“O teatro é muito vivo”: último dia de entrevistas do Festival de Curitiba

A performance em cena traz diversas linguagens além do teatro. O Festival de Curitiba celebra essas vertentes com muitas apresentações, da dança e do circo até teatro de infláveis. A coletiva de imprensa deste sábado (05/04) abriu espaço para a discussão dessas performances.

“Trivial – Um Espetáculo de B-boys”

Dançarinos de break levam “Trivial – Um Espetáculo de B-boys” ao palco do Teatro da Reitoria. O espetáculo mostra o cotidiano de b-boys. Um dos destaques é o diálogo com uma b-girl, trazendo uma referência feminina e trazendo novos paradigmas pra cena break. “O break consegue atingir mais pessoas e ter mais representatividade”, contou b-girl Naju. O diretor e coreógrafo Driko Oliveira comentou ainda sobre o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, terra natal do Grupo n Amostra. Alguns espaços foram destruídos, e até colegas perderam a vida. As adversidades são superadas com cooperação. “No break, a gente pega muito na mão um do outro”, concluiu.

MishMash

A mostra MishMash, que ganhou sessão extra, vem conquistando um público fiel. O espetáculo reúne atrações de linguagens que passam pelo circo, do tecido ao malabarismo, até palhaçaria. “É um espetáculo de variedade, um cabaré para toda a família”, divide Ricardo Nolasco, diretor artístico da mostra. A equipe ainda ressaltou a importância da rua como espaço formativo de artes circenses e o difícil acesso a espaços públicos.

“Elefanteatro”

Curitiba é a primeira cidade do Sul a receber o “Elefanteatro” durante o Festival de Curitiba. A megaestrutura em forma de elefante passeia enquanto conta uma história. O objetivo, contou o diretor Eduardo Felix, era “construir algo que atraísse gente para a rua para tratar de imigração”. Como uma metáfora do “elefante na sala”, o grupo mineiro Pigmalião busca discutir questões de migração enquanto usa uma escultura feita de lixo, com 3,20 metros de altura. “O elefante é o resto do mundo”, o diretor complementou. Na peça, o animal vai resgatando pessoas que precisam ir embora.

Ele esteve em Marrocos, onde construiu outra escultura semelhante e tratou da imigração em uma região muito afetada por esta questão. Mas ela não está distante: o Brasil tem muitos imigrantes, e também migrantes. A relação entre quem precisa deixar sua terra natal ganha uma apresentação lúdica, que entretém crianças e desperta curiosidade em adultos. “É muito fácil se perceber migrante”, Felix afirmou, ressaltando a importância da peça em demonstrar “empatia e perceber o outro”.

“Dinossauros do Brasil”

Estruturas que vão de bonecos e cenários até um inflável constroem o habitat em “Dinossauros do Brasil”. A peça da companhia paulista Pia Fraus resgata os dinossauros do território nacional e os relaciona às músicas regionais de cada lugar onde foram encontrados. “O dinossauro provoca”, comentou o diretor Beto Andreetta, ressaltando o quanto os animais pré-históricos mexem com as crianças. A curiosidade e a busca por entender o mundo sob uma ótica mais científica são estimuladas com muita diversão no espetáculo.

Balanço

De tarde, os idealizadores do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz e Fabiula Passini, conversaram sobre o evento, fazendo um balanço das impressões. A expectativa de 200 mil espectadores foi atingida, segundo Knopfholz, e “as pessoas atingidas gostaram do que viram”. Muitas peças lotadas e a expectativa de que as companhias retornem à cidade marcam o impacto do Festival na cidade, para além das duas semanas de atrações. Com 33 edições, o evento conseguiu movimentar a cidade e deixar um legado. “A cena teatral na cidade está muito legal, e o Festival é um bom pontapé inicial”, Fabiula afirmou.

O Festival funciona como uma vitrine para as companhias locais e de outros estados, mas também movimenta o público. Um dos ideais do evento é a formação de plateia, e a ocupação de diversos espaços da cidade é um dos passos para alcançar esse objetivo.

Avesso

A última entrevista das coletivas de imprensa de 2025 contou com Heloísa Périssé e Marcelo Serrado. “Avesso do Avesso” é a primeira peça que a atriz apresenta no Festival de Curitiba, muito estimulada por Serrado que insistiu que ela tivesse a experiência de participar do evento. A peça traz diversas cenas de casais em momentos que brincam com o absurdo da inversão do lugar comum. “Buscamos um espetáculo provocativo e que cause um estranhamento, que não fosse uma comédia óbvia”, explicou.

Com duas sessões iniciais, a peça abriu mais duas extras. A dinâmica da dupla é o grande destaque de “Avesso do Avesso”. Mesmo prestes a subir no palco, os atores insistiram em continuar conversando com a imprensa mais um tempo, contando histórias e tirando sarro um do outro. “Nossas idiossincrasias conversam tão bem”, Heloísa contou. Marcelo comparou a dinâmica deles com os atores Dean Martin e Jerry Lewis, ícones da comédia em filmes norte-americanos dos anos 1950: “Eu deixo pra ela chutar, e ela chuta maravilhosamente”.

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