
O Governo Federal implementou uma mudança significativa na forma como famílias unipessoais serão inseridas nos programas sociais Bolsa Família e Auxílio Gás. A nova diretriz, anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), determina que a inclusão ou atualização de dados dessas famílias no Cadastro Único (CadÚnico) será feita exclusivamente por meio de entrevistas domiciliares.
A medida tem como objetivo principal reforçar o controle de qualidade das informações prestadas pelos beneficiários, garantindo que os recursos públicos sejam aplicados de forma mais justa e precisa.
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Mudanças no Cadastro Único visam combater fraudes e garantir justiça social

As novas regras representam um marco no esforço do Governo Federal para tornar o sistema de assistência social mais eficiente e confiável. De acordo com o MDS, a decisão de tornar obrigatórias as entrevistas domiciliares para famílias unipessoais — aquelas compostas por apenas um membro — busca evitar fraudes e identificar com maior precisão quem realmente precisa do auxílio.
Contexto da medida
Nos últimos anos, o número de cadastros de famílias unipessoais teve um crescimento expressivo, levantando suspeitas sobre a veracidade de parte das informações registradas no CadÚnico. Especialistas apontam que esse formato pode ser utilizado indevidamente para dividir artificialmente núcleos familiares e, assim, multiplicar o acesso aos benefícios sociais.
Com as entrevistas presenciais, o governo pretende verificar a real condição dos solicitantes, confirmando não apenas a composição familiar, mas também as condições socioeconômicas informadas.
Como os municípios devem se preparar para a nova exigência
A implementação dessa nova política exige uma reestruturação por parte das prefeituras, especialmente das equipes que atuam no Cadastro Único e na assistência social. A necessidade de enviar profissionais às residências dos beneficiários implica custos adicionais, planejamento logístico e capacitação específica.
Orientações da FECAM
A Federação de Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina (FECAM) tem alertado os gestores municipais sobre a urgência de se adaptarem à nova exigência. Em nota, a entidade destacou a importância de reestruturar equipes, alocar recursos e buscar apoio de associações regionais para enfrentar os desafios operacionais da medida.
Estratégias recomendadas
- Capacitação das equipes de campo: Os entrevistadores precisarão estar treinados para realizar visitas eficazes, respeitando critérios técnicos e éticos.
- Mapeamento logístico: A organização prévia das áreas a serem visitadas é essencial para evitar deslocamentos desnecessários e garantir a cobertura de toda a demanda.
- Apoio intermunicipal: A união entre municípios pode facilitar a contratação de profissionais e otimizar os recursos disponíveis.
Desafios logísticos e operacionais das visitas domiciliares
A principal dificuldade enfrentada pelos municípios será a logística das visitas. Regiões rurais, comunidades em áreas remotas ou com pouca infraestrutura podem exigir deslocamentos longos e complicados, o que demanda veículos, combustível e mais tempo das equipes.
Além disso, há a preocupação com a segurança dos trabalhadores e com a receptividade das famílias. Será necessário um trabalho prévio de conscientização e comunicação para que os beneficiários compreendam o novo processo e colaborem com as entrevistas.
Recursos limitados dificultam execução
Muitos municípios de pequeno porte operam com equipes enxutas e orçamento limitado, o que pode dificultar a implementação imediata da nova política. Para esses casos, a busca por parcerias com consórcios regionais e o apoio do Governo Estadual podem ser saídas viáveis para garantir a continuidade do atendimento às famílias vulneráveis.
Impactos esperados com a nova regra do CadÚnico

A expectativa do Ministério do Desenvolvimento Social é que a medida contribua para uma distribuição mais justa dos recursos públicos, reduzindo as fraudes e priorizando quem realmente se encontra em situação de vulnerabilidade social.
Melhoria da qualidade dos dados
Com a verificação presencial, os dados inseridos no CadÚnico tendem a se tornar mais precisos. Isso é fundamental não apenas para o Bolsa Família e o Auxílio Gás, mas também para outros programas sociais que utilizam o Cadastro como base, como a Tarifa Social de Energia Elétrica e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Confiança da população e eficiência do sistema
Ao reforçar os mecanismos de controle, o governo também busca recuperar a confiança da população nos programas sociais. A transparência e a verificação das informações tendem a fortalecer a percepção de que os benefícios estão sendo concedidos com justiça e responsabilidade.
Considerações finais
A decisão do Governo Federal de exigir visitas domiciliares para a inclusão de famílias unipessoais no CadÚnico marca uma mudança relevante na gestão das políticas sociais brasileiras. Embora represente um desafio logístico considerável, especialmente para os municípios, a medida promete maior eficiência na destinação dos recursos públicos e mais justiça social.
Com planejamento, capacitação e o apoio entre diferentes esferas de governo, os municípios poderão superar os obstáculos e garantir que os programas cheguem, de fato, a quem mais precisa.
Se bem executada, a nova diretriz poderá servir de modelo para outras ações de combate à fraude e melhoria da qualidade nos dados dos beneficiários de políticas públicas no país.
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