Iniciativas ajudam a combater o analfabetismo no RN


Uma das maiores dívidas do Brasil com a sociedade é retratada por quase 11,5 milhões de cidadãos que não sabem ler nem escrever. Iniciativas combatem o analfabetismo no Brasil
Uma das maiores dívidas do Brasil com a sociedade é retratada por quase 11,5 milhões de cidadãos que não sabem ler nem escrever. Mas a história tem mostrado que, além dos governos, esse desafio depende de apoio da própria sociedade. E isso fica muito claro nas iniciativas que estão combatendo o analfabetismo no Rio Grande do Norte, por exemplo.
A aposentada Rosa Maria Oliveira precisou de 84 anos para conseguir, de próprio punho, escrever a história dela:
“Desde pequenininha, já tinha que trabalhar. Com muita dificuldade, não tinha oportunidade da escola frequentar”.
Há oito décadas, encontrar um professor na zona rural de Lucrécia, a 430 km de Natal, só se fosse particular.
“Só botavam o menino na escola se tivesse com o que pagar. Às vezes não tinha, né? Se no mês tinha um dinheiro, pagava. No outro, já não tinha. Aí o menino já não ia mais para escola”, conta Rosa Maria.
O marido, o aposentado Adelson Maia de Oliveira, recorda o quanto foi difícil garantir a educação dos filhos:
“Nós dois fizemos muito esforço, mesmo na época com dificuldade, sem poder, mas a gente fez muito esforço. E eles têm aquela vontade de estudar também”, diz.
Todos fizeram faculdade eles. Missão cumprida? Não para a Rosa. A mudança do campo para a cidade reacendeu o desejo de se alfabetizar. Toda noite, ela frequenta as aulas da EJA – Educação de Jovens e Adultos, modalidade implementada por estados e municípios e orientada pelo MEC – Ministério da Educação. Na sala de aula, encontrou histórias parecidas.
Iniciativas ajudam a combater o analfabetismo no RN
Jornal Nacional/ Reprodução
A taxa de analfabetismo calculada no último censo do IBGE no Rio Grande do Norte é de 13,9%. Isso é quase o dobro da média nacional, que é de 7%. A maior parcela das pessoas não-alfabetizadas tem 65 anos ou mais.
É o caso da maioria dos alunos do professor Clóvis Leite, que se reúnem de segunda a sexta, todas as noites, com o intuito de aprender. O aposentado Miguel Arcanjo de Miranda está prestes a sair dessa estatística.
“Tem muito nome que eu digo aqui, mas tem nome que eu fico atrapalhando e não digo”, diz Miguel Arcanjo.
A Secretaria de Educação do estado afirma que, em 2021, implantou uma política de superação ao analfabetismo, atendendo 10 mil pessoas e, em 2025, em parceria com o MEC, vai promover a educação de jovens e adultos nos 177 municípios potiguares.
“A gente vê, em cada um, no rostinho de cada um, que eles sentem prazer em estar no ambiente de sala de aula”, diz o professor Clóvis Leite.
O professor Derivaldo da Silva já esteve do outro lado. Chegou a abandonar os estudos. Hoje, dá aula nos locais onde trabalhou.
“Eu vejo, assim, a história voltando na minha mente, porque eu acredito, eu sempre acreditei que a educação transforma, a educação muda”, afirma Derivaldo da Silva.
Iniciativas ajudam a combater o analfabetismo no RN
Jornal Nacional/ Reprodução
Três vezes por semana, os operários de uma construção estudam ali mesmo, no canteiro de obras. A construtora libera os colaboradores para algo que dificilmente eles conseguiriam fazer ao fim da jornada. O auxiliar de encanador João Batista de Sena é um exemplo disso.
“Eu quero estudar porque, futuramente, eu queria ser um encarregado, mas através do estudo. A gente só pode ser alguma coisa através do estudo”, afirma João Batista.
O auxiliar de encanador Mateus Henrique de Oliveira estudou até o ensino médio. Com as aulas no canteiro de obras, ele se preparou para o exame de admissão da principal instituição de ensino técnico do estado, o Instituto Federal do Rio Grande do Norte.
“Fiz a prova e, graças a Deus, graças aqui, eu consegui passar e hoje eu faço o curso técnico de segurança do trabalho”, conta Mateus Henrique de Oliveira.
Repórter: Para vocês é um motivo de orgulho?
Mateus: É um motivo de orgulho.
LEIA TAMBÉM
Taxa de analfabetismo cai em todas as faixas etárias, diz IBGE
Taxa de analfabetismo entre indígenas é o dobro da média nacional, aponta Censo 2022
Adicionar aos favoritos o Link permanente.