
Com o lançamento do programa Crédito do Trabalhador, os brasileiros com carteira assinada passam a ter acesso a uma nova linha de financiamento com condições mais vantajosas, utilizando parte do saldo do FGTS como garantia. A iniciativa entrou em vigor no dia 21 de março e pode ser contratada diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital ou por instituições financeiras habilitadas.
A medida é parte dos esforços do governo federal para ampliar o acesso ao crédito, reduzir os juros e combater o superendividamento dos trabalhadores. Saiba a seguir como funciona, quem pode contratar e quais são os cuidados necessários antes de aderir ao programa.
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Como funciona o Crédito do Trabalhador

O Crédito do Trabalhador é uma linha de crédito consignado voltada para empregados da iniciativa privada, registrados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A grande inovação está no uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia, além da possibilidade de incluir 100% da multa rescisória em caso de demissão.
Contratação 100% digital
A solicitação do crédito é feita de forma digital pelo app Carteira de Trabalho Digital, disponível para Android e iOS. O trabalhador informa o valor que deseja tomar emprestado e o sistema apresenta diversas propostas de instituições financeiras, permitindo a comparação de taxas de juros, prazos e condições.
Funciona como um leilão de propostas, permitindo que o trabalhador escolha a melhor opção com base no Custo Efetivo Total (CET), principal indicador do real custo do empréstimo.
Desconto direto no salário e juros menores
Uma das principais vantagens do Crédito do Trabalhador é a taxa de juros reduzida. Como o risco da operação é menor devido à garantia do FGTS, as instituições podem oferecer condições mais atrativas que as praticadas em linhas tradicionais de crédito.
Pagamento via eSocial
As parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento via sistema eSocial, com limite de até 35% do salário mensal. Isso garante ao credor maior segurança e, ao trabalhador, mais controle sobre os compromissos assumidos.
Caso o trabalhador mude de emprego, mas continue com vínculo CLT, o contrato permanece válido. O desconto segue sendo feito normalmente, o que assegura a continuidade do pagamento e evita inadimplência.
Quem supervisiona o programa?
A supervisão do programa ficará a cargo do Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado, que poderá definir limites máximos para as taxas de juros, regulamentar as condições dos contratos e garantir que as regras sejam cumpridas por bancos e instituições financeiras.
Essa governança tem como objetivo proteger o trabalhador e garantir que o programa não se torne uma nova fonte de endividamento excessivo.
A partir de abril: possibilidade de migrar dívidas
Uma das funcionalidades mais esperadas do novo programa é a migração de dívidas existentes para o modelo com garantia do FGTS. A partir de 25 de abril, trabalhadores que já possuem empréstimos consignados poderão renegociar os contratos atuais, transferindo o saldo devedor para o novo formato — geralmente com juros mais baixos e prazos mais longos.
Recomendação para quem está endividado
Segundo Letícia Camargo, planejadora financeira certificada pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), o crédito pode ser uma alternativa viável para quem enfrenta dificuldades financeiras, como dívidas no cartão de crédito ou cheque especial.
“Para imprevistos, quando não há uma reserva de emergência, essa linha consignada com garantia do FGTS é mais indicada que outras opções de crédito pessoal”, destaca a especialista.
Aposentados e trabalhadores devem comparar opções

Para aqueles que estão aposentados e continuam trabalhando, Letícia ressalta que é possível ter acesso a outras modalidades de crédito consignado, como as vinculadas ao benefício do INSS, que geralmente oferecem taxas ainda mais baixas que o crédito com garantia do FGTS.
A recomendação é comparar as propostas com atenção ao CET, e jamais comprometer mais do que se pode pagar com segurança. “Evite usar esse recurso para cobrir despesas corriqueiras do dia a dia”, alerta.
Como acessar a Carteira de Trabalho Digital?
Para contratar o crédito, o trabalhador precisa ter a Carteira de Trabalho Digital ativa. Veja como fazer:
Passo a passo para emissão
- Acesse o portal Gov.br;
- Informe os dados pessoais: CPF, nome completo, data de nascimento, nome da mãe e estado de nascimento;
- Responda ao questionário com perguntas sobre seu histórico profissional;
- Crie sua senha definitiva após receber a provisória;
- Baixe o aplicativo Carteira de Trabalho Digital no celular (Android ou iOS) ou acesse pelo navegador.
A versão digital é gerada automaticamente e já está disponível para todos os cidadãos com CPF válido, mesmo que nunca tenham tido vínculo formal de trabalho.
Imagem: Freepik e Canva