A suspensão da chamada “taxa das blusinhas” gerou um impacto financeiro significativo nos Correios. A estatal, que já enfrentava dificuldades financeiras, registrou uma perda de arrecadação de R$ 2,2 bilhões em 2024 devido ao programa Remessa Conforme, que reduziu a alíquota do imposto de importação sobre compras internacionais.
O programa, criado pelo Governo Federal, buscava facilitar o comércio internacional para consumidores brasileiros, especialmente em compras de pequenos valores feitas em plataformas asiáticas. No entanto, a medida teve reflexos diretos nas receitas dos Correios, que são responsáveis pelo transporte de grande parte dessas mercadorias.
Leia Mais:
Valor esquecido do PIS/Pasep é liberado; veja se você tem direito!
O rombo bilionário nas contas dos Correios
Expectativa de arrecadação frustrada
De acordo com dados apurados pela CNN, os Correios estimavam arrecadar R$ 5,9 bilhões em 2023 com o transporte de compras importadas da China, caso o programa Remessa Conforme não estivesse em vigor. No entanto, com a redução da tributação, a estatal conseguiu arrecadar apenas R$ 3,7 bilhões, uma queda de 37% em relação à projeção inicial.
Em outra simulação, considerando os impactos do programa, a estatal ainda previa um faturamento de R$ 4,9 bilhões. Contudo, o valor final foi R$ 1,7 bilhão inferior à expectativa ajustada, demonstrando que as perdas foram mais severas do que o esperado.
Déficit preocupa Governo Federal
O prejuízo agravou a situação financeira da empresa, que encerrou o ano passado com um déficit de R$ 3,2 bilhões. O Ministério da Gestão e Inovação já havia demonstrado preocupação com os números dos Correios, destacando a estatal como uma das empresas públicas em maior dificuldade financeira.
A crise coloca em xeque a sustentabilidade da empresa e pode reacender discussões sobre uma possível privatização ou reestruturação para equilibrar as contas.
Presidente dos Correios aponta culpa no Remessa Conforme
Declarações no Congresso Nacional
Diante do cenário negativo, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, atribuiu parte do prejuízo ao impacto do programa Remessa Conforme. Durante um evento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios, realizado na Câmara dos Deputados em 26 de março, ele reforçou que a estatal sofreu com a redução da arrecadação prevista.
“O segmento internacional prejudicou o desempenho da empresa. A gente tinha uma expectativa de receita que foi frustrada, que se traduziu depois em prejuízo para a empresa”, afirmou Fabiano.
As declarações reacenderam o debate sobre a viabilidade do programa Remessa Conforme e seus impactos no setor logístico nacional.
O que esperar para os Correios em 2025?
Governo pode rever políticas tributárias?
Com a pressão crescente sobre as contas públicas e o déficit registrado pelos Correios, especialistas apontam que o governo federal pode reconsiderar algumas das regras do Remessa Conforme. Uma possibilidade seria a revisão da alíquota reduzida para compras internacionais, equilibrando os interesses dos consumidores e das estatais.
No entanto, qualquer mudança precisa ser cuidadosamente avaliada para evitar impactos negativos no comércio eletrônico, que se beneficiou da facilitação das importações.
Privatização volta à pauta?
A crise financeira dos Correios também pode reacender o debate sobre a privatização da estatal. Nos últimos anos, o tema tem sido discutido, mas sem avanços concretos. Com o prejuízo bilionário e a queda na arrecadação, setores do governo e do mercado podem voltar a pressionar por mudanças na estrutura da empresa.
Enquanto isso, os Correios precisarão encontrar alternativas para reequilibrar suas contas e manter sua relevância no setor de logística nacional.
Conclusão
A suspensão da “taxa das blusinhas” trouxe alívio para os consumidores brasileiros que fazem compras internacionais, mas representou um golpe financeiro significativo para os Correios. Com um prejuízo bilionário, a estatal enfrenta desafios que podem levar a revisões no programa Remessa Conforme ou até mesmo a discussões sobre sua privatização.
Diante desse cenário, os Correios também podem buscar novas estratégias para aumentar sua arrecadação, como a ampliação de serviços logísticos para o setor privado, parcerias com empresas de e-commerce nacionais e a modernização de suas operações para reduzir custos.
A digitalização dos serviços e a melhoria da eficiência operacional podem ser alternativas viáveis para mitigar as perdas e garantir a competitividade da estatal no mercado, evitando depender exclusivamente de mudanças tributárias para equilibrar suas contas.
O futuro dos Correios dependerá das decisões do governo e da capacidade da empresa de se adaptar a um novo cenário no comércio internacional.
Imagem: SERGIO V S RANGEL/ Shutterstock
