
O futuro da aposentadoria no Brasil tem gerado inquietação entre trabalhadores de todas as faixas etárias. O motivo? O crescente rombo na Previdência Social, que em 2024 ultrapassou a marca de R$ 326 bilhões, de acordo com dados do Tesouro Nacional. Com reformas que endurecem o acesso aos benefícios, incertezas sobre a sustentabilidade do sistema e o envelhecimento da população, confiar apenas no INSS pode não ser suficiente para garantir uma aposentadoria tranquila.
Nesse cenário, cresce o interesse por alternativas de investimento e planejamento de longo prazo. Afinal, garantir estabilidade financeira após décadas de trabalho exige preparo, disciplina e diversificação. A boa notícia é que existem opções acessíveis para quem deseja montar sua própria estratégia de aposentadoria.
A seguir, veja cinco estratégias práticas e eficientes para construir uma aposentadoria segura sem depender exclusivamente do governo.
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1. Comece a se planejar agora
O tempo é o seu maior aliado
A primeira e mais importante regra da educação financeira é simples: quanto antes você começar, melhor. O tempo potencializa o crescimento do seu dinheiro por meio dos juros compostos, também conhecidos como os “juros sobre juros”.
Exemplo prático
Uma pessoa que começa a investir R$ 300 por mês aos 25 anos e mantém esse valor até os 60 anos, com um rendimento médio de 0,8% ao mês, pode acumular mais de R$ 600 mil. Já quem começa com 40 anos e investe o mesmo valor, terá algo em torno de R$ 190 mil.
Mesmo que o valor poupado mensalmente seja pequeno, o importante é começar e manter a regularidade. A recomendação é destinar de 10% a 20% da renda mensal para esse fim, ajustando conforme sua realidade.
2. Considere a previdência privada
Uma alternativa complementar ao INSS
A previdência privada é um dos caminhos mais tradicionais para quem deseja complementar a aposentadoria pública. Ela funciona como um plano de longo prazo, no qual o investidor faz aportes periódicos para usufruir do valor acumulado no futuro.
Tipos de previdência
- PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): ideal para quem declara Imposto de Renda no modelo completo, pois permite deduzir até 12% da renda tributável. O imposto incide sobre o total resgatado.
- VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): recomendado para quem faz a declaração simplificada, pois o imposto recai apenas sobre os rendimentos. É mais flexível e também indicado para quem busca sucessão patrimonial.
Ambos os planos contam com regimes de tributação regressiva ou progressiva, e a escolha deve ser feita com base no tempo de aplicação e perfil do investidor.
3. Invista em ativos que geram renda passiva
Ganhe dinheiro mesmo na aposentadoria
Outra maneira eficaz de se preparar para a aposentadoria é investir em ativos que geram renda passiva, ou seja, que proporcionam ganhos sem a necessidade de trabalho ativo.
Opções recomendadas:
- Ações de empresas sólidas que pagam dividendos regularmente: ideais para quem quer construir uma carteira de longo prazo com foco em distribuição de lucros.
- Fundos Imobiliários (FIIs): esses fundos investem em imóveis comerciais e distribuem aluguéis mensalmente aos cotistas. Possuem isenção de imposto de renda para pessoa física, se cumprirem os requisitos legais.
- Tesouro IPCA+ com pagamento semestral: título público que protege da inflação e oferece pagamentos periódicos, funcionando como uma espécie de “salário” na aposentadoria.
Com o tempo, essa renda passiva pode se tornar uma fonte complementar ou até principal de receita durante a terceira idade.
4. Diversifique seus investimentos
Proteja-se dos riscos e aumente suas chances de retorno
Assim como na agricultura, onde não se planta apenas um tipo de cultura, no mundo dos investimentos a diversificação é essencial para reduzir riscos e aproveitar diferentes oportunidades de rendimento.
Exemplos de diversificação inteligente:
- Imóveis para aluguel: oferecem renda mensal e proteção contra inflação no longo prazo;
- LCIs e LCAs: isentas de imposto de renda e garantidas pelo FGC, são boas opções de renda fixa;
- Fundos multimercado ou de ações: oferecem exposição a diferentes ativos, com gestão profissional.
É importante equilibrar renda fixa e renda variável, considerando sempre o horizonte de tempo, sua tolerância ao risco e os objetivos de vida.
5. Conte com a ajuda de um profissional

Planejamento financeiro não é só para os ricos
Muita gente ainda acredita que consultar um especialista em finanças é algo restrito a grandes investidores. No entanto, cada vez mais brasileiros de classe média têm buscado orientação profissional para organizar sua vida financeira.
Um consultor financeiro pode ajudar a:
- Definir metas realistas;
- Escolher os investimentos mais adequados ao seu perfil;
- Avaliar riscos e oportunidades;
- Montar um plano de aposentadoria sob medida.
Existem, inclusive, opções de consultoria online com preços acessíveis, o que democratiza o acesso ao serviço e ajuda a evitar decisões equivocadas.
Por que confiar apenas no INSS pode ser arriscado?

Déficit crescente e reformas frequentes
O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) já apresenta um rombo superior a R$ 326 bilhões, e as projeções indicam um cenário ainda mais preocupante para as próximas décadas. Com o aumento da expectativa de vida e a redução da taxa de natalidade, o sistema enfrenta dificuldades em se manter sustentável.
Além disso, reformas previdenciárias recorrentes tornam as regras de aposentadoria cada vez mais rigorosas, com idade mínima crescente e valores reduzidos para muitos beneficiários.
Portanto, embora o INSS possa ser um dos pilares da sua aposentadoria, depender exclusivamente dele é uma aposta arriscada.
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