissão de nota fiscal para pessoa física se tornará obrigatória
A Receita Federal já sinalizou que, a partir de 2027, todos os MEIs terão que emitir nota fiscal até mesmo para vendas realizadas a pessoas físicas. Atualmente, essa exigência se limita a transações com pessoas jurídicas.
Essa mudança representa um avanço no controle fiscal e tem como objetivo ampliar a arrecadação e combater a informalidade. No entanto, ela também pode:
- Aumentar a burocracia para os MEIs
- Tornar mais visível o faturamento total do negócio
- Acelerar o processo de identificação de quem ultrapassa o limite permitido
COMO OS MEIS PODEM SE PREPARAR PARA AS MUDANÇAS?
Estratégias para evitar surpresas com a Receita Federal
Diante das mudanças que já começaram em 2025 e das que virão em 2027, os MEIs precisam se planejar com antecedência para manter seus negócios sustentáveis. Veja algumas dicas práticas:
1. Avalie seu faturamento atual
Verifique se você está próximo ou já ultrapassou o limite de R$ 81 mil anuais. Lembre-se de que isso equivale a uma média mensal de R$ 6.750,00. Se seu faturamento está acima disso, você já pode estar em risco.
2. Consulte um contador de confiança
Ter apoio profissional é essencial para entender se a migração para o Simples Nacional pode ser feita de forma estratégica. Um contador também pode:
- Auxiliar no planejamento tributário
- Ajudar a reduzir impactos financeiros
- Explicar as obrigações futuras com clareza
3. Mantenha sua contabilidade em dia
Organize todas as suas notas fiscais, despesas e receitas. A regularidade na documentação ajuda a evitar autuações e garante mais segurança durante uma eventual mudança de regime.
4. Esteja atento às novas obrigações
Com a obrigatoriedade da emissão de nota para pessoas físicas se aproximando, comece a se adaptar ao processo desde já. Familiarize-se com sistemas de emissão e registre todas as transações.
MEI CONTINUARÁ SENDO UMA BOA OPÇÃO?

Apesar dos desafios, o MEI ainda é uma das melhores opções de formalização para pequenos empreendedores. O regime oferece:
- Baixo custo mensal
- Acesso a benefícios previdenciários
- Menos burocracia
- Facilidade para abrir conta PJ e acessar crédito
No entanto, com o crescimento do negócio, é preciso revisar periodicamente o modelo de tributação e considerar alternativas que sejam compatíveis com o novo porte da empresa.
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