
A Starlink, empresa de internet via satélite liderada por Elon Musk, apresentou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um ousado plano de expansão que pode mudar os rumos da conectividade no Brasil.
A companhia pretende lançar 7.500 novos satélites de baixa órbita para ampliar sua atuação no território nacional. A proposta será avaliada pela agência reguladora no dia 3 de abril de 2025, e promete levar internet gratuita para milhões de brasileiros já no segundo semestre do ano.
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O plano de expansão e seus objetivos

A missão da Starlink no Brasil
Criada pela SpaceX, a Starlink foi desenvolvida com o objetivo de levar internet de alta velocidade a regiões carentes de infraestrutura. O Brasil, com sua vasta extensão territorial e dificuldades logísticas em áreas remotas, é um dos países que mais se beneficiariam com a proposta. Segundo especialistas do setor, a adição de 7.500 satélites à rede já existente da empresa pode garantir uma cobertura robusta, capaz de alcançar zonas rurais, comunidades ribeirinhas e até mesmo regiões indígenas isoladas.
A avaliação da Anatel
A solicitação da Starlink foi formalmente entregue à Anatel no início de 2025 e será avaliada no próximo dia 3 de abril. A expectativa é de que a agência dê parecer favorável, considerando os benefícios sociais da proposta. No entanto, questões técnicas, como interferência com outras redes e o gerenciamento do espaço orbital, também estão em análise.
Como funciona a internet via satélite da Starlink?
Tecnologia de baixa órbita
Diferente de outras tecnologias de internet via satélite que utilizam órbitas geoestacionárias, a Starlink opera com satélites em órbita terrestre baixa (LEO). Isso reduz significativamente a latência — o tempo que um sinal leva para ir e voltar do espaço —, proporcionando uma experiência mais próxima da internet via fibra óptica.
Essa tecnologia inovadora permite que o sinal de internet seja transmitido diretamente para antenas receptoras instaladas em solo, sem a necessidade de infraestrutura terrestre convencional, como postes, cabos ou centrais de dados.
Lançamento da internet gratuita
A empresa prevê o lançamento do serviço de internet gratuita no Brasil a partir de julho de 2025. Inicialmente, o acesso estará disponível por meio de dispositivos móveis compatíveis, sem a necessidade de contratar planos tradicionais. A ideia é oferecer uma conexão básica e emergencial, voltada a garantir acesso à informação, comunicação e serviços públicos essenciais.
Dispositivos compatíveis com o serviço gratuito
Para utilizar o serviço gratuito da Starlink, será necessário possuir um smartphone compatível com o protocolo de conexão via satélite. O usuário também deve ativar a função de internet móvel por redes emergenciais nas configurações do aparelho.
Modelos compatíveis confirmados até o momento
Apple
- iPhone 14 e modelos posteriores
- Pixel 9
Motorola
- Modelos lançados a partir de 2024
Samsung Galaxy
- Galaxy A14
- Galaxy A15
- Galaxy A16
- Galaxy A35
- Galaxy A53
- Galaxy A54
- Série Galaxy S21 e posteriores
A lista poderá ser atualizada conforme novos aparelhos forem lançados e homologados. A compatibilidade depende da presença de antenas específicas e da capacidade de conexão com redes LEO.
Impactos da expansão no Brasil

Redução da exclusão digital
A ampliação da cobertura promovida pela Starlink pode representar um marco no combate à exclusão digital no Brasil. Estima-se que mais de 40 milhões de brasileiros ainda não têm acesso regular à internet, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Com a chegada do sinal via satélite, essas populações poderão ter acesso à educação a distância, serviços de saúde online e oportunidades de trabalho remoto.
Estímulo à concorrência no setor
Além de promover inclusão, a entrada mais agressiva da Starlink no mercado brasileiro pode estimular a concorrência. Empresas nacionais que hoje dominam o setor de telecomunicações deverão investir mais em infraestrutura, qualidade e preços para manter sua base de clientes. Isso pode resultar em melhoria dos serviços e redução de tarifas para o consumidor final.
Preocupações regulatórias e ambientais
Por outro lado, o projeto levanta algumas preocupações. A operação de milhares de satélites em órbita baixa aumenta o risco de colisões espaciais e pode interferir com outras missões científicas. Há ainda o desafio de garantir que a Starlink respeite normas brasileiras de proteção de dados e direitos do consumidor, especialmente com a oferta de um serviço gratuito.
Futuro da conectividade no Brasil
A proposta da Starlink marca uma nova fase na história da conectividade brasileira. Ao levar internet onde antes era impossível chegar, o projeto promete integrar comunidades, transformar realidades e ampliar horizontes sociais e econômicos. No entanto, é essencial que essa inovação caminhe junto com uma regulamentação eficaz, que garanta segurança, qualidade e acesso igualitário para todos os brasileiros.
Conclusão
A decisão da Anatel em abril poderá abrir as portas para uma revolução digital no país. Com 7.500 novos satélites prontos para entrar em operação, a Starlink pretende não apenas expandir sua presença, mas também democratizar o acesso à internet no Brasil. Resta agora acompanhar os desdobramentos dessa proposta ambiciosa — e seus efeitos no dia a dia de milhões de cidadãos.
Imagem: Freepik e Canva