
A XP Investimentos elevou sua projeção para a inflação de 2026, passando de 4,5% para 4,7%. A principal justificativa para a revisão está nos impactos da reforma do Imposto de Renda, que pode pressionar os preços no médio prazo. Já para 2025, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi mantida em 6%, refletindo os desafios cambiais e estruturais da economia brasileira.
Se confirmadas, essas projeções indicam que a inflação permanecerá acima do teto da meta pelo terceiro ano consecutivo, ainda que os economistas enxerguem uma tendência mais clara de convergência para os objetivos do Banco Central a partir de 2027.
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Inflação de serviços continua pressionada

O economista Alexandre Maluf, da XP, ressalta que a inflação de serviços segue em patamar elevado, impulsionada pelo aquecimento do mercado de trabalho. Segundo ele, o núcleo desse segmento, considerando a média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada, gira em torno de 8%.
Além disso, a média das medidas de núcleo da inflação acelerou para 5,9%, o maior nível desde abril de 2023. Esse cenário reforça a visão de que os serviços continuarão a pressionar os índices de preços ao longo do ano, dificultando um alívio imediato na inflação geral.
Mercado de trabalho impulsiona preços
Um dos fatores que explicam essa resiliência é a manutenção do nível de emprego e a alta no Custo Unitário do Trabalho (CUT), que segue em trajetória ascendente. Isso significa que, mesmo com um ambiente econômico desafiador, os salários continuam a crescer, gerando maior demanda por serviços e, consequentemente, pressionando os preços.
Inflação de bens desacelera, mas com ressalvas
Por outro lado, o segmento de bens apresentou sinais de moderação na inflação em 2025, principalmente devido à valorização do real frente ao dólar. No entanto, a XP alerta que os preços no atacado continuam pressionados e podem impactar o IPCA ao longo do segundo trimestre.
Energia elétrica e combustíveis no radar
Outro fator de atenção destacado pela XP é o comportamento das tarifas de energia elétrica. Com as condições hidrológicas menos favoráveis, a casa passou a adotar a premissa de bandeira amarela para dezembro de 2025, o que deve adicionar 0,1 ponto percentual à inflação do ano.
Já no setor de combustíveis, a recente redução de 4,7% no preço do diesel pela Petrobras deve ter um impacto direto limitado sobre o IPCA. No entanto, os efeitos secundários, como o impacto sobre os custos logísticos e o preço de outros produtos, são considerados relevantes.
No caso da gasolina, a XP avalia que os preços estão próximos da paridade internacional, sem necessidade de reajustes significativos no curto prazo.
Revisão do PIB e impacto sobre a inflação

Além da análise sobre os preços, a XP também revisou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB), o que influencia diretamente as expectativas de inflação. Segundo Alexandre Maluf, a alta na projeção do crescimento econômico teria pressionado o IPCA, mas essa influência foi neutralizada pela surpresa baixista nas últimas leituras do índice.
“Tudo considerado, o recuo em nossa projeção de bens industrializados foi compensado pela adoção da premissa de bandeira amarela nas tarifas de energia elétrica. Além disso, a revisão que fizemos para o PIB implicaria alta na inflação, que foi virtualmente compensada pela surpresa baixista que tivemos nas últimas leituras do IPCA”, afirmou Maluf.
O que esperar para os próximos anos?
Apesar da manutenção da inflação acima da meta nos próximos anos, a XP vê sinais de melhora para 2027. A partir desse período, espera-se uma maior convergência do IPCA para os patamares definidos pelo Banco Central, à medida que os efeitos da política monetária forem absorvidos pela economia.
A incerteza, no entanto, segue elevada, especialmente em um cenário de transição de governo e possíveis novas mudanças fiscais e tributárias. Assim, a trajetória da inflação dependerá não apenas de fatores internos, mas também do comportamento do câmbio, das commodities e das decisões de política econômica nos próximos anos.
Com Informações de: MoneyTimes
Imagem: Lais Monteiro / Shutterstock.com