Nos últimos anos, o Bitcoin deixou de ser apenas um ativo alternativo e passou a fazer parte de discussões no alto escalão da economia global. A recente declaração de Natasha Cazenave, diretora da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA), ressalta uma preocupação crescente: até que ponto a criptomoeda pode ameaçar o sistema financeiro tradicional?
Apesar de o mercado cripto ainda ser considerado pequeno, sua crescente interconexão com bancos e fundos de investimento levanta questionamentos sobre sua estabilidade e possíveis impactos em momentos de crise. Mas o que isso significa para o futuro do mercado financeiro?
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Criptomoedas e o crescimento acelerado no mercado global

Atualmente, os criptoativos representam cerca de 1% dos ativos financeiros globais, mas sua evolução é rápida. Em 2024, o mercado mais do que dobrou de tamanho, alcançando 3,3 trilhões de euros.
O caso do Bitcoin
- O Bitcoin teve uma valorização de quase 140% em 2024, atingindo um recorde histórico de US$ 100 mil;
- Sua adoção tem aumentado entre investidores institucionais, o que pode representar uma nova dinâmica para sua estabilidade.
Apesar disso, a ESMA alerta para a volatilidade extrema do mercado cripto, que sofreu uma queda de 20% no primeiro trimestre de 2025, reforçando a preocupação com possíveis impactos no mercado financeiro tradicional.
Adoção institucional e regulatória das criptomoedas
O crescimento dos investimentos institucionais em Bitcoin é um dos principais fatores que impulsionam sua interação com o setor financeiro tradicional.
Aumento da exposição bancária
- 95% dos bancos europeus ainda não operam com criptomoedas, mas essa realidade está mudando com o avanço da regulamentação;
- A ESMA destaca que 10% a 20% dos investidores de varejo da União Europeia já possuem algum tipo de criptoativo.
Os ETFs de Bitcoin e sua influência no mercado
A chegada dos ETFs de Bitcoin revolucionou a forma como os investidores tradicionais acessam o mercado cripto.
- Em 2024, os ETFs americanos de Bitcoin atraíram 34 bilhões de euros em investimentos;
- Fundos de pensão e instituições financeiras passaram a incluir criptoativos em seus portfólios.
A interconexão crescente entre esses setores é um dos principais fatores que preocupam os reguladores europeus. Se uma grande crise abalar o mercado cripto, os impactos podem se espalhar para o sistema financeiro tradicional.
Crises geopolíticas e a influência no mercado cripto
O Bitcoin muitas vezes é visto como um ativo descentralizado e imune às políticas governamentais, mas eventos recentes mostram que ele não está isolado das tensões globais.
A guerra comercial entre EUA e Europa
A recente decisão do ex-presidente Donald Trump de taxar produtos europeus em 20% gerou uma reação imediata da União Europeia, que ameaça retaliar com tarifas de 25%.
- Esse cenário já causou impactos no mercado de ações, pressionando bolsas pelo mundo;
- Enquanto isso, o Bitcoin luta para se manter acima dos US$ 80.000, em meio às incertezas.
Stablecoins e os riscos ao sistema financeiro
Embora stablecoins sejam vistas como ativos mais seguros dentro do mercado cripto, a ESMA alerta para um risco oculto:
- Elas são majoritariamente lastreadas em títulos do Tesouro americano.
- Uma corrida por liquidez pode gerar pressão nesses ativos, afetando a estabilidade financeira global.
Bitcoin: Uma ameaça ou uma nova oportunidade?

A preocupação dos reguladores é válida, mas também há um contraponto importante: o Bitcoin pode representar uma nova alternativa ao sistema financeiro tradicional.
Aumento da adoção global
- Países como El Salvador adotaram o Bitcoin como moeda oficial;
- Empresas como Tesla e MicroStrategy têm parte de seus balanços em BTC.
Resiliência do mercado cripto
Apesar das oscilações, o mercado cripto tem mostrado capacidade de recuperação rápida após quedas acentuadas. Isso levanta uma questão fundamental: o Bitcoin será um risco sistêmico ou se consolidará como uma alternativa confiável ao sistema financeiro tradicional?
Considerações finais
A declaração de Natasha Cazenave reforça a importância de monitorar o crescimento das criptomoedas e sua interação com o mercado financeiro. O Bitcoin já não é mais uma tendência passageira; é um fator real dentro da economia global.
Se ele se tornar uma ameaça ou uma oportunidade depende da forma como governos, bancos e investidores reagirem ao seu avanço. Mas uma coisa é certa: o debate sobre a interseção entre criptomoedas e o setor financeiro tradicional está apenas começando.